Houghton pintou a noite toda.
Depois que chegou do trabalho no dia anterior, estava com as ideias fervilhando na cabeça, usou todas as telas que tinha e ainda usou alguns dos papéis que Úrsula lhe entregou. Usou todo material que tinha para criar imagens diferentes e acabou criando obras que nunca fizera, desenhou e pintou roupas e abusou das tintas na hora de colorir as pinturas, estava orgulhosa do trabalho que fez.
O espaço no trailer ficou pequeno com as telas que secavam, ela tomou um banho e foi caminhar, até parar ao mar que tanto gostava de nadar, percebeu que havia boias delimitando os limites até onde poderia nadar. Ao se aproximar do canto que ficava reconheceu a cabeleira ruiva do chofer da empresa Vallauri, receosa caminhou até ele.
-John?
O homem estava deitado sobre o pano na areia, usava uma bermuda bege e camisa branca quase toda desabotoada, ele ficou surpreso ao ver a garota.
-Viviane? Que surpresa!
Ele sorriu um pouco ansioso.
-Quem é ela papai?
A jovem encarou a ruiva que parecia ter 19 anos, seu rosto analisava Viviane.
-Eu me chamo Viviane, sou apenas uma conhecida, vim perguntar uma coisa de seu pai.
-Veio de muito longe para isso- observou a moça com os olhos cerrados.
-O senhor pode me dizer o sobrenome de Raul?
Viviane ignorou a garota que ficou surpresa assim como o homem.
-Yan. Raul Yan Vallauri.
Viviane puxou o caderno da bolsa e anotou na última folha, ela mostrou ao homem que não pode deixar de notar a caligrafia impecável.
-Assim?
Ele assentiu e ela agradeceu se distanciando do pai e filha, que encarava as costas dela com curiosidade.
-Ela se parece com Olga.
Olga, a irmã caçula da jovem ruiva. O homem não disse nada.

Viviane saiu da praia apenas quando viu o sol se por, resolveu ir até o parque de diversões, gostava do barulho e do colorido de lá. Durante o percurso se sentiu vigiada e entrou em alerta, mas não foi rápida ou esperta ou bastante para notar quem a vigiava, percebeu tarde demais que estava numa enrascada, a arma de ponta fina já pressionava sua cintura o suficiente para ser uma ameaça, mas não notada.
-Olá docinho.
-Danco- a garota tremeu -o que você quer? Sem o Marlon desta vez? - a garota foi ousada.
O homem segurou o pescoço da jovem.
-Parece que aqueles três dias não foram o suficiente para você- ele pressionou a arma -eu quero meu dinheiro Houghton, aquelas drogas não foram cortesia.
-Não tenho como pagá-las, você sabe disso melhor do que eu.
-Então meu cobrador terá que lhe prender de novo e lhe dar uma boa surra, parece que a última não foi o suficiente para te lembrar de que estou impaciente.
-Por que não acaba com isso logo de uma vez?
-Ah, quer se vender de novo? - o bafo de menta fez um calafrio passar pelo corpo ela. -Não há um único homem meu que você já não tenha ido para a cama por apenas mais uma grama de pó- ele se aproximou do ouvido da garota -se quer que eu te mate não tem graça nenhuma, quero ver a cor do meu dinheiro até o fim do mês, ou você já sabe as consequências.
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Em Memória ao Beco Waston
DragosteViviane Houghton nasceu nas ruas, e após 10 anos de insultos e torturas, sua mãe a abandonou. Ainda criança, não tinha nenhuma esperança que fosse sobreviver, mas é então que em uma tarde de verão, ela vê uma jovem artista pintando e encontra na art...