Capítulo 21

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Ao fim da manhã a faculdade estava quase vazia, a maioria dos alunos havia ido embora. Raul foi direto para um supermercado, comprar bebidas e petiscos para a festa da noite, Olívia o acompanhou inquieta. Warren ajudava Annabel a pegar os descartáveis em uma loja ao lado do mercado.

Na faculdade Tayler e Edith estavam ansiosos, não encontraram a colega e sequer pensaram em ir à enfermaria, onde a garota ainda dormia sob o olhar cuidadoso de Dolores e do olhar cético do professor de Comunicação Visual.

-Não sabe o que aconteceu com ela?

O homem de cabelos grisalhos e estatura mediada cruzava os braços com a testa enrugada.

-Mesmo que eu soubesse não te contaria Hill. Como profissional devo manter o sigilo.

O professor suspirou.

-Ela é a melhor aluna que tenho, e quando a vi sair tão pálida da sala, fiquei preocupado.

-Eu compreendo, apenas posso dizer que ela ficará bem.

-Por que pôs o soro?

Dolores observou o líquido pingando dentro da bolsa transparente.

-Ela estava desidratada- ela encarou o professor. -Se está preocupado com a recuperação dela, vá até o refeitório e traga algo para ela comer quando acordar.

O homem assentiu assustado com o olhar da mulher, saiu da enfermaria sem fazer nenhum ruído.

Viviane começava a despertar lentamente, quando abriu os olhos piscou duas vezes e sentou na maca massageando a têmpora, Dolores se aproximou da garota que agora observava a agulha na veia, passando a olhar o soro e logo depois a mulher.

-Como se sente?

-Melhor- disse com a voz rouca, ela tossiu e encarou a enfermeira. -Que horas são?

-Meio dia.

A garota balançou a cabeça e passou a mão pelo pescoço, à garganta estava seca e irritada. Hill chegou poucos minutos depois, com uma bandeja, havia uma tigela de sopa fumegante nela acompanhada de um copo de suco, o homem entregou a bandeja a Viviane que piscou surpresa. Dolores pôs a mão no ombro da garota.

-Coma e depois vá para casa- ela colocou uma cartela de remédios na bandeja. -Leve isto e tome quando se sentir enjoada.
Dolores ficou de pé e puxou o professor pelo braço para o lado de fora. Viviane encarou a sopa de carne e suspirou, pegou a colher e começou a comer, quando terminou agradeceu aos céus pela refeição, quando pegou o comprimido notou que havia outra cartela debaixo, pequena e com apenas cinco comprimidos, a garota começou a chorar quando viu qual era o medicamento. Não aguentava encarar a realidade que vivia, ela saiu da maca e pegou a bolsa saindo da sala branca com pressa. Dolores se espantou ao ver toda dor no rosto da garota, mas não a seguiu impedi-la de partir.

Houghton foi para o beco, puxou a garrafa de água e pegou um dos comprimidos.

A pílula do dia seguinte ardeu na garganta da garota que tomou toda água da garrafa, ela enxugou as lágrimas do rosto e arrumou as coisas no buraco do beco, encostou a cabeça na parede e encarou o céu, o azul apagado com as nuvens brancas acalmou a jovem. Ela abraçou a mochila sentindo algo afiado perfurar a pele do braço, havia uma pequena lâmina engatada no tecido, ela tirou o pedaço cortante e o encarou tentada. Da última vez que tentará acabar com a própria vida fora impedida por Olga, e desta vez não foi diferente, a mais velha chegou ao beco usando os mesmos farrapos da última vez, a sacola branca pendurada no braço e o pano cobrindo os cabelos sujos. Olga correu e segurou a mão da garota impedindo-a de fazer algo.
Viviane chorou novamente, desta vez com a raiva sufocando a angústia.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora