Capítulo 6

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Houghton pintou a noite toda.

Depois que chegou do trabalho no dia anterior, estava com as ideias fervilhando na cabeça, usou todas as telas que tinha e ainda usou alguns dos papéis que Úrsula lhe entregou. Usou todo material que tinha para criar imagens diferentes e acabou criando obras que nunca fizera, desenhou e pintou roupas e abusou das tintas na hora de colorir as pinturas, estava orgulhosa do trabalho que fez.

O espaço no trailer ficou pequeno com as telas que secavam, ela tomou um banho e foi caminhar, até parar ao mar que tanto gostava de nadar, percebeu que havia boias delimitando os limites até onde poderia nadar. Ao se aproximar do canto que ficava reconheceu a cabeleira ruiva do chofer da empresa Vallauri, receosa caminhou até ele.

-John?

O homem estava deitado sobre o pano na areia, usava uma bermuda bege e camisa branca quase toda desabotoada, ele ficou surpreso ao ver a garota.

-Viviane? Que surpresa!

Ele sorriu um pouco ansioso.

-Quem é ela papai?

A jovem encarou a ruiva que parecia ter 19 anos, seu rosto analisava Viviane.

-Eu me chamo Viviane, sou apenas uma conhecida, vim perguntar uma coisa de seu pai.

-Veio de muito longe para isso- observou a moça com os olhos cerrados.

-O senhor pode me dizer o sobrenome de Raul?

Viviane ignorou a garota que ficou surpresa assim como o homem.

-Yan. Raul Yan Vallauri.

Viviane puxou o caderno da bolsa e anotou na última folha, ela mostrou ao homem que não pode deixar de notar a caligrafia impecável.

-Assim?

Ele assentiu e ela agradeceu se distanciando do pai e filha, que encarava as costas dela com curiosidade.

-Ela se parece com Olga.

Olga, a irmã caçula da jovem ruiva. O homem não disse nada.

Viviane saiu da praia apenas quando viu o sol se por, resolveu ir até o parque de diversões, gostava do barulho e do colorido de lá. Durante o percurso se sentiu vigiada e entrou em alerta, mas não foi rápida ou esperta ou bastante para notar quem a vigiava, percebeu tarde demais que estava numa enrascada, a arma de ponta fina já pressionava sua cintura o suficiente para ser uma ameaça, mas não notada.

-Olá docinho.

-Danco- a garota tremeu -o que você quer? Sem o Marlon desta vez? - a garota foi ousada.

O homem segurou o pescoço da jovem.

-Parece que aqueles três dias não foram o suficiente para você- ele pressionou a arma -eu quero meu dinheiro Houghton, aquelas drogas não foram cortesia.

-Não tenho como pagá-las, você sabe disso melhor do que eu.

-Então meu cobrador terá que lhe prender de novo e lhe dar uma boa surra, parece que a última não foi o suficiente para te lembrar de que estou impaciente.

-Por que não acaba com isso logo de uma vez?

-Ah, quer se vender de novo? - o bafo de menta fez um calafrio passar pelo corpo ela. -Não há um único homem meu que você já não tenha ido para a cama por apenas mais uma grama de pó- ele se aproximou do ouvido da garota -se quer que eu te mate não tem graça nenhuma, quero ver a cor do meu dinheiro até o fim do mês, ou você já sabe as consequências.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora