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Brooke ficou chorando em meu colo por algum tempo até que levantou a cabeça e me olhou

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Brooke ficou chorando em meu colo por algum tempo até que levantou a cabeça e me olhou. O rosto inchado coberto pelas lágrimas. Passei a mão em suas bochechas para secar o quanto dava.

- Desculpa - ela disse apontando para uma blusa molhada

- Não tem problema. Quer falar o que aconteceu?

- Hã... Digamos que eu tenho problemas em
casa...

- Que tipo de problemas?

-O mesmo de sempre. Meus pais não se
importam muito comigo. As vezes me sinto muito sozinha. Quase toda madrugada venho para a praia e fico admirando as ondas quebrando. Porque muitas das vezes tenho a sensação de...

- De não pertencer a esse lugar... - Completei sua frase. Ela me olhou e assentiu - Nossa..

-O que? - ela me perguntou, agora parecia mais calma.

- Eu não fazia ideia de que você se sentia assim. Para mim você é toda durona. Nunca pensei que fosse se sentir como eu... - disse de cabeça baixa.

- Eu durona? Você é o cara que veste roupas de couro, óculos escuros e sai por aí atropelando as pessoas com sua moto - rimos da última parte.

- Parece que não somos exatamente o que o outro imaginava né, Brooke Scott?

- Pois é, Vincent Hacker.

Ficamos ali por mais um tempo. Momentos
constrangedores em que nos olhávamos sem dizer nada, outros em que ríamos e contávamos alguma coisa para o outro.

- Qual é a sensação de surfar? - perguntei por fim algo que quis saber a vida toda.

- Você nunca surfou na vida? - ela perguntou
incrédula.

- Você já pilotou uma moto? - retruquei.

- Ok... justo - ela riu - Mas é incrível, sabe? Você sente o vendo batendo em seu rosto junto com as gotículas da água salgada, ela brilhando refletindo a luz do sol. E uma sensação de liberdade, é Como se eu me conectasse com algo maior e mais
poderoso - ela disse com os olhos cheio de brilhos - E qual a sensação de pilotar uma moto?

- Quase a mesma que Você descreveu. O vento, O sol. Mas a sensação de liberdade, principalmente. Poder correr e sentir tudo voando ao seu redor, como se você fosse imbatível. Eu não me sinto só conectado a algo maior, eu sinto que sou esse algo maior. Como se nada pudesse me deter.

- Tão diferentes, mas no fundo somos tão iguais, Vincent Hacker.

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