59

161 12 0
                                    

Era cinco da manhã quando levantei

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Era cinco da manhã quando levantei. Usei o
banheiro e voltei para o quarto tentando fazer
menos barulho o possivel. Deixei meu lado do
quarto arrumado, pelo menos. Erao mínimo que podia fazer já que estava fugindo de casa.

Peguei minha mochila e conferi se tudo estava lá como eu havia planejado antes. Olhei para a minha jaqueta pendurada na porta. Eu me sentia mal por levá-la, mas não queria deixar para trás. Querendo ou não, ser motoqueiro faz parte de quem eu sou. Sempre me orgulharia disso. Vesti minha jaqueta.

Olhei para janela e vi o farol da moto de Sab
parando do outro lado da rua. Era minha hora de ir. Dei mais uma olhada naquele cômodo. Deixei algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto, eu nunca mais voltaria ali.

Fui até Bryce, ele roncava pesado. Observei seu rosto por alguns segundos. Seria a última vez que ouviria aquele som dele. Acariciei seu cabelo preto.

- Até mais, irmão.

Fechei a porta do cômodo que a partir desse
instante deixava de ser meu quarto. Do outro lado do corredor a porta estava entreaberta. Entrei e agachei ao lado da cama.

- Vou sentir sua falta. Prometo que iremos nos ver logo - beijei a bochecha de Linsay.

Eu a admirei dormindo por alguns segundos
também. Era incrível como eu era parecido com ela, mas óbvio que ela era a versão bonita. Me pergunto como ela estará da próxima vez que nos vermos. Espero que ainda me ame mesmo depois de abandoná-la nessa casa.

Agarrei a mochila nas costas, peguei a chave de minha moto. Passei pela porta de entrada da casa que agora era a porta de saída, sem volta.

- Desculpa a demora.

- Tudo bem - Sab sorriu descendo da moto - Imagino que deve ter sido difícil se despedir da casa.

- É... - disse dando mais uma olhada para a janela do quarto que agora pertencia somente a Bryce.

- Ei.. Vem cá - ela me abraçou - Vai ficar tudo bem. Agora vamos? Não quer deixar sua surfista esperando, não é?

Dirigimos pelas ruas desertas vendo o sol nascer ao nosso lado. O dia estava amanhecendo lindo, imagino que seja assim daqui para frente, quando eu me encontrar com Brooke.

Estacionamos nossas motos perto de um
quiosque. Sentamos na calçada por alguns
minutos conversando enquanto esperávamos.
Poucos minutos depois Brooke apareceu
acompanhada por Quinton. Eles vinham
caminhando.

- Vocês andam devagar - Sab riu.

- Pra que a pressa? - Brooke perguntou - Tenho a vida toda pra aproveitar ao lado dele - ela disse sorrindo e depois me dando um beijo.

- Meu Deus como vocês são fofos juntos - Sab fazia uma cara de apaixonada para nós dois e eu passei a mão no cabelo rindo de vergonha.

Brooke foi até Sab e segurou em seus braços e
depois a puxou para um abraço. Falou alguma
coisa no ouvido dela que fez Sab sorrir e seu olho encher de lágrimas. Não sei que ela disse, mas fiquei feliz de vê-las agindo assim perto uma da outra.

- Obrigado. Por tudo - eu disse puxando Quinton de canto.

- - Queria poder ter aproveitado mais nosso tempo juntos.

- Essa rivalidade idiota nos afastou - fiz uma careta e ele riu - Mas eu ainda te amo, cara.
Quero que venha nos visitar um dia.

-E claro. Acha que eu ia confiar minha amiga na mão de um motoqueiro - ele disse olhando de Brooke para mim e nós quatro rimos. Puxei Quinton para um abraço apertado.

- Não quero cortar o momento – Sab interrompeu - Mas acho melhor vocês irem.

- Tem razão. Não queremos arriscar tudo - Brooke concordou.

- E, mas tenho que levar você em outro lugar antes - disse para Brooke.

Sab ofereceu para levar Quinton de volta, e pela primeira vez vi um surfista montar na garupa de uma motoqueira. Peguei na mão de Brooke e a ajudei a descer o barranco que tinha. Depois a puxei correndo pela areia. No começo ela relutou e perguntou o que eu
estava fazendo. Mas então ela só passou a me acompanhar. Parei no meio da praia vazia.

- Lembra daqui? - perguntei.

- Como eu poderia esquecer - ela sorriu para
mim e olhou para a areia – Foi aqui que chorei
nos seus braços aquela noite, quando nos
conectamos pela primeira vez. Quando eu percebi que poderia confiar em você– assenti e a conduzi para sentar ao meu lado na areia.

-E foi bem aqui que dei o primeiro beijo em
você. Bem desse jeito.

Coloquei a mecha do cacho dela atrás de sua orelha como da última vez. Aproximei nossos
rostos e rocei com delicadeza seu queixo, fazendo com que seu rosto se aproximasse do meu. Pude sentir seu cheiro de coco, aquele que me acalmava toda vez que sentia por perto. Passei minha mão para seu pescoço e a puxei de vez para mim.

A beijei como se não fizesse isso há muito tempo. A beijei como se fosse a nossa primeira vez tudo de novo. Com a mesma paixão que planejava continuar beijando-a pelo resto de nossas vidas juntos.

Naquele momento, prometi a mim mesmo que
nunca iria machucá-la. Nunca iria decepcioná-la. Nunca iria desistir dela ou deixar que algo nos impedisse de ficar juntos. Com ela, eu só tinha boas intenções.

- Eu te amo, surfista.

- Eu também te amo, motoqueiro.

60's | V.H ✔︎Onde histórias criam vida. Descubra agora