capítulo 4.

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Maya Rizzo Lima


Os dias em que precisávamos conciliar as aulas presenciais na faculdade e o estágio eram sempre os mais corridos. E hoje à noite ainda tem o jogo do Barcelona, o que deixava o horário ainda mais corrido.

Durante essa passada inteira e parte dessa semana, fomos avaliados de forma mais rigorosa em tudo que fazíamos no CT. Antônio nos comunicou que alguns de nós teriam a primeira oportunidade de estar não só presentes no jogo de hoje, algo que como funcionários poderíamos estar sempre, como também estaríamos em campo juntamente com a equipe médica do time.

Eu poderia não estar diretamente ligada no tratamento dos atletas, mas só de poder acompanhar todos os especialistas incríveis de perto e principalmente na prática, visto que temos contato com eles diariamente, já seria um sonho.

Levanto-me do meu assento e entrego minha avaliação do meio do semestre ao professor responsável. A aula dele, que era sobre reabilitação em lesões de joelho e tornozelo em atletas de alto nível, é sem dúvida alguma, a minha preferida.

— Que prova foi essa? — Sara parou ao meu lado enquanto massageava suas têmporas – Ele queria acabar com a gente.

—  Você sabe que eu adoro as aulas dele – ela assentiu enquanto caminhávamos para o estacionamento – mas estava muito complicada. E eu também não consegui estudar o tanto que queria. Espero que a gente tenha ido bem.

— A gente passa. – cruzei os dedos após a fala dela e suspirei.

Uma das coisas que o Barcelona avaliou antes de considerar cada um dos candidatos como aptos ao programa de estágio, eram as boas notas. E isso era uma coisa que tínhamos que manter.

Ou seja, não passar não era uma opção.

— Eu to tão cansada. – abri a porta do carro da Sara e me joguei no banco do carona. – E com fome também. – assim que a loira entrou e ligou o carro, saímos dali.

— Podemos parar para comprar alguma coisa no caminho e vamos comendo no carro mesmo. – assenti – Vamos passar na sua casa primeiro, comer e depois vamos direto para o Camp Nou.

— Eu sei. O Antônio pediu para que a gente chegasse, pelo menos, duas horas e meia antes da partida começar. – entrelaço minhas mãos uma na outra e começo a apertar meus dedos.

Era um hábito que acabei adquirindo com o tempo na tentativa de controlar minha ansiedade.

—  Eu também to um pouco nervosa – Sara me encarou e desceu o olhar para minhas mãos, mas rapidamente voltou sua atenção para a estrada. – Mas sei que tudo vai ocorrer da melhor forma possível.

Meu coração quase saltou pela boca no dia em que Antônio disse que eu, a Sara, e o Matteo, que era um dos meninos que estagiava conosco, obtivemos um excelente desempenho e por isso estaríamos em campo na próxima partida, que é a de hoje.

Eu estava me dedicando ao máximo e não exista recompensa melhor do que essa.

Passei no meu apartamento apenas para deixar a mochila da faculdade e pegar a outra que continha o uniforme padrão da equipe médica e comissão técnica, que foi disponibilizado pelo clube, uma muda de roupa e alguns itens pessoais também.

— Quer que eu vá dirigindo dessa vez? – falei antes de ajustar o cinto de segurança, ela negou e arrancou com o carro. – Tudo bem. Agora me responde outra coisa: por que você fica buzinando loucamente? Não sei se você sabe, mas não sou dona do prédio.

— Isso é para não dar tempo de você pensar que pode parar um pouco. Que se isso acontece, você perde a noção do tempo e se atrasa.

— Não vou discutir com você sobre isso. – cruzo os braços – Mas tenho vizinhos também e não tenho certeza se eles gostam tanto quanto eu de ouvir o adorável som que seu carro faz. – ironizei e ela revirou os olhos.

— Tudo bem. Vou tentar parar um pouco com isso. – olhei para ela e agradeci. – Você trouxe tudo?

— Sim.

- Até a roupa para seu encontro com Pedri? – neguei com a cabeça. – Por que não?

— Adiamos mais uma vez. Vamos sair amanhã. Vai ser melhor assim. – ela balançou a cabeça em concordância.

Era, no mínimo, a terceira vez que adiamos nosso encontro.

A verdade é que a nossa semana tem sido tão intensa que nossos horários simplesmente não estavam batendo.

Ele com os treinos e as campanhas de publicidade que tinha para fazer. E eu com as provas e aulas para elaboração do TCC.

E particularmente achei melhor que não sairmos logo depois do jogo. Pelo menos não no nosso primeiro encontro.

Fora que ele precisa se concentrar 100% nesse jogo e ele estaria cansado também.

Não seria justo ele organizar tudo e não poder aproveitar.

Until I Found You | PEDRI GONZÁLEZOnde histórias criam vida. Descubra agora