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Cheryl Blossom

Acordar depois de ter tomado um pé na bunda é sempre a pior parte. Principalmente quando é preciso encarar um dia inteiro lotado de aulas, reuniões e treinos. Tudo isso exige dedicação da minha parte, coisa que não estou podendo dar nesse momento.

Assim que abro os olhos, demoro cerca de quinze minutos para levantar da cama. Não saí para correr esta manhã. Acordei apenas uma hora depois do costume, às 6:30 em ponto. Com toda a enrolação, acabei indo tomar banho apenas às 6:50. Quando o relógio bate 7:00, ainda estou terminando de escolher a roupa do dia.

Fico sem paciência e pego a primeira muda de roupas que vejo a minha frente, sendo elas o uniforme horrível da Stonewall. Deixo os saltos vermelhos de lado e escolho um par de tênis brancos para o dia. Deixo os meus cabelos soltos, por mais que não estejam do jeito que eu gosto. Por fim, pego a mochila e desço para tomar café da manhã.

Dou o azar de encontrar os meus pais ainda na mesa. Pensei que, por ser um pouco tarde, os dois já teriam saído para trabalhar e eu poderia comer em paz. Mas os encontro sentados, degustando de um café forte e conversando aos sorrisos.

- Cheryl?- minha mãe olha para a entrada da cozinha- O que ainda está fazendo em casa?

- Acabei me atrasando, então vou tomar café da manhã.- sento na mesa e começo a me servir.

- Saiu para correr esta manhã?

- Não.

- Está com os olhos inchados...- minha mãe leva a mão ao meu rosto, mas desvio do seu toque- Estava chorando?

- Não, mãe. Apenas estou cansada.

Apesar de algumas perguntas serem direcionadas a mim, preferi não respondê-las e continuar comendo. Quando me sinto satisfeita, jogo novamente a mochila sobre o ombro e saio da cozinha sem cumprimentar os meus pais. Pego a chave do carro e dirijo até a escola, local em que desejo estar distante no momento. Infelizmente, não posso fugir. O senhor DuPont segue as regras rigidamente e com certeza notaria a minha falta.

Deixo o meu carro no estacionamento e sigo para dentro da escola. Não vejo os meus amigos logo de cara, o que acabo agradecendo. O meu humor não está dos melhores para conversar no momento. Deixo alguns livros no armário e substituo outros cadernos, partindo para a laboratório de Biologia.

Essa aula foi a mais tediosa que eu já tive o desprazer de assistir. A minha mente está a mil e tudo em que consigo pensar é em Toni. Por mais que a garota tenha me machucado com as suas terríveis palavras, ainda sinto a sua falta e me preocupo com ela. Pergunto-me onde Toni está e se já foi liberada da delegacia. Quem está cuidando dos ferimentos espalhados pelo seu corpo? Tudo não passa de perguntas sem respostas.

O horário da aula de matemática será dedicado para uma atividade extracurricular da qual eu não participo, então decidi ir para a biblioteca descansar um pouco a mente. Pego uma das mesas mais afastadas e coloco o meu notebook sobre a mesa, tirando também os fones de ouvido.

Não tenho tempo para começar a assistir, pois Minerva surge e senta na cadeira a minha frente. Estranho seu aparecimento repentino. Estranho ainda mais quando a garota não fala nada e fica apenas encarando as próprias mãos sobre a mesa. O silêncio se torna agoniante, ainda mais com a sua expressão de poucos amigos.

- Há algo de errado com você?- pergunto de uma vez.

- Cher, me desculpa.- espero que algo a mais seja pronunciado, mas isso não acontece.

- Te desculpar pelo quê?- quando Minerva finalmente me encara, vejo os seus olhos marejados.

- Fui eu quem denunciei os serpentes que estavam no seu galpão.- fecho o notebook lentamente, encarando-a firmemente- O Kevin falou comigo hoje de manhã e agora tenho consciência da burrada que fiz. Pelo seu rosto, percebo que também está muito triste pelo que aconteceu. Sinto muito que tenha...

The end of RiverdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora