Assuntos dos passados

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Demorei pra postar por causa do estágio mesmo. Desculpa.
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-Fico triste em saber dessa notícia, Hórus. -Disse a mulher do outro lado da linha.

-Eu também Taweret. Eu também. -Hórus disse pra amiga.

Já era sexta de manhã e o moreno tinha ligado pra Taweret, uma amiga dele e do Hapi. Eles se conheceram quando ela começou a trabalhar no bar do seu irmão para poder pagar a mensalidade da faculdade de enfermagem, e que também foi onde ela conheceu o seu marido, o Bes.

-Eu espero que tenha sido só um mau funcionamento do equipamento.

-Também espero que seja só isso. -Hórus se serviu um copo de suco e bebeu, enquanto torrava um pão para comer. -Bom, acho que vamos ter que cancelar aquela encomenda do seu amigo.

-Deixa que eu resolvo isso. O Bes vai cuidar da decoração. -Disse a beta. -Você pode cuidar do grupo? Ou já avisou eles antes?

-Vou avisar o grupo. Não se preocupe com isso.

-Tudo bem então. Até mais, Hórus.

-Até, Tawy. -E assim se encerrou a chamada.
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Estava um silêncio desconfortavel nessa manhã. E Seth podia sentir isso no ar.

Desde que o Thoth e Kek saíram de casa, Anúbis começou a encher o pai de perguntas sobre o irmão mais velho do mesmo. Eram perguntas como: "Desde quanto você tem um irmão?", "Porque nunca falou dele pra mim?", "Cê tem mais algum irmão também?" e entre outras perguntas.

Seth não estava no clima para responder as perguntas, afinal, ele recém tinha saído de um encontro íntimo com o noivo e quando chega em casa, encontra o seu irmão com quem não fala ou se tem notícias a quase vinte anos! Porra! Até ele precisa precisa de uma pausa!

Ele olhou para o seu filho ao lado, que comia rápido as suas panquecas de aveia.

Ele estava bravo. E Seth sabia que era por causa dele.

-Teve um bom sono, filho? -Perguntou, tentando aliviar um pouco a tensão no ar.

-Hum. -Foi só isso que ele respondeu. Geralmente o garoto responderia com "Foi bom."

Seth suspirou, depois largou os talheres na mesa. -Olha, eu sei que você está bravo, mas tem que entender é um assunto complicado pra mim.

-O que quer dizer? -O garoto olhou pro seu pai curioso. Era raro ver o seu pai tão sério sobre um assunto.

-Bom... -Seth olhou pro lado, pensando no que deveria dizer para o mais novo. Falar sobre a sua infância ainda era muito difícil pra ele, mesmo depois de anos. A Rá tocava no assunto algumas vezes, mas ela parou depois que o ruivo se recusava a falar sobre. Mas Anúbis tinha direito de saber, afinal, era o seu filho e sua família naquele momento. -A...A minha infância não foi exatamente boa. E também o meu pai alfa não era muito gentil comigo e nem com o Kek.

-Meu pai alfa era de uma família muito ligada aos antigos tratamentos dos segundos gêneros. -Começou Seth. -Então ele obrigava o Kek e o meu pai ômega a usarem vestidos ou saia enquanto morávamos no território dele. E como eu fui o seu único filho alfa, ele esperava que eu assumisse o seu legado, então me mantinha longe dos dois ômegas, mesmo eles sendo meus familiares.

-Bem, você certamente não tinha uma infância feliz, pai. -Comenta o garoto largando os talheres na mesa. -Mas não acho que isso seja um motivo para que o senhor não me contasse que eu tenho um tio.

-Bom, talvez eu deveria ter contado se eu e ele ainda nos falássemos, mas não. -Seth retomou o rumo da conversa para o seu irmão mais velho. -Pois depois que os nossos pais morreram, nós seguimos caminhos diferentes. Ele foi pra Austrália e eu fiquei por aqui mesmo. -Depois de terminar de falar, Seth volta a comer o seu café da manhã.

-Como eles morreram? -Pergunta o Anúbis, pegando de surpresa o alfa mais velho.

Foi a primeira vez que lhe perguntaram sobre a morte dos seus pais diretamente na sua cara.

-Em um acidente de carro. -Seth diz, desviando o olhar do seu filho. -O motorista perdeu o controle do volante e o carro bateu em algum muro ou algo do tipo. -O alfa ponderou um pouco. -Na verdade, eu não sei de todos os detalhes. E além disso, eu só fui no enterro do meu pai ômega de qualquer maneira, depois fui morar com a Imperatriz.

-Mas... -Anúbis tentava processar tudo que o que seu pai tinha falado, para poder achar alguma coisa boa nesse lado da família. -Mas você não tem algum parente seu que...que ainda tenha contato?

O ruivo olhou curioso pro filho. Era estranho que o garoto quiser saber sobre essa informação. -Não. Não tenho não. Todos os meus outros parentes, de ambos os lados, moram bem longe da capital ou em outro país.

O garoto fez uma careta. Ele realmente esperava ter algum familiar que ele pudesse conhecer além do seu pai. Seth tinha ficado curioso sobre o porquê do seu filho estar interessado sobre os seus familiares distantes.

-Porque está interessado neles, Anúbis? -Perguntou o ruivo pro filho.

-Então... -O mais novo ficou em silêncio por alguns minutos antes de finalmente responder. -Eu conheço alguns parentes da Néftis.

"Opa..."

Aquilo realmente chamou a atenção do ruivo. Era primeira vez que o garoto falava da mãe dele com o Seth e de bom grato, ao invés de ser obrigado a falar dela. Os únicos familiares que ele conhecia da ex era apenas a sua mãe e mais ninguém.

-E posso perguntar quem eram?

O mais novo pensou um pouco, tentando se lembrar dos sujeitos. -A mãe e algumas primas dela cuidavam de mim quando a Néftis saia pro trabalho. -Por fim, voltou a comer as suas panquecas, encerrando a sua fala.

-Ainda se lembra delas? -Seth perguntou, fazendo com que o garoto parasse e olhasse pra frente, não olhando pra nada em específico.

-Um pouco... -Outro momento de silêncio, até e voltar as suas panquecas. -Mas não quero falar disso agora.

-Certo. -Seth acenou com a cabeça e voltou a comer também.

"Você não vai continuar a conversa?" Perguntou a voz na cabeça do alfa. "É raro o noviço falar sobre isso."

"Não. Se ele não quer falar sobre, então não vou pressiona-lo a continuar uma conversa que o deixa desconfortavel." O ruivo respondeu a voz. "Mas já é um avanço ele falar isso pra mim."

"Hum. Vamos ver o Hórus denovo?" Perguntou a voz animada. O alfa se lembra que essa voz tinha perguntado isso na noite anterior várias vezes, o que o irritou um pouquinho, mas não podia negar que sentia falta do seu noivo.

"Infelizmente hoje não. Lembra que temos coisas do casamento pra resolver."

"Ahh, que merda!" Resmungou a voz irritada.
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Hórus sentia a sua orelha coçar por algum motivo.

Ele coçou a orelha e voltou aos seus estudos. Tinha terminado de falar com o grupo do chá de revelação sobre a situação do seu irmão. Como o evento seria no dia seguinte, todo mundo ficou surpreso com o cancelamento repentino, mas entenderam o motivo e ofereceram consolo pro casal.

Hórus agradeceu o grupo por entender a situação e se despediu. Ele conhecia algumas das pessoas no grupo, que já estavam casados e com filhos.

Ele suspirou. Se pergunta o que irá acontecer depois disso, afinal, era uma situação bem incomum.

Uma notificação do celular chamou a atenção dele, que o pegou e viu que era o Hapi. O abriu e leu a mensagem enviada.

O pai está aí?

Hórus ficou curioso e disse que não, já que saiu pra ver o local do casamento.

Então uma foto é enviada pro moreno. Os olhos azuis do alfa-ômega se arregalham.

O que caralhos ele está fazendo aqui?!

Um par... improvável- ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora