Capítulo onze

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— Até que enfim — Marília me abraçou levemente me puxando para o lado de fora da casa, o sol já havia sumido, mas as pessoas ainda estavam animadas — O pessoal já tá mais pra lá que pra cá, então só tenta se enturmar.

Olhei para todos aqueles rostos por ali, eu deveria estar acostumada a vê-los.

Eu passei um ano da minha vida me dedicando em fazer o melhor para mim deles e sequer conhecia quem conviva com ele.

— O que foi?— Minha madrinha perguntou.

Levantei os ombros sem saber o que dizer.

— Só é estranho — Minha voz falhou um pouco, olhei para as famílias ali presentes — É estranho estar sozinha.

— Sabe, Talya, as vezes a gente precisa sofrer pelos outros pra aprender a ser feliz sozinha — Falou tranquila — Vai lá, bebe alguma coisa e aproveita.

Quando ela se afastou reclamei baixinho "e de repente todo mundo tem uma frase motivacional".

Acompanhei a mulher até o gramado de sua casa, sentados em volta de uma mesa cumprida de madeira os companheiros de trabalho davam risada contando histórias vividas por eles.

Fui apresentada e meu padrinho puxou uma cadeira vazia para que eu pudesse me reunir com eles.

Tentei prestar atenção no que eles diziam enquanto via o copo de plástico ser cheio de cerveja bem diante de meus olhos, foi estranho tomar o primeiro gole após tanto tempo de esforçando para gostar de vinho.

Ao meu lado o cara com quem vou dividir o quarto essa noite parecia entretido como uma criança com um jogo no celular, ao seu lado uma criança com idade de criança parecia feliz em ver Richarlison jogar.

Eu realmente dei risada, bebi e comi uma boa carne mal passada. Durante duas horas até meu sorriso se desfez, meu coração pesou e eu só queria retornar ao quarto. Foi como se minha bateria social tivesse se esgotado esse tempo e precisasse urgentemente ser recarregada.

Richarlison agora bebia e falava quase sem parar interrompendo vez ou outra para fazer uma piada que arrancava risadas de toda a turma.

Abracei meu corpo coberto apenas por um short de pano (emprestada de Marília) e a camisa dos lakers (roubada do Richarlison) sentindo que precisava logo de um cobertor quentinho ou de qualquer coisa que pudesse me esquentar por dentro e por fora.

Mas iria ser tão estranho se eu simplesmente me levantasse e saísse, as pessoas achariam repentino ou anti-social. Talvez não notassem e eu acabaria tropeçando em meus próprios pés sendo pega fugindo de fininho. Qualquer situação que não ser a última a sair dali me parecia aceitável, mas eu gostaria tanto.

Tomei mais um gole da bebida gelada e olhei para aqueles rostos sorridentes, Everton parecia tão familiarizado com eles, sua família parecia conter todas aquelas pessoas. Até mesmo seus filhos buscavam colo dos conhecidos vez ou outra demonstrando carinho e afeto.

Quando o jogador ao meu lado se encostou na cadeira vi a oportunidade do aconchego que precisava, talvez eu não precisasse sair dali para ter um apoio.

Então de uma forma bem discreta apoiei minha cabeça em seu ombro como quem não quer nada, temi que ele dissesse algo que pudesse me constranger, mas ele só tocou os meus cabelos.

E pela primeira vez em muito tempo eu não quis brigar por ter meus cachos desmanchados.

Jealousy - Richarlison Onde histórias criam vida. Descubra agora