Capítulo um

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A Coisa Mais Apavorante para mim nessa vida é ver as coisas fugindo do meu controle.

Ver tudo o que eu mais prezo ir por água abaixo em um piscar de olhos.

O celular apoiado na mesa de centro na sala da gigante cobertura que divido com meu namorado não dava um único sinal de vida, era como se ele tivesse sido desligado ou descarregado pelo longo tempo de uso.

Juntei meus cabelos em um coque e logo o desfiz agoniada, já faziam sete horas que o vôo dele havia pousado.

Fazia sete horas que ele havia mandado uma mensagem dizendo que logo estaria em casa.

As inúmeras hipóteses de tragédias passaram por minha mente logo na hora seguinte, não vivemos tão longe do aeroporto, eu poderia chegar lá apê em menos de meia hora.

Ligar para a delegacia e hospitais fariam a imprensa ficar enlouquecida por uma tragédia que pode nem existir.

Me levantei andei pela casa procurando em meus pensamentos uma solução para aquilo, talvez tenha muito trânsito ou talvez ele tenha reencontrado com alguns amigos, quem sabe ele simplesmente não sentiu saudades da família.

Funguei tentando não chorar quando voltei a me sentar no chão, coloquei meus cabelos para trás da orelha e peguei o telefone em mãos digitando rapidamente a minha primeira mensagem após todas aquelas horas "Oi, quando vem pra casa?" Tentando não parecer uma grande desesperada.

Mas a minha resposta foi o som da maçaneta, virei o pescoço para vê-lo enquanto deixava o telefone pacientemente sobre a mesa.

— Sete horas.

Ele levantou o pulso e encarou seu relógio caro.

— Não, já são quase dez.

— Sete horas que você pisou nesse país, é isso que estou dizendo.

— Agora não, Talya, eu tô cansado.

— Se estivesse tão cansado teria vindo para casa descansar, onde esteve?

Ele suspirou e fechou a porta.

— Não quero magoar você, então por favor, não me pergunte — Foi a única frase que saiu de seus lábios antes que ele se direcionasse as escadas.

— Do que você está falando?— Perguntei sem entender.

— Eu fui vê-la.

— A sua filha? Ela passou o dia comigo, foi embora pouco após as seis da tarde.

— Você sabe quem — A lágrima que escorreu por meu rosto reafirmou o que ele disse, eu realmente sei de quem ele fala.

— Por que?

Ele deixou a mala de lado e andou na minha direção deixando o sofá extremamente branco quase nunca usado entre nós.

— Porque eu senti falta dela.

— Já tínhamos resolvido isso, você disse que não ia acontecer outra vez, me prometeu que ia mudar e que não significava nada.

— Eu amo você e aquilo, ela, continua não significando nada.

Eu conhecia aquele histórico quando me envolvi, sabia muito bem o que diziam daquele caráter e ainda assim resolvi me deixar levar pelas belas palavras que ele me dizia.

— Eu vou embora.

Falei já andando em direção a porta, mas voltei para pegar o celular para um possível pedido de socorro o que deu tempo para que ele me alcançasse.

— Não faz isso, vem aqui — Me puxou me fazendo ficar perto — Você sabe que eu não fiz de propósito, eu nunca escolheria te magoar.

— Não é a primeira e nem a única vez.

— Eu amo você.

Senti meu rosto se molhar completamente com minhas lágrimas e com a voz engasgada com um única frase o fiz se afastar.

— Eu estou cansada.

Eder deu um passo para trás e passou a mão pelo rosto.

— Ainda vou estar aqui quando você quiser voltar.

Jealousy - Richarlison Onde histórias criam vida. Descubra agora