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Cheryl Blossom

Segui a minha rotina matinal de sempre, com a exceção de que precisei deixar o café da manhã de Toni e Foca no galpão. Após isso, pego o meu carro e sigo diretamente para a Stonewall. Tenho uma prova de física avançada no primeiro horário e preciso trancar a minha inscrição no clube de teatro.

Desde o início do ano que estou fazendo teatro, mas tem se tornado cansativo desde então. Não me identifiquei com a arte e não tenho me destacado o suficiente para conseguir papéis principais. Como não sou o destaque principal, como costumo ser, prefiro desistir. Não desistir, apenas uma tentativa de esvaziar a minha carga horária.

Assim que termino a prova, concluo o cancelamento da minha inscrição. Posso finalmente comer de forma tranquila na companhia dos meus melhores amigos. Pego a minha mochila e sigo para o refeitório, encontrando com Betty e Kevin na nossa mesa. Estranhamente, Verônica não está presente. Não é comum ver a latina faltando.

- Cadê a Ronnie?- pergunto, colocando minha bandeja em cima da mesa.

- Não sei, não a vi hoje.- Betty responde sem tirar os olhos do celular- Mas deve ter algo a ver com um achado inusitado da polícia na cidade.

- Achado inusitado?- franzo as sobrancelhas- Isso é algum tipo de código?

- A polícia andou fazendo buscas por Riverdale, devem ter encontrado mais algum serpente ferido.- Kevin diz sem importância.

Comemos em silêncio desta vez, já que Betty está concentrada demais no seu aparelho celular. Kevin parece estar no mundo das nuvens e desconfio que tenha algo a ver com a noite passada. Não faço ideia do que aconteceu entre ele e Foca quando os deixamos sozinhos, mas não imagino coisas tranquilas.

- Senhorita Cheryl Blossom?- ouço a voz feminina e tranquila de Olivia, a secretária do diretor DuPont- Pode me acompanhar, por favor?

Olho para a mulher e noto a sua expressão séria. No mesmo instante, um frio estranho percorre toda a minha espinha, o que me deixa assustada. Todos do refeitório estão com os olhos vidrados em mim, assim como Minerva, que parece ainda mais nervosa. Temo que a garota esteja mais assustada que eu mesma.

Olivia me leva até a sua sala e me entrega um telefone fixo. A mulher não diz mais nada, então me vejo na obrigação de falar com quem quer que esteja do outro lado da linha.

- Alô?- falo receosa.

- Cheryl, querida.- reconheço a voz do meu pai- Fico aliviado que esteja bem.- ouço o homem respirar fundo.

- Eu estou na escola, é óbvio que não estou bem.

- Não é o momento certo para brincadeiras, filha. O assunto é sério.- me mantenho em silêncio, esperando que o homem continue- Os policiais encontraram dois serpentes na nossa propriedade. Disseram que...

No instante em que ouço tais palavras serem pronunciadas da boca do meu pai, meu coração congela. Ele para. Todo o meu corpo para. Minhas mãos ficam trêmulas ao ponto de mal fixarem o telefone na minha orelha. Todas as palavras que são ditas depois não passam de um sussurro. Volto a prestar atenção quando Olivia estrala os dedos bem a minha frente. Isso é o suficiente para me trazer de volta à realidade.

- Como encontraram eles?- interrompo a fala do meu pai.

- Sua mãe e eu estamos indo para a delegacia agora mesmo. Venha conosco, já conversei com o diretor DuPont sobre a sua saída antecipada.

- Chego em menos de cinco minutos.

Não espero que o meu pai se despeça, apenas afasto o telefone da orelha e entrego a Olivia. Jogo a minha mochila sobre o ombro direito e saio as presas da secretaria, esbarrando com Kevin no final do corredor. Ao notar a minha expressão nervosa e perceber que não vou parar para falar com ele, o garoto acompanha os meus passos apressados.

The end of RiverdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora