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Cheryl Blossom

Segunda-feira

Acordo mais feliz que nunca antes. Saio para correr às 5:30 da manhã, tomo um banho quente e demorado quando retorno para casa, visto o uniforme da Stonewall, arrumo a minha mochila e me preparo para descer para tomar café da manhã. A casa está em silêncio, o que é de se apreciar.

O sorriso não sai do meu rosto um segundo sequer. Decido fantasiar um dia perfeito e sem conflitos, ignorando completamente o sentimento estranho que cresce na boca do meu estômago. Desço as escadas e entro na cozinha, tendo a pior visão de todas. Tudo bem, posso estar exagerando um pouco, mas é algo de se assustar. Os meus pais estão sentados na nossa mesa de jantar, com xícaras de café nas mãos e sorrisos brilhantes no rosto.

- Bom dia, meu amor!- a voz alegre e irritante da minha mãe invade os meus ouvidos- Como foi o seu final de semana?

- Como assim vocês já estão de volta?- questiono, vendo o rosto confuso do meu pai.

- Imaginei que ficaria surpresa com a nossa volta.- Clifford sorri, tirando alguns papéis da sua maleta e jogando-os sobre a mesa- Conseguimos as assinaturas da papelada antes do que pensamos e pegamos o primeiro voo para casa. Estava com saudades?

- Muita...- falo em tom seco.

Tomo o café da manhã um pouco desanimada, mas agora sei o que aquele sentimento ruim significava. Dirijo para a escola pelo mesmo caminho de sempre, ouvindo "Here with me" que está tocando no aplicativo de músicas. É estranho, mas me sinto pesada. Pressentimentos como esse sempre aparecem quando algo de ruim vai acontecer. Normalmente, costumo segui-los e tomar cuidado com cada passo dado, mas hoje estou determinada a ignorá-lo.

Quando chego na escola, sigo para o meu armário e deixo alguns livros que ficaram na minha mochila durante o final de semana, trocando pelos que usarei nas aulas do dia. Vou para a sala de aula e tenho a sensação de que todos aqui estão me encarando. Alguns alunos me olham com terror no rosto, outros com medo, alguns até com nojo. Costumam me olhar sempre, mas nunca dessa forma.

Assisto aos dois primeiros horários com tranquilidade. Realizo as correções de algumas atividades, troco mensagens com as minhas amigas e fico de bobeira. Quando o sinal toca para a troca de professores, vou para o corredor e ouço o meu nome ser chamado nas caixas de som espalhadas pela escola.

- Cheryl Marjorie Blossom, dirija-se a sala do diretor DuPont.- a voz mecanizada da secretária soa- Cheryl Marjorie Blossom, dirija-se a sala do diretor DuPont.- ela repete.

Sob o olhar dos alunos ali presentes, sigo para a sala do diretor. Preciso esperar alguns minutos, já que o senhor DuPont está com outro aluno no momento. Espero mais oito minutos, até que a porta se abre e por ela passa Minerva, que está sendo acompanhada do diretor. Os olhos da garota estão vermelhos e cheios de lágrimas. Minerva carrega um lenço na mão direita e o seu celular na esquerda. Quando me vê, abaixa o rosto e sai a passos apressados.

- Senhorita Blossom, entre, por favor.- acompanho o homem que entra na sala e fecha a porta- Sente-se.- faço o que o diretor pede, sentando-me a sua frente- Imagino que a nossa conversa será um pouco longa, então tomei a iniciativa de avisar aos seus professores sobre a sua ausência nas próximas aulas do dia.

- Fiz alguma coisa, senhor DuPont?- decido ir direto ao ponto, odeio enrolações.

- Minerva Marble acabou de fazer uma denúncia de assédio sexual contra você.- o homem cospe as palavras no meu rosto, deixando-me chocada- Ela veio até nós em apuros e mostrou provas concretas de que tem perturbado a vida da garota.

The end of RiverdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora