Jealousy - Richarlison

Capítulo vinte

Virei o meu terceiro shot de cachaça.

— Mas eu sempre falei pra ela, eu falava "Menina cê para de ser boba porque você faz de tudo por um homem que não faz questão de te ter só lado" mas entrava por um ouvido e saia pelo outro, Talya nunca nem saiu do país, tá com dívida até o pescoço e não fez nenhum cursinho de idioma — Minha tia não parava de falar mal de mim — Do que adiantou todo esse sofrimento? Não adiantou nada, mas ela é igualzinha a minha irmã. Minha irmã mãe de Talya era assim na adolescência, vivia de paixões, se doava por inteira e no que deu? Sofre até hoje a minha irmã.

— Acho que todo mundo já entendeu tia — Quase implorei pra que ela parasse.

— Teve uma vez que Talya arrumou tudo, deixou tudo bonitinho pra quando ele viesse. Era o que Talya? Seis meses juntos? Seis meses contando assim ne, ele quatro meses lá e dois chorados aqui — Virei meu quarto shot — Ela toda arrumada com presentinho e tudo, aí adivinha? Ele nem pisar no país pisou, tava em Maldivas aproveitando os dias que ganhou de folga com os amigos. Aí eu falei pra ela " passa no crédito e vai ver o que teu homem tá aprontando" mas a teimosia dessa garota é de outro mundo.

— Quem quer mais salada? — Everton falhou em me salvar.

— Voce vai ver — Olhou pra Richarlison — Talya é totalmente desprovida de talentos para relacionamentos, não gosta de carinho, não dá bola pra nada. Por isso que os homens aproveitam. Aproveitam desse jeitinho dela porque sabem que nada vai mudar.

— Talvez a senhora devesse aceitar que nem todo mundo nessa vida age de acordo com o que a tia Brenda acha certo — Rebati.

— Tá vendo como ela é? Já está na defensiva — Comecei a balançar o pé em uma mania idiota de conter a língua.

— Talvez seja porque estou sendo atacada.

— Atacada, Talya? Família não ataca não, família quer o bem.

— Não é o que eu tô entendendo com todos esses assuntos sendo revirados em um churrasco de comemoração que não tem nada haver comigo.

— você não frequenta a casa da sua família, em que outro momento eu poderia ajudar você? Mas é muito mal educada mesmo, mal educada e mal agradecida.

Eu agradeceria se a senhora fosse embora.

Senti o peso da mão de Richarlison sobre minha coxa, encarei o gesto e pensei que talvez meu pé o estivesse incomodando. Então tentei parar o gesto involuntário.

— A senhora acabou de dizer que eu sou "desprovida de talentos para relacionamentos", disse que eu sou uma otária com letra O e agora me chama de mal educada.

A mesa se mantinha em silêncio, todos assistindo mais um momento de guerra da família Mendes, a maioria deles já acostumados.

— E agora é errado dizer a verdade? Tudo o que eu estou dizendo aqui é pro seu bem e cá entre nós, não é novidade pra ninguém. Todo mundo pensa igual a mim, só que só eu tenho boca pra falar.

— Quer saber — Me levantei colocando meu copo sobre a mesa — Boa noite.