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VINNIE HACKER

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

Era estranho ter outra pessoa na minha casa

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Era estranho ter outra pessoa na minha casa. Especialmente ela. Era estranho vê-la levantar-se do sofá, pousar o copo de água sobre a mesa e se aproximar casualmente de uma das pinturas que eu tinha pendurado na parede de ligação da sala com a cozinha americana, com olhos atentos. 

Era uma representação abstrata de um ponto colorido em meio ao horizonte, próximo ao mar. Predominantemente vermelho, naquele tom de alizarina, mas com outras cores a cercá-lo.  Para qualquer pessoa que observasse a cena, toda disforme e sem muito sentido, veria apenas um quadro colorido, com alguma menção ao mar. Para mim, o significado era um pouco maior.  Lívia aproximou-se ainda mais da pintura, focando na assinatura, para a qual ela olhou umas duas vezes.

—  "É sua?" — perguntou, virada para mim, muito surpresa.  Assenti. Não tinha motivos para esconder, mas aparentemente a surpreendi.  Movimentando a boca enquanto desenhava no ar o sinal específico da palavra, Lívia disse:

—  "uau". — Eu deveria me sentir muito bobo por isso, mas um sorriso tímido surgiu no meu rosto, e eu enfiei as duas mãos nos bolsos, voltando os olhos para o chão. Era uma porcaria de ego falando mais alto, mas era uma delícia ter exatamente aquela mulher apreciando exatamente aquele trabalho. 

Aproximou-se de outro quadro, um que pintei de Van Gogh há uns dois anos. Minhas pinturas não eram realistas, porque eu já trabalhava com formas muito definidas nos meus quadrinhos, mas aquela era mais próxima do muso inspirador, embora houvesse alguns elementos menos óbvios , algumas cores que faziam o observador imaginar que o doce cachorro estava em meio a um cenário de Alice no País das Maravilhas ou qualquer coisa assim. 

— "Você é muito talentoso" — comentou.

— "Trabalha com isso?" 

— "Mais ou menos".  — Não era a minha intenção soar misterioso, mas também não queria mentir. Eu não vendia minhas pinturas em si; elas eram como um hobby. Mas também não podia  mostrar os quadrinhos para ela, porque seria extremamente constrangedor. Foi a pior e a melhor decisão que tomei quando decidi criar aquela personagem. 

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora