Capítulo 10

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Viviane desenhava sentada na arquibancada.

Passou os últimos dias evitando falar muito com os amigos da faculdade, e havia ficado surpresa com José no último dia de trabalho, ele a levou a uma pista de skate. A garota ficou atônita quando o viu tirando o skate da mala do carro e indo para a pista prendendo o capacete na cabeça. Ela acabou sentando numa das arquibancadas e puxou o caderno de desenhos, no dia anterior o homem foi a uma escalada, Raul estava lá também, mas não viu o avô ou a garota. No fim da tarde ela havia terminado o desenho e começou a pintar na tela ali mesmo, alguns jovens a observavam com curiosidade, ela usou a técnica de pintura a óleo sob tela para a pintura, José ficou ali até ela terminar horas depois, uma skatista estava no último degrau da arquibancada e olhava para tela fascinada. Os jovens na pista pararam para admirar a tela com a imagem de José.

O senhor ficou feliz com o resultado, eles saíram tarde da pista, o senhor a levou até a padaria que a conheceu e pediu dois croissants com suco. Assim que o salgado chegou à mesa a garota abocanhou o salgado com gosto.

-Sua pintura de hoje- José a encarou -com quantos anos aprendeu aquela técnica?

-Com 12, uma vez vi uma artista na rua fazendo.

-Aprendeu apenas olhando?- o homem ficou atordoado.

-Eu não tinha como praticar na época, mas dava um jeitinho uma vez ou outra.

-Impressionante.

José tomou um gole do suco, foi quando percebeu que Viviane ficará pálida de repente, mas descobriu o porquê tarde.

-Se passar o relógio nada acontece com a garota ou você- disse o homem segurando a arma contra a cintura do homem.

O outro homem estava sentado ao lado da garota e segurava uma arma próximo ao pescoço da garota.

-Aqui não é a área de Danco- murmurou a garota para os homens.

José a encarou desnorteado, o homem ao lado dela pressionou a arma.

-Você não tem o direito de falar já que ainda deve muito a ele. O último aviso não bastou?
Viviane desviou o olhar.

-Passe o relógio e ninguém precisa se machucar.

O Vallauri tirou o relógio do pulso e pôs a mesa. A garota ficou enjoada. O homem ao lado do senhor pegou o relógio e ficou de pé, o homem ao lado da jovem sussurrou ao ouvido dela:

-Danco está cada vez mais impaciente, quer ver o dinheiro dele o mais rápido possível.
Ela ficou muda, o homem riu e saiu com o capanga. José encarava a jovem que suava e tremia.

-Viviane...

-Eu preciso ir ao banheiro.

A garota ficou de pé e, aos tropeços entrou na padaria, seguindo em direção ao banheiro, assim que abriu um dos compartimentos seu corpo ficou mole e ela vomitou, estava enjoada e com falta de ar. O corpo da garota tremia e ela deslizou pela parede até o chão, tentava controlar a respiração e se demorou fazendo isso. Quando ficou mais calma e o estômago sem nada, ficou de pé e lavou o rosto. Ao sair do banheiro ainda estava pálida e os lábios ressecados, isso não passou despercebido pelo Vallauri.

-Podemos ir?- a voz da garota era quase inaudível.

-Você está bem?

A garota balançou a cabeça, não queria responder, não ousaria mentir. E José entendeu, deixando uma gorjeta a mesa foi até o carro com a garota. O caminho até a casa dele foi silencioso, quando o carro passou pelos portões a garota suspirou em alívio. Ela entrou primeiro e foi direto para o quarto, precisava de um banho, apenas aquilo a acalmava. Ainda com roupa ela foi para debaixo do chuveiro.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora