Capítulo 1

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Bella

1 ano depois

Corro pelo apartamento todo procurando minha pasta com as fotos separadas e sem querer acabo batendo o dedo na quina da cômoda. Pensa numa dor! Vou mancando até meu quarto, balanço meu cobertor e as fotos caem pelo chão. Que dia, hein! Me ajoelho e cato tudo guardando na pasta e depois na minha bolsa.

Pego as chaves do apartamento, sei que não vai dar tempo de tomar café, então decido tomar na rua mesmo. Pego o elevador e fico olhando meu relógio para ver se vou chegar atrasada. Ainda tenho meia hora, mas sabe como é Los Angeles, meia hora vira uma ou duas horas.

- Bom dia, Patrick. - cumprimento o porteiro.

- Bom dia, Bella. Hoje é o grande não é?

- Sim, me deseje sorte. - cruzo os dedos.

- Não se preocupe, querida, a vaga é sua.

- Obrigada, manda um beijo para Judith.

Patrick e sua esposa sempre foram amigos do meu pai e quando ele morreu, os dois me ajudaram muito com o velório e me fizeram companhia. Sou muito grata a eles. Aos domingos janto na casa deles, Judith cozinha muito bem e faz uma lasanha deliciosa.

Peço um uber pelo celular e chega bem rápido. Tive que vender meu carro para pagar o tratamento de papai. Lembro que ele ficou puto, mas faria quantas vezes fosse necessário só para vê-lo bem. Acho que a fase do luto acabou, estou naquele momento em que só lembro dos momentos bons e o quanto eu o amei. Já não choro mais, ele não gostaria de me ver caída num quarto afundada na tristeza e melancolia.

Estou a caminho de uma reunião com Ameliè Lestrade, dona de uma das galerias de arte mais famosas aqui de Los Angeles. Ele irá fazer uma exposição e está escolhendo fotógrafos para fazerem parte. Enviei meu trabalho pra ela diversas vezes e dessa vez fui chamada para uma espécie de reunião. Se ela gostar do meu trabalho e das minhas propostas, minha fotos podem ser expostas na galeria.

Pago o motorista, dou 5 estrelas e saio com o coração na mão. O escritório fica num prédio gigantesco e todo espelhado no centro. Respiro fundo e toco o colar que carrego comigo com formato de coração. Dentro de um lado tem uma foto minha e de John no natal, quando eu tinha cinco anos e do outro lado tem uma foto da minha mãe. É meu amuleto da sorte. Dou um beijo nele e digo pra mim mesma:

- Torça por mim, papai, de onde você estiver.

- Bom dia, senhorita Hernández, pode se sentar

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- Bom dia, senhorita Hernández, pode se sentar. - Ameliè é uma mulher negra, alta, com cabelos crespos e de uma beleza indescritível. Ela veste um terninho Armani e sapatos Louboutin, a mulher é elegantérrima. Me sinto uma mendiga perto dela. Percebo um sotaque na sua fala, se eu não me engano ela é francesa.

Estou sentada numa cadeira em frente a sua mesa, ela me olha me avaliando. Me encolho na cadeiro me sentindo insegura.

- Então, o que trouxe pra mim hoje? - pego minhas fotos na pasta com as mãos tremendo. Entrego a ela e as fotografias que trouxe traz um pouco do meu estilo. Adoro tirar fotos das belezas de Los Angeles, mas não somente as paisagens, e sim lugares como a periferia, as barraquinhas de comida, pessoas jogando vôlei ou basquete na praia, os imigrantes. - Que interessante, qual é o motivo de tirar fotos dessas situações?

- Eu acho que Los Angeles é muito mais do que celebridades ou praias. Eu adoro fotografar esses lugares, mas acho que a periferia, as pessoas fazendo suas tarefas cotidianas ou se divertindo, a diversidade cultural, fazem parte da beleza da cidade também. Um não anula o outro. Afinal, quantas nacionalidades e culturas diferentes não temos aqui?

- Adorei seu conceito, senhorita Hernández. É exatamente o que procuro. O tema da exposição é "As Belezas dos Estados Unidos", então busco exatamente isso, não só as paisagens, mas também as pessoas estunidenses que fazem parte de tudo isso. Gostei bastante do seu trabalho. Se eu te desse essa vaga, qual lugar você gostaria de representar? Qual parte do país gostaria de mostrar? Já temos os que representam as praias na Florida e Califórnia, as grandes metrópoles como Nova York e Chicago, os cassinos de Las Vegas, entre outos. O que você faria?

Penso com calma, o que eu gostaria de fotografar que representasse os Estados Unidos? Seguro meu pingente e lembro instantaneamente do meu pai falando sobre sua terra natal com tanto amor. Nem penso e digo logo:

- O Alasca. É o maior estado daqui e tem tanta história presente. Tem as belezas naturais, uma vida selvagem abudante, as pessoas, as montanhas, as geleiras. - e a terra do meu pai, digo no meu pensamento. Nada melhor que na minha primeira exposição mostrar algo tão importante pro pai e pra mim.

- Então, a vaga é sua. Vamos disponibilizar os materiais para trabalho e a passagem aérea. Bem vinda a equipe, senhorita Hernández. - fico tão feliz que faço uma dancinha mentalmente. Apertamos nossas mãos e digo:

- Pode me chamar de Bella, senhora Lestrade.

- Pode me chamar de Ameliè.

Chego no prédio com um sorriso gigantesco e quase saltitando

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Chego no prédio com um sorriso gigantesco e quase saltitando.

- E aí, minha filha, conseguiu? - Patrick pergunta.

- Consegui! - quase grito e abraço ele com força.

- Eu sabia que você conseguiria, Bella. Você é luz, menina.

- Obrigada, Patrick. Sem você e Judith eu não teria sobrevivido sozinha.

Dou um beijo na bochecha dele e subo para meu apartamento. Tiro meus s
altos e guardo minhas chaves, em seguida me jogo no sofá. Olho para a foto de papai na mesinha e digo:

- Conseguimos, pai! Vou representar seu lugar.

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