Capítulo 12

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Bella

- Minha mãe sempre foi um ser de luz. Meus avós eram pais amorosos e criaram mamãe muito bem. Ela sabia falar cinco idiomas, tocava piano, cantava e dorava ler. Eles vieram da Inglaterra para os Estados Unidos por conta de negócios, especificamente em Nova York. Foi aí que minha mãe conheceu meu pai, Roger Peterson. Ele era um playboy, seu pai era sócio do pai de mamãe. Roger era aquele cara que ia na balada todo dia, usava drogas, mulherengo e tinha tudo o que queria. A princípio minha mãe não se interessou por ele e como todo predador adora uma caçada, ele usou de todo seu asernal para conquistá-la. Eles acabaram namorando, noivando e depois casaram, isso foi tudo muito rápido, menos de cinco meses. Meus avós aprovaram, porque como eram sócios, o casamento entre os filhos era como um acordo a mais. Futuramente minha mãe engravidou de mim e aí eu nasci.

- A princípio tudo era perfeito, meus pais se amavam e estavam felizes. Mas com o tempo meu pai parecia não estar tão satisfeito quanto parecia no início, ele começou a ir em festas, mentindo que estava trabalhando. Começou a ter amantes, usava drogas, enquanto minha mãe fazia de tudo para cuidar de mim e manter a família unida. O estopim, porém, foi quando meus avós paternos morreram num acidente de carro, Roger surtou. Ninguém sabia dos problemas que eles passavam, mas com a morte dos meus avós, minha mãe parou de sair de casa. Ela aparecia com hematomas direto, meu pai a agredia e depois implorava seu perdão trazendo flores. - nesse ponto lágrimas saem pelo meu rosto. Como um homem pode agredir sua namorada ou esposa? Ou qualquer outra mulher?

- Quando fui ficando mais velho e suas agressões passaram pra mim também. Eu sempre amei desenhar e pintar, Roger detestava isso, ele queria que eu tomasse seu lugar na empresa. Toda vez que ele me via desenhando, me chamava de mulherzinha e rasgava todos eles. Chegou a me dar surras tenebrosas quando eu o contrariava ou tentava interferir em uma de suas brigas com mamãe. - acaricio seu rosto e fico pensando no quanto ele e sua mãe sofreram com seu pai. - Quando fiz doze anos, eles tiveram uma briga horrível, meu pai achava que mamãe tinha traído ele, o que é mentira, mas ele estava drogado demais pra saber. Apesar de tudo, minha mãe o amava muito, ela estava presa nesse relacionamento. Ele gritava com ela nessa briga e começou a agredi-la. Não aguentei e saí do meu quarto querendo proteger minha mãe. Roger estava em cima dela com uma arma apontada na cabeça dela, me desesperei e fui pra cima dele. A arma caiu para o lado e ele começou a me bater com força. - ele está chorando a esse ponto.

- Mamãe gritou para ele parar e me deixar em paz, ele acabou me largando e indo pra cima dela. A partir daí ele a agrediu como nunca vi e eu não sabia o que fazer, só chorava encolhido num canto. Chegou um momento em que mamãe não reagia mais, ela estava morta no chão de tanto que ele bateu. Senti uma ira tomar conta de mim, fui em direção a arma e a última coisa que vi foi meu pai morto no chão, caído ao lado da minha mãe. - ele senta no sofá e vira pra mim. - Por isso me chamam de fera, porque matei meu pai e deixei minha mãe morrer no mesmo dia. Apesar da polícia ter alegado legítima defesa, eu me culpo todos os dias da minha vida.

Que história horrível, saber o que Adam passou é algo que parte meu coração ao meio. Ele só era uma criança inocente. Olho para seu rosto e o vejo chorando. Vou para o seu colo e abraço ele com toda a força.

- Adam, olha pra mim. - ele faz o mando. - Você não tem culpa de nada, você não é um monstro ou uma fera. Você era apenas uma criança inocente e que foi obrigado a conviver com um monstro. Você e sua mãe foram vítimas desse homem. Adam, você foi uma criança muito corajosa que tentou salvar a mãe de todas as formas, mesmo estando assustado e com medo. Eu não vejo uma fera, vejo um homem corajoso, sensível e protetor com que ama. - limpo suas lágrimas. - Você nem me conhecia direito e me acolheu na sua casa, Adam. Me tratou com respeito e carinho. A verdadeira fera é seu pai, ele agrediu e matou sua mãe, causou diversos traumas em você. Ele é o monstro. - dou um beijo em sua bochecha. - Vem, vamos subir.

Subo com ele e o levo para seu quarto, pois está muito fragilizado, precisa de cuidado e carinho. Coloco ele na cama e o cubro com o cobertor. Quando estou saindo do quarto, ele diz:

- Não me deixa sozinho, Bella. Fica comigo, por favor. - ele parece um menininho assustado agora.

- Tudo bem, eu fico com você. - deito ao seu lado e me cubro com o edredom. - Adam, com quem você ficou depois que seus pais morreram?

- Meus avós maternos. Eles não tinham ideia do que acontecia lá em casa. Minha mãe basicamente sumiu da vida deles depois do casamento. - ele se aproxima de mim. - Eles nunca superaram a morte da filha, mas me criaram muito bem junto com Ivanka. Eles morreram quando eu tinha vinte anos e depois disso foi só eu e minha governanta.

- Agora você tem a mim, Adam. Podemos ser amigos, não é?

- Eu adoraria.

Ele diz com a voz baixa e gruda em mim, fica com seu rosto no meu pescoço enquanto faço carinho no seu cabelo. Percebo que sua respiração está lenta e ritmada, acho que já dormiu. Aproveito para relaxar um pouco e dormir também.

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