Capítulo 9

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Viviane foi ao quartel.

Ela e os amigos estavam reunidos na mesa de madeira enquanto um soldado embaralhava as cartas do baralho de Beverly.

-Você sumiu essa semana, o que andou fazendo?- Noah tomou um gole da água.

-Andei ocupada.

Houghton pegou as cartas que o soldado lhe entregou.

-Você parece estar de mau humor.

Beverly pegou as cartas e encarou a amiga.

-Tsc. Os mimados da faculdade me deixam irritada.

-Tem certeza que é só isso?

Viviane parou de mexer as cartas e suspirou.

-A uma série de outras coisas que não estou com a menor disposição de falar, a semana vai ser longa e eu preciso do pouco da minha paciência.

-Você está tensa Vivi- observou o soldado que recebeu um olhar de aviso do capitão.

-São tempos difíceis.

-Bom, já percebi que você não vai falar mais nada- disse o capitão.

-Que tal você ir lá em casa hoje de noite? Seu cabelo precisa de retoque- Beverly puxou uma carta da pilha.

-Não vai ser preciso- ela descartou uma carta- a cada dia que passa tenho certeza que não verei mais aquela mulher- concluiu com desgosto.

-Você teve uma manhã péssima para estar com esse humor- observou o rapaz.

A garota deu de ombros e encarou as cartas a mão.

-A semana passada também não deve ter sido a melhor- disse Beverly. -Estava doente? Suas olheiras sempre ficam mais fundas quando adoece.

Viviane encarou o reflexo no bebedouro ao lado, os sulcos debaixo dos olhos estavam mais profundo do que se lembrará, sua pele pálida estava mais apagada que o normal.

-Sem querer ser grosseiro, mas você tá que nem bandeira de pirata, só o pano e a caveira.

Os três encararam o soldado que ergueu as mãos.

-Austin se você já acabou pode sair daqui- o capitão ficou sério.

O soldado saiu da mesa sem fazer nenhum ruído. Os amigos continuaram jogando.

-Espero conseguir convencer aquele mimado a fazer o trabalho em dupla- murmurou a garota.

-Por que insistir tanto se parece que já está sem paciência com ele?- perguntou Beverly.

-Ela tem fraco por gente perdida- disse Noah.

Viviane o encarou de sobrancelha arqueada.

-Por que diz isso?

-Não pode negar, me ajudou quando fiquei órfão, e foi a única que colocou alguma fé no Austin na época da escola, ele também era um riquinho mimado.

-É diferente- resmungou a jovem.

-Mas não deixa de ser verdade.

-Você está falando demais, espero que esteja atento às cartas.

Noah suspirou e colocou as cartas a mesa, Beverly o encarou cansada.

-Vivi, eu sei que tem algo de errado com você e não quer falar nada, mas somos seus amigos- o rapaz a encarou com dor -nada me deixa mais frustrado do que não conseguir te ajudar- confessou.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora