Capítulo 2. Professora Arco-Íris.

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O relógio era pequeno em um tom de lilás estava na mesa de Íris, um objeto barato mais o som do tique-taque costumava trazer segurança para ela, um ruído branco que era estranhamente reconfortante

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O relógio era pequeno em um tom de lilás estava na mesa de Íris, um objeto barato mais o som do tique-taque costumava trazer segurança para ela, um ruído branco que era estranhamente reconfortante.

Passava das 17h, suas crianças já haviam saído a uma hora, olhou para o céu que não estava mais tão azul, ele tinha um tom de cinza, anunciava uma chuva que começaria em breve. O encarou por uns instantes se distraindo do trabalho de suas crianças e pensando que horas começaria a chover. Foram poucos segundos que ela olhou distraidamente. Íris voltou sua atenção aos trabalhos de suas crianças.

Adorava observar a criatividade de algumas delas, gostava de ver como elas descobriram as coisas nesta fase da vida, tudo era tão novo e divertido.

A curiosidade e o encantamento que eles tinham com tudo ao seu redor as expressões de quando descobriram algo novo. O fascínio que havia em seus olhos enquanto exploravam esse mundo tão grande. É algo que em algum momento os adultos perdem o fascínio e encantamento pela vida, tudo se torna tão banal.

— Íris? — Hellen chamou

Hellen era o que Íris mais detestava sobre a face da terra. Se fingia de boa moça, com respostas quase sempre passivas e agressivas. Talvez fosse seu jeito feminino, sua baixa estatura ou sua voz fina. Um lobo em pele de cordeiro. Com o tempo ela aprendeu a desviar como um rio já que a convivência era inevitável e por algum motivo a diretora da escola onde trabalhava tinha um grande apreço pela mulher.

— Sim. — Respondeu enquanto deixava carimbo e adesivo nos trabalhos das crianças, não fez questão de levantar os olhos, era apenas cordial.

— Você pode me ajudar com coisinha pras minhas crianças?

Ah, as durezas de ser uma professora substituta. Íris foi contratada para cobrir a licença maternidade da escola. Sabia que seria por pouco tempo, mas não sabia que seria constantemente explorada por outras professoras e Hellen era a rainha de pedir "favores". Já passava das 19h quando Íris terminou de fazer os trabalhos e desenhos para a professora Hellen.

Os corredores estavam vazios, as portas estavam todas fechas, o lugar cheio de brilho e risadas parecia mais uma casa mal assombrada abandonada por todos.

Havia apenas o segurança da escola em posto como era de costume.

— Saindo tarde, professora? — Perguntou o segurança, um senhor de meia-idade e careca.

— Tive muito trabalho a fazer e tenho muito mais ainda. Até amanhã!

Íris se despediu animadamente, tentou não mostrar seu descontentamento pela atitude de Hellen, as pessoas não tinham culpa das mazelas de sua vida. O caminho até sua casa não era longo, mas precisava pegar um ônibus e andar por alguns minutos.

Caminhou até o ponto de ônibus que ficava duas ruas a sua frente, o vento gelado soprava sem piedade em seu rosto, a sensação de frio era crescente, foi um dia ruim para esquecer o casaco. As primeiras gotas de chuva já molhavam o asfalto escuro que era iluminado pelas lanternas dos carros.

Refém por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora