Capítulo trinta e dois

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Me abaixei ao lado da fogueira improvisada.

— Se você for chorar que seja a última vez — Tia Brenda disse — Não se esqueça que junto com as lembranças a gente queima todos os sentimentos, tudo acaba aqui.

— Nem sei se eu ainda tenho lágrimas, eu chorei demais esses últimos meses — A lembrei — Eu fico triste porque eu tô muito bonita nessas fotos.

— Meus vizinhos vão chamar a polícia — Marília avisou chegando no quintal de sua casa — Isso é alguma espécie de macumba? Invocação demoníaca? Ou é algum tipo de teoria pra trazer o homem amado em sete dias?

— É so o jeitinho brasileiro que acabar com um relacionamento fracassado — Encaramos minha tia virando a garrafa de tequila no gargalo — A outra é com álcool.

Marília encarou a garrafa estendida na sua direção.

— Eu tenho filhos, filhos fofinhos — Revirou os olhos.

— Ainda bem que eu não — Me levantei pegando a garrafa, senti o liquido quente descer pela minha garganta queimando.

Tia Brenda me deixou com a garrafa enquanto ia ligar o som, Marília implicou pedindo para abaixar a música, mas ninguém bate de frente com a nossa tia.

A mulher baixinha, gordinha e com o cabelo curto ondulado carrega uma autoridade que ninguém mais em nossa família tem. Acima dela só a vovó, que é a mãe dela.

— Deixa a menina beber até a ficha dela cair, a gente vai saber se ela ainda ama aquele traste.

— Aí eu odeio esse música, vou trocar — Avisei de longe voltando pro interior da casa — Boa noite padrinho — Desejei passando por ele que dava comida ao filho mais novo na cozinha.

— Boa noite, afilhada — Ele desejou — Pode por favor não vomitar em lugares de difícil limpeza hoje?

Me lembrou o meu feito adolescente e humilhante durando uma viagem de família para a praia.

— Relaxa — Falei mexendo na caixa de som.

Jealousy - Richarlison Onde histórias criam vida. Descubra agora