CAPÍTULO 5

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Para todos aqueles que tem a leitura como um refúgio de sua própria realidade.

Para todos aqueles que tem a leitura como um refúgio de sua própria realidade

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"A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança."- Ensaio sobre a Cegueira.

SADIE SINK POV

Após nos fazer dar uma rápida revisada no assunto que tínhamos começado a estudar. A professora pede que fechassemos os livros.

-- vamos fazer algo diferente hoje. -- ela diz, se levantando de sua cadeira e caminhando até a frente de sua mesa, onde voltou a se apoiar -- quero que abram seus cadernos e escrevam uma redação. Quero que falem sobre vocês, sobre seus medos e sonhos. Falem sobre o que sentem, sobre o que pensam. Sobre o que te faz ser diferente das outras pessoas. Não precisam escrever sobre aquilo que não querem, mas deixe fluir sobre o papel tudo aquilo que querem me deixar saber. Isso, além de valer nota, também me permitirá conhecer um pouco de vocês. --

-- podemos escrever sobre qualquer coisa? -- um garoto pergunta.

-- sim. Deixe que as palavras se tornem você. -- fala -- e deixe que você esteja nesse papel. Podem começar! --

Abro meu caderno e pego uma caneta. Olho para a folha em branco e me pergunto sobre o que poderia escrever para deixá-la me conhecer. Veja bem, não me sinto tão interessante ao ponto de escrever sobre, nem ao menos sei como descrever o que sinto. Olho ao redor, vendo que todos já estavam escrevendo. Então forço minha mente, me obrigando a pensar em algo.

-- não se cobrem. Temos bastante tempo. -- a professora diz -- deixe seus pensamentos se organizarem e as palavras fluírem livremente sobre o papel. --

Quando a olhei, vi que ela também me olhava. Acho que havia percebido que eu  estava com dificuldade. Ela sorriu para mim, antes de caminhar até sua cadeira.

Volto a olhar para o papel, desta vez, permitindo meus pensamentos entrarem em ordem, como ela havia dito.

"   Nunca me senti interessante ao ponto de escrever sobre. Talvez, nem eu mesma me conheça ao ponto de deixar alguém me conhecer. Eu me chamo Sadie Elizabeth Sink, mas prefiro que me chamem apenas de Sadie, pois odeio formalidades. Tenho 17 anos, mas farei 18 daqui um mês. O meu pai morreu a um ano. Acho que, sem querer, ele levou toda a alegria do meu mundo. Mamãe tem tentado se manter forte, mas sei que ela chora sempre que se deita e não o vê deitado ao seu lado. Sinto falta dele, mas tenho seguido com a minha vida, ou tentado.
   Os meus pensamentos são confusos quando se trata de decifra-los. Uma total bagunça. Eu me sinto vazia, fora de órbita. As vezes, me parece que meu destino é viver em confusão comigo mesma. Estou acompanhada a maioria do tempo, mas me sinto sozinha o tempo inteiro. Não sinto que preciso de algo para me preencher, ou apenas nunca tive algo para que possa sentir falta.
   Sempre me senti fora de contexto. Literalmente tropeçando pela vida. Nunca me senti normal...porque eu não sou normal. E não quero ser.
  Eu me cobro de mais. Simplesmente penso que não posso errar. Não posso ter uma única falha. Tenho medo do fracasso o tempo inteiro, como se isso fosse definir quem sou. Como se anulasse todas as coisas boas que tenho feito. Um único erro. Eu me preocupo se é assim que sempre vou me sentir.
   Já me apaixonei uma vez. Uma única vez. Fui moldada por ele depois do término. Fiquei amarga. Fiquei fria. Não me dei novas oportunidades depois disso, por medo. Mas acho que é difícil saber se mais ninguém vem aí. Mas agora não sei mais se acredito em inícios e fins. Alguns fins definem a sua vida, assim como chegaram. E eu não quero ter a oportunidade de me machucar novamente."

SUBSTITUTE TEACHER (SADIE SINK) Onde histórias criam vida. Descubra agora