I See Fire - Ubbe Ragnarson

O Grande Sábio

O vento ajudava a mover as velas do barco ainda mais, navegando rapidamente até chegar no destino final. Os cabelos avermelhados de Maeve se balançavam com uma curta brisa gélida vinda do ambiente e o mar incrivelmente azul intenso e ondas brancas que batia no pequeno barco. A jovem estava atenta, segurando o cabo de sua espada, seus olhos azulados e fixos para dentro da água. Rapidamente, fincou a espada no mar, trazendo na lâmina um peixe, morto rapidamente por aquele golpe.

Segurou firme no animal e com uma pequena adaga, limpou-o e os serviu para seus lobos que lambiam a boca com sua língua avermelhada. Seu lobo vermelho que estava machucado, havia sarado o ferimento na perna. Ela ficou feliz em vê-lo correr como os outros. Em questão de segundos, só restava pedaços do peixe capturado.

Maeve olhava para eles e percebeu o quão eles cresceram em tão pouco tempo que estava com eles. Já estavam pesando na bolsa e já começou a pensar que sentiria falta dos dias em que carregava-os para todos os cantos.

— Eles estão crescendo. — a voz do guerreiro que estava lhe acompanhando durante aquela jornada foi reconhecida por ela.

Ela virou seu rosto rapidamente para ele e o viu com um sorriso reluzente e os olhos castanhos do rapaz lhe admirando.

— Leif? —o questionou com um olhar surpreso e um tanto risonha.

— Fico feliz que tenha se lembrando do meu nome.

— É claro que me lembro. — Maeve pegou um pano velho que estava em algum canto jogado no barco para limpar sua espada suja de sangue do peixe que pegou para servir de alimento a seus lobos. — Me ajudou a construir as próteses de Ivar.

— Perdoe-me, mas devo admitir que você fez todo o trabalho. — o sorriso de Leif era tão contagiante e bonito, mas seus olhos estavam apenas analisando a beleza da jovem donzela a sua frente.

Maeve se sentou no chão do barco, colocando sua espada em no seu cinto.

— Estamos perto de Kattegat? — questionou a ruiva com sua atenção em seus lobos, que lambiam a boca por devorarem o peixe. Ela riu com isso.

— Certamente. Chegaremos em alguns instantes. — Leif movia o barco com um remo, ainda que o vento os ajudasse ainda mais a se locomover. — Posso perguntar uma coisa?

Maeve virou seu rosto para ele e viu o olhar dele sobre ela, como se estivesse querendo desvendar qualquer segredo dela. Ela balançou a cabeça em concordância.

— Tem muito tempo que não consegue dormir? — Leif a questionou curto e simples.

A jovem deveria saber que essa seria a questão que seria perguntada a ela, já que seu rosto estava com aparência cansada, seus olhos cansados e marcas ao redor, apesar que sua beleza ainda estar mais destacada do que esse mero detalhe.

— Por que acha isso?

— Ouvi alguns boatos com os guerreiros, enquanto estamos em York.

— Que boatos? — a ruiva o olhou confusa. Não imaginava que era motivo de rumores entre os homens e mulheres pagãos.

— Não se preocupe com isso. Também quero ressaltar que estava gloriosa na batalha contra os saxões em York. Nunca vi uma mulher ou até mesmo um homem lutar daquele jeito.

Maeve sorriu curto com isso, desviando seu olhar e pairando ele sobre aquele imenso mar, cujo o mesmo sempre lhe tirava suspiros. Ela gostava de observar tanto quanto gostava de ver o fogo de uma fogueira ou mesmos uma vela.

— Onde aprendeu a lutar? — Leif estava fascinado por Maeve.

— Minha família. Meus irmãos e eu treinávamos muito. Porém, meu pai não só me treinava em um combate de espadas e corpo, mas na mente.