Capítulo trinta e um

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Talya Mendes

- Adivinhem onde eu tô?- Falei filmando discretamente - É, voltei aos juízos e depois de quase quatro meses pagando sem vir resolvi dar a cara na faculdade. O motivo? Finalmente eu tomei vergonha na cara e vim trancar.

Comemorei silenciosamente cobrindo a boca envergonhada quando tropecei no meu próprio pé.

- O motivo é que eu não tô mais na vibe de estudante, então quando eu resolver que quero voltar aí eu venho e vejo o que eu faço já que no momento a única coisa que me liga a esse lugar é a mensalidade.

Coloquei minha mão próxima a testa cobrindo o sol.

- Hoje eu saí pra ver alguns apartamentos que se encaixam no meu orçamento, fui ao banco resolver as pendências das minhas possíveis faturas e ate conversei com uma advogada - Contei impressionada - Então estou tendo um dia de adulta e odiando, sério, eu odeio falar por mim e tomar decisões. Parece que se tudo der errado a culpa é minha e eu não gosto de levar a culpa.

Continuei gravando alguns vídeos enquanto andava pela cidade fazendo um caminho que tanto eu quanto quem me acompanha conhece muito bem.

- Bom dia - Cumprimentei o porteiro.

- A senhora por aqui - O homem sorriu sem graça - Quer que eu avise que está aqui?

- Não precisa, eu ainda tenho a chave - Falei rumo ao elevador, me filmei no reflexo daquele espelho como sempre fazia fazendo com que as minhas redes sociais enlouquecerem.

Destranque a porta e passei por ela com um sorriso.

- Bom dia - Desejei a Renata, a senhora que sempre limpa tudo pela manhã.

- Talya menina, tá fazendo o que aqui? Por favor não faça confusão.

- Que confusão nada mulher, eu só vim buscar o que é meu. Faz um favorzinho pra mim, coloca tudo o que encontrar que é meu em uma sacola que eu vou levar embora, vou subir e pegar minhas roupas enquanto isso.

- A dona Fernanda não vai gostar disso.

- A "dona" Fernanda não é dona de nada, eu sou.

Passei por ela subindo as escadas e sem pensar duas vezes abri a porta do quarto principal.

- Parece até um flashback - Brinquei vendo o casal nu embaixo dos lençóis.

- Tá fazendo o que aqui?

- Vim buscar as minhas coisas, só isso.

- Não tem nada seu aqui - Fernanda disse com seus cabelos loiros perfeitamente alinhados como se ela não tivesse acabado de acordar.

- E é aí que você se engana, esses lençóis são meus, as cortinas são minhas e esse lindo tapete de choche que você está usando como porta calcinha também é meu - Abri um sorriso - Presente da vovó.

Entrei no closet e sem nenhuma dificuldade comecei a encher duas malas com tudo o que me pertence ali, deixando apenas algumas peças de fora já que essas com certeza haviam sido usadas pela outra.

- Para com isso, Talya - Éder fechou a porta do pequeno cômodo nos deixando sozinhos - Você tá percebendo o que está fazendo? Está encerrando de vez tudo o que vivemos.

- Não, isso já está encerado a muito tempo. Tem outra mulher dormindo na nossa cama, tem o perfume dela nas minhas roupas. Você seguiu em frente, tudo bem, eu preciso fazer o mesmo.

- Você tem certeza disso?- Ele me encarou nós olhos se aproximando - Acha que vai conseguir viver sem que a gente exista? Sem que eu a beije e te faça sentir como você sabe, só eu sei.

Senti seus dedos tocarem meu rosto nos deixando próximos.

- Você sabe, nada vai ser mais intenso e especial que a gente - Senti seu hálito quente contra minha boca - Me da uma chance, uma última chance.

- Eu tenho nojo de você - Falei com nossos rostos colados antes de me afastar de vez - A gente ainda vai se ver muito, mas eu espero que você finja que não me conhece, porque é o que eu vou fazer.

Jealousy - Richarlison Onde histórias criam vida. Descubra agora