I See Fire - Ubbe Ragnarson

Quando tudo muda

Um passo antes da guerra ou talvez da morte. Essa era a vida de um guerreiro e sempre será, por mais que queiram se desfazer desse pensamento infame. Maeve se questionava sobre ter sido uma boa escolha ter se tornado uma guerreira, onde lutava e treinava bravamente mais do que seus irmãos. Dez vezes mais ou até cem vezes mais, sem parar. Tudo para proteger seu reino, seus familiares, sua vida...

Agora, a luta que estava para enfrentar era de uma amizade. Nascida de um campo de bárbaros vikings e se questionava se seria desfeita por esse mesmo feito. Ela jamais mataria Ivar, o desossado. Seu amigo e por assim dizer, o único guerreiro capaz de estar quase no nível elevado de sua tamanha inteligência para batalhas. Porém, assim como há traições no amor, em um reinado, em aliados, sempre há em amizades. Ela sabia do pavio curto de seu amigo, mas acreditava plenamente de que ele entenderia o motivo de sua luta, era o que ela queria acreditar.

Dias se passaram, em treinamento feroz e bruto. Alguns guerreiros e escudeiras aprenderam alguma coisa ou outra com ela, já outros membros do exército se recusavam a acreditar na conduta de Maeve e jamais aceitaram uma forasteira em Kattegat. Ela já estava acostumada com isso, os olhares desconfiados e de reprovação em cima dela. Contudo, mal sabia que os deuses possuíam planos para ela e que aqueles olhares, se transformaria em respeito e temor.

O tempo naquela manhã estava nublado, sem sinal qualquer do sol e o azul ofuscante no céu. Apenas nuvens carregadas de chuva, mas sem descer uma gota, fazendo o ambiente ficar acinzentado e um tanto sombrio. Era como se Odin alerta-se a todos sobre o resultado da batalha e de novos inimigos. O local da batalha foi escolhido estrategicamente por Maeve e Bjorn, onde todos aceitaram pacificamente sem hesitar o plano formidável que a ruiva planejou.

Os barcos já estavam na doca para partir, pessoas correndo de um canto para o outro na busca rápida para irem a guerra. Os cavalos prontos na saída da cidade, também pelo mesmo propósito. Maeve caminhava já com seu traje de batalha. Um colete de couro preto com sua camisa branca por baixo, sua calça e botas coladas ao corpo, e em volta de sua cintura, sua espada forjada pela mesma. Seu cabelos já estava longo, mas do que antes e se prendia unicamente em uma trança enorme até o fim de seus fios avermelhados que batia no final de suas costas.

Seu olhar estava longe, somente pensava em seu amigo. No que poderia acontecer ou não. Bombardeada por pensamentos de dúvidas sobre qual seria a resposta do desossado sobre sua luta. Apesar de lutar contra Harald, ela não ousaria matar Ivar, nem por uma vez em sua mente esse pensamento veio em sua cabeça. Porém, sabia que qualquer um ali, até mesmo os irmãos do Sem Ossos, o mataria. A sobrevivente tentava ignorar tal incomodo, mas era inevitável. Não conseguia se concentrar nem mesmo seus passos onde cambaleava um pouco, enquanto ia em direção até um dos cavalos postos a ser usado por ela.

— Está nervosa, Maeve? — a voz de Leif atraiu a atenção da ruiva que olhou em direção a ele.

— Ficar aflito a caminho de uma batalha é normal para um guerreiro. — concluiu risonha, vendo o rapaz ao seu lado acompanhá-la.

— Tem razão, mas sei que os deuses vão nos ajudar.

Maeve franziu o cenho, desviou seu olhar para qualquer canto, como se não quisesse encarar mais uma vez a trágica batalha que teria e seu amigo era o que provocou tudo aquilo.

— Acha que iremos vencer? — o olhar de Leif estava na ruiva, que o olhou por um instante e logo desviando.

— Eu não sei. Talvez sim ou talvez não. Isso os deuses vão decidir, não é? — concluiu com um sorriso falso em seu rosto. Era óbvio que estava aflita com aquela questão.

— Bom, se caso eu morrer, sei que estarei em Valhalla com os deuses e contando sobre minhas vitórias.

— E espero que você os impressione com suas batalhas vivenciadas. — afirmou ao chegar perto do cavalo, segurando nas rédeas dele para monta-lo.