Jealousy - Richarlison

Capítulo dezoito

Eu deveria estar de ressaca.

Mas nunca me senti tão bem ao dormir depois de uma noite de bebedeira.

A respiração quente e suave próxima ao meu pescoço, o peso sobre a minha cintura, o sutil toque de seus dedos cumpridos sobre meus seios, suas pernas levemente inclinadas junto as minhas.

Tudo parecia perfeito.

Até que o senti se afastar e levar todo o encanto com ele.

Abri os olhos precisando piscar algumas vezes pra me acostumar com a luz, virei um pouco o rosto vendo que Richarlison já estava acordado e coçava os olhos tentando lutar contra o sono.

Uma parte de mim queria implorar para que ele voltasse a se deitar como antes, mas a outra ainda tinha sanidade o suficiente para não fazer isso.

— Quantas horas?— Cocei a garganta estranhando minha voz.

— Quase meio dia.

Ele respondeu se sentando, encarei suas costas bem desenhadas em perfeitos músculos que combinam com seu corpo magro.

Passei a língua entre os lábios.

— Ainda temos uma hora antes do anúncio — O lembrei — Pode voltar a dormir comigo por mais vinte minutos.

O ouvi rir.

— Se eu voltar pra essa cama você não vai sair dela em vinte minutos, Talya — Sussurrou como se fizesse uma confissão suja.

Obervei o homem alto atravessar o quarto rumo ao banheiro.

— Talvez já esteja na hora de começar a contar — Provoquei encarando o teto apenas para mim confiante de que o jogador do cômodo ao lado não poderia ouvir minha súplica.

Alcancei meu celular vendo as dezenas de notificações, todo mundo endoidando com a noite anterior.

As manchetes nos sites agora não mais só os futebolísticos estavam em destaque, a blogueira que levou dois jogadores de seleção ao seu extremo.

Deslizei meu dedo pela tela vendo que haviam vídeos de todos os ângulos da briga, não havia como negar que Éder Militão e Richarlison Andrade haviam de fato caído aos socos em uma boate lotada de celebridades e influentes.

Mas junto a eles haviam outros, vídeos comparando um antigo relacionamento com um suposto atual, comparando os olhares, os sorrisos, a forma em que eu parecia realmente estar de bem com aquela pessoa. O mais estranho? Eu não me lembrava de ser tão triste e contida nós momentos passados. Como se fossem pessoas diferentes naquelas imagens.

Limpei uma lágrima que escorreu sozinha por meu rosto, o que eu estou fazendo afinal?

— Acho que eu já te vi mais chorar que sorrir — Me assustei com o retorno do jogador.

— É melhor se acostumar — Falei me levantando.

Caminhei me arrastando até o banheiro agora vazio.

— Talvez a gente precise mudar isso — Comentou como quem nao quer nada quando tentei passar por ele.

— Ah é? E como você poderia fazer isso? — Encarei seus olhos em desafio.

— Vou te levar comigo pro Qatar.

— Talvez você nem seja convocado.

— Aí você vai ter companhia na arquibancada.

— Já não basta a surra que você levou ontem?

— Sabe, Taly, além do meu talento no futebol eu sou muito resistente a brigas por garotas bonitas.

— Está flertando comigo?

— Eu não ia, mas talvez isso deixe uma cicatriz — Apontou para sua bochecha — Então precisa valer a pena.

— Acorda, Richarlison, eu não vou cair no seu papinho — Deixei claro.

Ele deu um passo a frente chegando mais perto.

— Nem parece a mesma garota com remela nos olhos que estava me implorando por mais vinte minutos na cama.

— Eu não implorei.

— Mas você vai — Ele disse provocando segundos antes de deixar o quarto.