Capítulo 53 🖤

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Eu não sentia nada.

Minha mente em branco.

Meu coração estava frio.

Eles disseram que eu estava em choque. Eles disseram que eu não
deveria estar em choque. Dois dias. Dois dias foram suficientes para
eu aceitar e voltar à realidade, mas não o fiz.

Eles não entenderam.

Nenhum deles sabia o tipo de dor que eu estava sentindo, e era uma dor que nunca poderia ser descrita. Há apenas dois dias, acordando nos braços de alguém que amava e não conseguindo conter a felicidade que sentia, foi um instante em minha vida em que soube com absoluta certeza que tudo que eu
conhecia, amava e contava era prestes a mudar.

E assim foi.

Meu pai estava morto.

Enquanto eu estava em outro país curtindo minha vida, meu pai deu seu último suspiro. Sozinho. Não havia ninguém perto dele. Não sei se doeu. Eu não sabia se ele havia chamado meu nome. Se ele estivesse desejando que eu estivesse lá com ele. Enquanto
ele estava morrendo, eu ria. Enquanto ele dava seu último suspiro, eu sorria.

Tantas coisas que eu gostaria de ter mudado...

Cada vez que fecho meus olhos, tudo que vejo é meu pai morrendo sem ninguém ao seu lado. Lembrei-me de voltar para casa com Beth chorando e se desculpando por algo que eu não tinha ideia. Lembrei-me de ficar
paralisada quando ela me contou como meu pai morreu e ela sempre
estaria lá para mim.

Nenhuma palavra saiu da minha boca.

Eu nem mesmo senti os braços de Mason me envolvendo enquanto Beth continuava a soluçar. Quase desejei encontrar consolo nisso.

Não havia nada para me confortar, parecia que o fim do mundo havia chegado. Parecia particularmente ofensivo que o mundo continuasse girando, que o sol estivesse brilhando enquanto meu pai continuava morto.

Não conseguia imaginar um mundo sem ele, uma vida que não o incluísse.
Todos esperavam que eu chorasse. Eu não chorei. Era uma mentira, eu dizia a mim mesma, tinha que ser, uma
brincadeira cruel que alguém tinha pregado em mim, e a qualquer minuto meu celular tocaria e eu ouviria a voz de papai. Quando Athena veio, ela chorou com Beth. Eu estava deitada na cama, apenas olhando para a parede. Eles tentaram me fazer falar e chorar, mas meu corpo parou. Eu sabia o quão importante era em um momento como este estar cercada de amigos. Mas nenhuma das duas sabia como era a morte de um ente querido. Era impensável, insuportável, um choque e uma dor grandes demais para suportar.

Era impossível absorver o que havia acontecido. Eu não conseguia nem imaginar dizer as palavras. A parte mais difícil veio; os preparativos do funeral.

Como não fui capaz de fazer nada. Mason, com a ajuda de Beth,
assumiu a responsabilidade de providenciar para que tudo fosse
arranjado para o funeral.

Eu não consegui pisar fora do meu quarto. Muitas pessoas que conheciam meu pai ligaram, mas eu não atendi, e quando eles continuaram ligando. Mason levou o celular com ele.

E quando Leah veio, a mãe de Beth, ela não conseguia parar de chorar o tempo todo que esteve ali. Ela ficava dizendo o quanto lamentava e como sabia que eu não poderia viver sem ele. Que ela me amava e outras coisas das quais não conseguia me lembrar.

O dia do funeral tinha sido ainda pior porque, a cada hora que passava, tornava-se real. Nunca tinha sentido tanta dor na minha vida.

Eu sabia que a casa ficaria lotada de gente, então tranquei a sala e me recusei a sair. Me recusei a dizer adeus. Eu não estava chorando ainda, mas meu coração batia tão forte
que pensei que fosse explodir. Eu não conseguia nem lembrar o que
aconteceu depois.

O Segredo de MasonOnde histórias criam vida. Descubra agora