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Cheryl Blossom

O papo está ótimo e a presença deles está sendo realmente agradável. Nosso lanche chega e nós comemos, ainda ouvindo a conversa paralela entre Betty e Jughead. Eles estão contando como se conheceram e o garoto nos atualizou um pouco sobre como andam as coisas por aqui.

Os serpentes pretendem continuar em Riverdale e manter a cidade viva. Eles ganham dinheiro com os caminhoneiros que ainda possuem rota pela estrada solitária, quando param para abastecer e consomem algo no Pop's. Decidiram fechar os postos de gasolina da região para poupar o álcool, afinal, eles precisam bastante.

Os mercados estão cercados e ninguém pode pegar comida sem permissão. A energia vai realmente acabar, mas eles pretendem manter tudo como antigamente, a base de lanternas, velas ou fogueiras.

- Lembro de todos os anos que passei em Riverdale e não me recordo de você, Jughead.- Verônica solta depois de um bom tempo em silêncio.

- Bom, você e o seu pai quase me atropelaram uma vez, foi nesse momento que tivemos o nosso primeiro contato.- ele fala com tranquilidade, como se aquilo fosse uma coisa que acontecesse casualmente- Outro dia nos encontramos nos corredores da escola e você derramou café em mim.

- Eu ao menos pedi desculpas?

- Não mesmo.- Verônica fica constrangida. Jughead desvia o seu olhar e se concentra em mim- Já você, nos encontramos no ginásio.- ele continua falando, dando um sorriso nostálgico- Eu estava tirando fotos das Vixens para o Blue and Gold e você me expulsou de lá, me acusando de assédio sexual.- todos olham para mim, como se estivessem me julgando.

- Não me olhem assim, o meu motivo é o único justificável. Todos vocês foram chatos com ele sem motivo algum.- me defendo, vendo os amigos dele soltarem uma breve risada- Além do mais, os treinos eram privados.

- Eu concordo com ela.- Jughead dá um sorrisinho- E o Archie? Ele ainda faz parte do grupo?

- Não sabemos ainda.- Betty fala com um pouco de tristeza na voz- Ele continua praticamente o mesmo, mas nos abandonou pelos meninos do time.

Não aguento mais esse papo, basicamente está apenas entre Betty e Jughead. Apoio o meu cotovelo na mesa e a minha cabeça na mão. Olho para a outra ponta da mesa e encontro o olhar da menina de cabelos rosa. Ela está com um sorriso curto nos lábios, apenas ouvindo com atenção a conversa do amigo.

Continuo encarando-a, tentando decorar os pontos do seu rosto. Foi uma péssima ideia, por que ela vira o rosto e me encontra encarando-a feito uma maluca. Desvio o meu olhar timidamente e pego o refrigerante de cereja, tomando um pouco do líquido adocicado. Olho rapidamente para ela, apenas para ter a certeza de que ela ainda me olha. Assim que nossos olhares se encontram, a garota me encara de cima a baixo e morde o lábio disfarçadamente, sorrindo de forma contida e desviando o olhar novamente.

Ela está flertando comigo? Puta merda, essa garota está flertando comigo?

- Nós temos que ir, a reunião termina em cinco minutos.- Kevin fala enquanto olha o celular.

- Que reunião?

- Reunião do conselho, provavelmente novas medidas serão adotadas em Sunnyvale.- Verônica levanta, nos impulsionando a levantar também- Foi um prazer conhecer vocês, espero que possamos nos encontrar algum dia.

- Vocês podem vir aqui sempre que quiserem, é só combinar e nós pegamos vocês na divisa.- Jughead fala com simpatia.

- Divisa?- pergunto, totalmente confusa.

- Sim. A divisa entre Riverdale e Sunnyvale.- ao ver nossas caras confusas, Jughead pergunta- Se não conhecem a divisa, como chegaram aqui?

- Por um buraco no muro.- Betty entrega, levando um cutucão de Verônica.

- Betty, você tem o meu número. Mande uma mensagem que combinamos isso diretinho.

Nos despedimos de todos, saindo do Pop's e voltando para o muro. Passamos pelo buraco, certificando que ninguém nos viu saindo. Continuamos andando até o estacionamento, voltando para os nossos carros.

- Betty, o que foi aquilo?- Verônica pergunta assim que paramos.

- Aquilo o que?- a garota pergunta confusa.

- A sua amizade de anos com um serpente!- ela praticamente grita- E você ainda falou sobre o buraco! Meu Deus, eles vão invadir Sunnyvale e roubar tudo que temos.

- Ronnie, conheço o Jughead há muito tempo, sei que não virão roubar nossas coisas.- Betty defende o amigo- Acha que se eles quisessem mesmo nos roubar, já não teriam conseguido? Os serpentes sabem de uma divisa e possuem fácil acesso a essa cidade.

- Chega de briga!- eu intervenho- Vamos para casa, depois falamos sobre isso. De preferência, em um lugar que não seja público e que os nervos não estejam a flor da pele.

- A Cheryl tem razão, vamos embora.- Kevin me ajuda, acalmando um pouco a situação- Circulando!

As duas bufam em harmonia e vão embora, uma para cada lado. Como meus pais estão fora, Kevin vai dormir na minha casa, então ele voltará comigo. Entramos no carro e dirijo até em casa. Entramos pela porta da frente e logo somos interrogados por Ben, que parecia estar a minha espera.

- Demorou bastante, senhorita Blossom.- Ben usa seu tom acusador.

- Eu sei, estava me divertindo demais com o meu amigo.

- Vou avisar aos seus pais que chegou.- ele pega o celular e olha para Kevin- O seu amigo não vai embora?

- Não, ele vai dormir aqui.- informo a Ben.

- Seus pais não me avisaram que traria o seu namorado hoje.

- Namorado?- Kevin questiona, soltando uma gargalhada muito alta- Ben, eu sou gay! Não sei como não percebeu, nem me esforço para esconder. Literalmente, arco-íris expelem do meu corpo.

Ben nos encara, talvez tentando decidir o que fazer. Puxo Kevin pelo braço e nós subimos, deixando-o para trás. Não ligo se os meus pais brigarem comigo quando voltarem, mas eu preciso passar essa noite com Kevin e contar a ele o lance com a garota cobra.

Não troco de roupa, apenas me jogo na poltrona vermelha encostada na parede e sorrio um pouco ansiosa. Ele deixa as coisas de lado e se arruma para deitar, mas ao ver o meu estado, Kevin para e senta a minha frente.

- O que aconteceu?

- Sabe a amiga do Jughead, de cabelo rosa?

- Conta tudo!

Ele fala pausadamente, ficando mais confortável na cama. Me preparo e começo a contar tudo, desde o primeiro olhar, até a última palavra dita.

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The end of RiverdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora