Estresse

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Os olhos dele não acreditavam no que via.

"O que esse filho da puta está fazendo aqui?" Foi o que Hapi pensou quando viu o homem parado na entrada da casa dele.

-O que caralhos você está fazendo aqui?! E como sabe o meu endereço?! -Perguntou logo no início da conversa bravo, e tinha uns bons motivos pra isso.

O homem era baixinho em comparação ao ômega, também tinha um cabelo muito espetado,  até parecia um porco-espinho. Ele também tinha aquela barba para fazer que estava horrível pra qualquer um que olhasse.

O homem simplesmente limpou os óculos de grau (algo novo que o azulado notou nele) e encarou o ômega. -Bem, primeiro de tudo, parabéns pela gestação do seu primogênito, tenho certeza que a criança será tão interessante quanto você.

-Oi!

-Segundo, soube que o Hórus está casando. Meus parabéns. Talvez eu envie um presente pra ele depois. -Continuou o homem, ignorando a cara de raiva do azulado. -E terceiro, vim a pedido do Dr. Evans para tirar uma amostra do seu sangue.

-Mas nem ferrando! -Exclamou o ômega. -Se acha que eu vou dar o meu sangue pra você, depois de me acusar de ter falsificado uma nota minha?

-Como é a história? -Perguntou a Net, mãe ômega do Andjety, uma mulher muito bonito e de pele azul clara, cabelo preto curto e olhos pretos.

-O cara suspeitou que o Hapi tinha mudado a sua nota quando ainda era estudante do fundamental. -Explicou o alfa, servindo alguns lanches pra suas mães. -Mas a verdade é que a professora do Hapi trocou de caneta para escrever as notas dos alunos.

-E ele ainda guardar rancor? -Perguntou a outra mãe do alfa. Uma mulher grande e musculosa, de pele semelhante ao do filho e o cabelo ralado, tinha olhos da cor de uma castanha. Ela tinha um forte sotaque australiano, já que ainda estava aprendendo a língua árabe.

-Sim. -Respondeu o moreno, indo até o namorado, que ainda xingava e gritava com homem.

-Vamos ser honestos, que tipo de criança de 14 anos tira 10 na prova de ciências? -Falou o homem, com as mãos jogadas no ar.

-A que cresceu com um antropólogo forense que corrige os livros escolares quando ajuda os filhos nos estudos! -Hapi estava bravo com essa situação toda, mas tentava se manter calmo para o bem do seu filho.

-Vamos deixar essa coisa toda no passado. -Andjety interveio, ficando do lado do ômega e o abraçando de lado. -Olha, eu sei que o senhor Evans quer nos ajudar depois do que aconteceu ontem, mas nós dois ainda estamos pensando sobre o que fazer.

O homem acenou com a cabeça. -É compreensível, afinal, é o primeiro filho de vocês. Mas peço que considerem a minha oferta. -Começou o homem, colocando as mãos dentro do casado dele. -Meus equipamentos conseguem identificar o gênero, etnia e a subclasse de um indivíduo, e também é mais avançado do que os equipamentos das clínicas, então eu poderia identificar tanto o primeiro quanto o segundo gênero do seu filho em poucos minutos.

"Oferta tentadora..." Hapi pensou consigo mesmo, mas se sentia que ainda não estava pronto pra isso. Ele colocou a mão na sua barriga, sentindo o seu filhote dar um chute de leve. -Olha, quando nos decidimos o que queremos, ligamos pra você. Ok?

-Ok. -O homem levantou o polegar de uma das mãos e caminhou até o seu carro, mas parou um pouco para falar mais alguma coisa. -Ah, e antes que me esqueça, queria questionar mais uma coisa.

-O que é agora?

-Quem é o noivo do seu irmão?
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-Você não deveria ter feito isso, Sokis! -Comentou uma colega do beta, que só voltou pro laboratório pra responder uma questão de um outro antropólogo.

Sokaris odiava que a mulher o chamasse desse jeito, já a tinha repreendido várias vezes sobre isso, mas ela ainda o chamava assim. -Eu não sei do que está falando, Nix. Estou ocupado demais pra conversar de qualquer maneira.

-Eu estou falando de você chamar o Morgan pra incomodar o seu filho, Sokis. -A mulher parou na frente dele, o impedindo de continuar o seu caminho. -O que você tinha na cabeça pra fazer isso, hein?!

-Não é da sua conta! -Disse o beta irritado, contornando a mulher, mas ela agarra o seu braço direito, o fazendo parar no caminho. -Me solta, agora. -Ordenou ele, tentando liberar o seu braço do aperto da mulher, que por incrível que pareça, era mais forte do que ele esperava.

-Não até você começar a explicar. -Ela exigiu, mas o beta não iria dar isso pra mulher, então, ele puxou o braço com mais força dessa vez e conseguiu se soltar e, rapidamente, começou a caminhar até a entrada do laboratório. -Ei! Sokis! Volta aqui!

Ele não parou e continuou caminhando para sair do lugar. Já tinha terminado o que tinha que fazer ali mesmo e precisava ir se encontrar com o Seth para poder mover os preparativos do casamento para o novo local, falar com os fornecedores sobre a mudança de planos, rever os custos e...e...

De repente, tudo ao seu redor começou a girar e as suas pernas ficaram fracas. Qualquer som que o beta ouvisse ficaram abafados e a sua visão ficou turva.

"De novo não..." Pensou antes de sentir seu corpo enfraquecer e cair no chão de azulejos do lugar.
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-Sokaris!! -Dedwen correu de onde estava para auxiliar o beta, que estava caído no chão, uma mulher tentava acorda-lo, mas não estava ajudando muito. -Saí daqui!!

Geralmente ele não gritaria com uma mulher, um cavalheiro não grita pra uma bela dama, mas por algum motivo, ele só estava ver o beta naquele momento. A mulher se assustou com o grito do alfa e saiu de perto do homem caído.

O agente chegou e passou os braços por baixo do corpo magro do doutor, notando que o mesmo estava muito magro que o normal.

-Evans! Vamos, acorda! -Ele levantou o corpo do doutor e o segurou para que não caísse, tentando desesperadamente acorda-lo, mas sem sucesso. -Porra! -Carregou o beta nos braços até o seu carro e o deito no banco de trás. Aproveitou e pegou o celular do moreno, afim de avisar pros filhos dele a situação toda.

Então sentiu um cheiro estranho no ar.

Como um alfa dominante, reconheceu que o cheiro vinha do beta, afinal, só ele cheirava a incenso, mas estranhou o perfume de tangerina junto.

"Não tenho tempo pra questionamentos." Se sentou no banco do motorista e ligou o carro. Para a sorte deles, o hospital não estava muito longe do laboratório.

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Cap curtinho, mas só para seguir a história.

Um par... improvável- ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora