Laços sendo desfeitos

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Aquela manhã indecisa sobre a expectativa da paz ou da guerra perturbava a mente e corpo dos guerreiros. O local era dividido entre os dois exercícios, pequenas tendas provisórias era colocadas ao redor de todo vasto e extenso campo de batalha. Negociações, acordos, pactos de "não guerra"... O quanto vale uma vida para unicamente ter um pedaço de terra viking que já os pertencia?

O céu continuava nublado, o sol não parecia querer fazer parte daquela discussão e atritos inimigos, se escondendo por de trás das inúmeras nuvens cheias e cinzentas. Dois corvos. Cores tão negras quanto ébano, sobrevoava o campo, em cima da cabeça de todas as pessoas ali. Odin estava observando tudo, assim como os outros deuses.

Os olhos azuis da ruiva e seus poucos fios avermelhados, que balançava conforme o vento vinha em seu rosto, estavam passando entre os seus inimigos e... um amigo. Ela não queria lutar contra uma pessoa ali, deixando claro e totalmente decidido seu lado da guerra. Sentada em um dos bancos de madeira e seus braços apoiados na mesa, permanecia atenta a qualquer tipo de brecha dada por aqueles guerreiros no lado do campo de batalha.

— Maeve, é uma honra pousar meus olhos em sua beleza novamente. — a voz de Harald atraiu a atenção da mesma. — E espero que os deuses nos poupem desse... trágico incidente.

— "Trágico incidente" — a jovem repetiu as duas últimas palavras ditas pelo homem, rindo nasalado com elas. — Realmente disse isso mesmo, Harald?

— Não vejo motivo de não dizer. Afinal, estamos todos querendo um acordo de paz, minha cara.

— Talvez sim. Alguns guerreiros aqui discordariam muito sobre um acordo de paz e seguiriam logo para a guerra.

— É uma escolha ousada, como sempre. — Harald disse com um sorriso ladino. — Mas também sei que você só pouparia uma única pessoa aqui, não é?

Maeve não disse nada ou nem sequer pensou em abrir os lábios para bolar uma frase no intuito de rebater os tons sarcástico do rei Harald. Apenas ficou calada e com o rosto imóvel, seu olhar em repugnância para o homem já dizia muito mais em silêncio. Contudo, ela sabia que ele estava certo.

— Eu não mataria Astrid. Ela é minha amiga também. — a ruiva murmurou.

— Certas amizades dispensam-nos de ter inimigos. — a voz do homem reconhecida rapidamente por Maeve fez o corpo da jovem estremecer em raiva. — Diga-me, Maeve, pouparia mesmo Ivar, o desossado?

— Eu não tenho que responder essa pergunta para você. — os olhos azuis da sobrevivente foi direcionado a Heahmund, que estava atrás de Harald e se aproximando daquela pequena tenda, assim como Halfdan.

— Eu compreendo. Mas me pergunto o que sua família acharia de estar aliada a um grupo de bárbaros como esse.

— Você não entende nada sobre minha família, Heahmund. — a ruiva sentia a raiva crescer em seu peito por estar falando com aquele homem, era notório em sua fala e olhar. — E esse "grupo de bárbaros" a quem você se refere são meu povo agora. Eles me acolheram e estou aqui.

— Nem todos lhe receberam com tanta hospitalidade. — os olhos de Heahmund perambulava no rosto da jovem a sua frente, tão bela e única. — Então porque insiste em lutar por eles?

— O que eu faço não diz respeito a você... Bispo. — respondeu risonha, frisando muito a última palavra.

A risada de Harald, acompanhada com a de seu irmão Halfdan era ouvida por eles e interrompendo a conversa. Ambos sabiam que Maeve seria capaz de matar Heahmund com um único golpe de espada e isso causava um certo divertimento para eles ao ver que um homem cristão estava provocando ira na ruiva, ironicamente.

I See Fire - Ubbe RagnarsonOnde histórias criam vida. Descubra agora