Jantar

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Era bom rever o irmão. Hapi sempre foi muito alegre e social, gostava de alegrar o dia dos outros e sempre lhes fazia rir, o que para Hórus, já era o suficiente.

Outro coisa boa do irmão também era que Hapi gostava de fofocas.

Em menos de uma hora, o moreno soube que dois famosos se processaram, metade da sua classe do ensino médio se casou, uma esposa descobriu a traição do seu cônjuge no bar do mais velho, quem venceu os jogo olímpicos do ano passado e anunciaram a estreia de uma série tão esperada.

Mas o que lhe chocou mesmo foi a gravidez do seu irmão.

Hapi é um ômega dominante, tinha um corpo meio musculoso por causa da natação e duas tatuagens, uma no braço direito e outro nas costas. Hapi agia por impulso às vezes, mas sempre tomava muito cuidado em relação ao seu cio, principalmente na adolescência. Ele escolhia com atenção com quem iria namorar, mas duravam pouco tempo, geralmente três meses, bom, até o Andjety aparecer.

Eles estavam juntos há um ano e meio. Era um avanço, segundo o pai deles.

-Também vai ter uma festa pro Halloweenie amanhã às 19:00, lá no centro. -Hapi comentou, enquanto terminava o seu terceiro prato de tortinhas de caramelo, essa gravidez o deixava bem faminto. -Eu não vou, pois vai estar lá o chato amigo do Dionísio.

Hórus também estava comendo essas tortinhas, ouvindo tudo que o irmão falava. Andjety estava na cozinha, preparando mais lanches. -Aquele que depois de dois garrafas de cerveja vomita em qualquer lugar?

-Esse mesmo! -O azulado se inclinou um pouco para trás e resmungou. -Que desconforto.

-Ahm...como se sente? -Hórus perguntou com cuidado, ele já tinha visto como era uma gravidez várias vezes em filmes ou séries durante a sua adolescência, mas era completamente diferente na vida real.

Seu irmão olhou pra ele, depois se deitou no sofá. -Para ser honesto, é muito surreal para nós. -Ele virou a cabeça em direção a cozinha, o moreno olhou na mesma direção, encontrando o mais baixo cortando alguma coisa. -Fiquei com medo que Jety fosse embora quando soubesse.

-Porque? -O moreno olhou pro irmão. Ele não sabia que tipo de relacionamento eles tinham, mas pode ver que os dois se amavam mutuamente.

-Sei lá. -O azulado colocou as mãos na barriga, a acariciando. -Acho que é um medo natural, mas Jety ficou tão feliz que chorou horrores.

-Nem foi tanto assim. -Retrucou o homem na cozinha. -Mas você que chorou litros de água no primeiro ultrassom.

-Haha, sim, eu me lembro muito bem. -Hapi limpou uma lágrima do canto do olho, ele nem tinha notado que estava lacrimejando. Mas meio que fazia sentido pro Hórus.

Hapi era órfão desde os cinco anos de idade. O seu único parente morreu depois de um acidente de carro, então ele foi para o orfanato onde Hórus de dois também estava. Ele cresceu como uma criança problemática, brigava com qualquer e sempre era colocado de castigo, até o Sokaris adotá-lo antes de ter doze anos.

"Ele vai ter a sua própria família."

O moreno ficou refletindo sobre o que sentia com o irmão mais velho. Felicidade? Em grande parte sim. Inveja? Bem no fundo, mas sentia isso também.

Hapi ainda falava das novidades que ocorreram, mas o moreno não prestou muita atenção, só ficou no seu mundo até o Andjety anunciar que o jantar está pronto. Ele ajudou o irmão a se levantar do sofá, depois foram para a cozinha.

A cozinha também tinha tons de azul, assim como a casa inteira, mas também tinha azulejos amarelos em uma das paredes e a decoração não era praiana, era mais sofisticado, provável foi o alfa submisso que escolheu a decoração. No meio do cômodo tinha uma mesa mediana, onde tinha vários pratos com comida.

-Não é muito apenas para três pessoas? -Hórus perguntou assim que se sentou.

-Não para o futuro papai aqui. -Hapi já estava enchendo o seu prato. Certamente, depois dessa gravidez, ele vai ter que fazer exercícios para perder peso.

-Mas tem que sobrar para o seu pai também, querido. Afinal, ele vem hoje aqui em casa. -Andjety tirou a mão do azulado de cima de um prato com legumes assados, que fez uma cara feia para ele.

-O pai vem hoje?

-Sim, esqueci de avisar. -Hapi começou a comer enquanto falava. -Ele disse que tinha algo para falar conosco. Diz que é importante.

Hórus queria perguntar mais, mas a campainha tocou. Ele se ofereceu para atender e caminhou até a porta, olhou no olho mágico e abriu a porta, dando de cara com um homem mais baixo que ele e olhos cor de mel.

-Pai!! -Hórus abraçou com força o homem, que retribuiu o abraço. -Senti tanta saudades sua.

-Eu também, Hórus. -Disse Sokaris, dando um tapinha nas costas do filho. -Vai me deixar entrar? Está meio frio aqui fora.

-Oh, desculpe. -O mais alto saiu da frente da porta, deixando o mais velho entrar. -Hapi e Andjety já estão na cozinha esperando por nós.

-Eles podem esperar mais um pouco... -O mais velho se sentou no sofá e acenou para o mais novo fazer o mesmo. -Tenho algo a te dizer.

Sokaris não era muito bom em expressões faciais, então era normal vê-lo com uma face neutral diariamente, mas naquele momento, tinha a fade seria demais e tensa. Era incomum para o Hórus ver aquela expressão no rosto só seu pai. Olhou para o relógio na parede. 21:24.

-Para começar, consegui um meio de evitar os D'Noirs por algum tempo. -O homem começou, o alfa-ômega se sentiu animado com essa notícia. -Mas pode ser que não te agrade...

-Pai. -O moreno pegou nas mãos do mais velho e o fez olhar nos seus olhos. -Eu já tenho 23, quase 24 anos. Já sou um adulto, posso lidar com qualquer situação que aparecer, só não consegui lidar com os D'Noirs da maneira correta e sinto muito por ter te colocado nisso. Então, pode me contar tudo.

Sokaris sorriu pro seu filho, ele tinha criado muito bem aquele menino pequeno. Ser um beta não era lá grande coisa, não poder sentir os feromôrnios do seu próprio companheiro ou dos seus filhos era horrível, principalmente quando eles mais necessitam. Ele se sentiu culpado por ter demorado tanto para perceber que o Hapi era um ômega, mas o mesmo o perdoou, dizendo que não ligava muito para isso e que era a primeira vez que ele criava um ômega, a mesma coisa valia para o Hórus, que era tão inocente naquela época que chegava a ser fofo. Agora ele cresceu, um jovem adulto pronto pro mundo, mas ainda tinha aquela aura de inocência.

O beta suspirou, depois apertou as mãos do seu filho. Anunciar aquela notícia era difícil.

-Eu arranjei um casamento provisória pra você, não vai durar muito tempo, talvez um ou dois anos, no mínimo. -Ele pode ver que o jovem ficou chocado com a notícia. -Eu sei que pode parecer muito repentino, mas foi a melhor opção que eu tive.

-Me casar? -Hórus nem planejava namorar, imagina se casar. -E com quem?

-Com um alfa que se chama Seth Ludwig.

-O que?!

-Hein!? -Hapi exclamou da porta da cozinha, com Andjety atrás dele.

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A seguir no próximo capítulo:

Hórus: Está brincando, né?

Sokaris: Não.

Hórus: 😰

Um par... improvável- ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora