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Cheryl Blossom

Ter que explicar a Toni o por quê de estar ali com malas para passar muitos dias foi a pior parte. A cada palavra que saía da minha boca, era uma expressão diferente que surgia no seu rosto. Toni abriu a boca em surpresa, arregalou os olhos, franziu as sobrancelhas e entortou a boca. Tudo isso em um tempo mínimo de dois minutos quando descrevi o que aconteceu dentro do tribunal.

Não me sinto completamente confortável em abrir a minha vida desprezível para alguém que estou conhecendo. Basicamente, joguei um balde de água fria em cima de Toni, a pessoa que estou beijando a menos de um mês. Tenho certeza absoluta que ela não vai querer me ver depois que toda essa confusão terminar.

- Por isso me evitou a semana inteira?- Toni pergunta assim que termino a história.

- Em parte, sim.- admito- Mas também estava envergonhada com essa situação. Não queria que me visse no fundo do poço.

- Cher, estou te vendo no fundo do poço.- a garota joga as palavras na minha cara como se não fossem nada- Você fugiu da sua casa e está dentro de um trailer em uma cidade abandonada. Os seus pais não aceitam a sua sexualidade e mataram o seu irmão, mesmo que indiretamente. Você está no fundo do poço e recorreu a mim para te ajudar.

- Sabia que estaria te incomodando com isso.- levanto do sofá e alcanço a minha mochila, fazendo menção em ir embora. Antes que conclua o ato, Toni segura a minha mão e me puxa de volta para o sofá.

- Não esperou eu terminar de falar.- ela diz com calma- Fico muito feliz que tenha vindo para cá. Ver que procurou a mim em um momento como esse é reconfortante. É sinal que confia em mim.

- Eu confio em você, Toni.- a morena se aproxima e sela os nossos lábios em um selinho. Deveria ser rápido, mas eu prolongo o ato. Toni dá continuidade, mas assim que faço menção em invadir a sua blusa com as mãos, a garota me para- O que foi?

- Desculpa, não podemos transar agora.- a encaro com confusão- Cher, você passou por uma semana longa e muito conturbada. Tudo que faria se estivesse no seu lugar, seria chorar.

- Eu não quero chorar.- engulo em seco ao sentir as lágrimas surgirem repentinamente. Isso é estranho.

- Amor, o seu irmão morreu. Está tudo bem chorar até esgotar todo o estoque de água do seu corpo.- ela fala com calma, o que faz o meu coração saltar e errar as batidas.

- Ai, meu Deus. Agora quero chorar por que me chamou de amor.- respiro fundo, puxando as lágrimas de volta para a minha goela.

- Chamei?- ela parece constrangida, então trato de deixá-la relaxada.

- Chamou.- me aproximo de Toni e subo no seu colo, passando os braços ao redor do seu pescoço- E fico muito feliz por ter me chamado assim.

- Isso são lágrimas nos seus olhos?- ela sorri ao notar os meus olhos lacrimejados.

- São sim.- sorrio, sem controlar o choro que está por vir- Mas não sei dizer se estou chorando pela minha semana de merda ou por ter alguém como você para me dar apoio.

Toni não responde, apenas me puxa para um abraço desajeitado. Não nos separamos, apenas enfio a minha cabeça na dobra do seu pescoço e me desmancho em um choro desesperado. Choro por tudo que perdi. Choro pela audiência inútil que me rendeu horas de ansiedade. Choro por perder Jason e por não ter tido a chance de vê-lo antes de partir. Choro por perder a minha família. Família ruim, mas não deixam de ser sangue do meu sangue.

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Passei a tarde inteira chorando no colo de Toni. Parte foi no sofá, mas parei de chorar para beber água e dispersar um pouco a mente. Quando fomos para o quarto descansar um pouco, lembrei de Jason e voltei a chorar desesperadamente mais uma vez. A todo momento, Toni ficou ao meu lado e me abraçou. Estar nos seus braços é muito melhor que abraçar o travesseiro quando chorava no meu quarto.

The end of RiverdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora