Viviane não dormiu naquela noite, estava tendo pesadelos e suava bastante.
O relógio ainda marcava 2h, ela sabia que não conseguiria dormir e levantou-se. Sculler havia a deixado num quarto do segundo andar, diferente da casa rústica de José, a mansão era sofisticada, o branco e o preto se misturavam entre as paredes e no teto da casa havia um tom de cinza, as escadas de ardósia polida brilhavam com o reflexo da lua. Houghton admirou os detalhes da mansão e foi para o lado de fora, estava usando um top por debaixo da blusa branca surrada, e o short manchado que havia levado.
Sem emitir ruídos foi até a beira da piscina e sentou na beirada deixando as pernas emergidas na água, ficou balançando os pés sentindo o frescor e observou a lua. O silêncio da madrugada lhe dava sensação de uma falsa paz e tranquilidade, estava frio, mas ela não se importou quando tirou a blusa e foi até o fundo da piscina. A garota não havia percebido que Sculler a observava do andar de cima, ele ficou horrorizado ao ver as cicatrizes nas costas dela, e foi quando ela saiu da piscina e espremeu os cabelos que ele observou a marca de queimadura na coxa. Ele arfou no lugar, se perguntava como alguém era tão desumano para fazer aquilo com a garota.
Uma batida à porta fez o homem desviar a atenção da garota na piscina, ele caminhou em direção a porta e logo a abriu. Raul estava parado a frente dele usando as mesmas roupas de mais cedo, a bermuda e camisa de mangas curtas, estava inquieto e o olhar confuso. Sculler deu espaço para o garoto entrar, o rapaz vagou no quarto e encarou Viviane na piscina, e então encarou o pai cruzando os braços.
-O que aquela mulher veio fazer aqui?
O empresário levou um tempo para responder.
-Honestamente eu não sei- ele caminhou até a cama e sentou na beira. -Geordia teve dois encontros ocasionais com ela, o último foi a menos de uma semana.
-E por que não me avisou de nenhum desses encontros? - Raul ficou irritado. -Não, nem perca tempo, mal para em casa, como poderia ter tempo para falar comigo?
-Raul... Deixe-me falar, por favor.
O herdeiro suspirou e esfregou o nariz.
-Maribel casou novamente, trocou de nome e teve outro filho- Raul arquejou, o empresário continuou. -Na última semana quando sua avó a encontrou entregou a ela um atestado de óbito, e fez ameaças. Não devemos procurá-la, ou ela vai matar você.
Yan franziu o cenho e cerrou o punho.
-Ela nunca vai deixar de ser narcisista- murmurou. -Sempre soube que ela não me amava, mas isso- ele suspirou.
Sculler bateu no espaço livre da cama, o filho caminhou até lá e sentou ao lado do pai.
-Maribel não é capaz de amar, Raul. Pelo menos não pessoas, ela valoriza apenas o dinheiro e a aparência.
-Por causa dela colocou seguranças na casa?
-Você notou? - o homem piscou surpreso.
-Não sou cego pai, diferente de você passo mais tempo em casa, então sei de todos os detalhes novos aqui- ele franziu o cenho, o mais velho suspirou.
-Desculpe não falar nada para você antes- Raul o encarou.
-Passe mais tempo em casa, não se isole no trabalho ou fique aqui bêbedo- ele fitou a garrafa vazia de uísque. -Tem chance de ser falso? - Sculler o encarou. -O atestado, tem como ser falso?
-Creio que não- suspirou. -Talvez seja melhor assim.
Raul encarou o pai perplexo e ficou de pé aborrecido.
-Não. Pode parar, de você eu não permito a aceitação, não depois de tudo que aquela mulher fez-Raul gesticulava, estava furioso.
Ele se aproximou da janela e encarou Viviane segurando a camisa observando a lua, ele enxergou as marcas na costa da garota e arfou, eram incontáveis e de diversos tamanhos, algumas profundas e outras superficiais, ele não viu a queimadura na coxa. Sculler notou o olhar espantado do filho e ficou de pé para observar.
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Em Memória ao Beco Waston
Storie d'amoreViviane Houghton nasceu nas ruas, e após 10 anos de insultos e torturas, sua mãe a abandonou. Ainda criança, não tinha nenhuma esperança que fosse sobreviver, mas é então que em uma tarde de verão, ela vê uma jovem artista pintando e encontra na art...