Sentada em um dos bancos da praça, Íris observava atentamente as crianças correndo e brincando despreocupadas. Ela sabia que aquele era um ambiente seguro, um lugar onde os pequenos podiam se divertir sem medo. O que antes era um terreno abandonado, transformou-se em uma bela praça graças à iniciativa da escola local e à ajuda dos pais dos alunos.
Com o passar dos anos, a escola continuou cuidando da praça, mantendo os brinquedos, bancos e jardins sempre limpos e bem cuidados. Mas a praça não era apenas para os alunos e suas famílias. Ela também se tornou um espaço aberto para toda a comunidade do bairro, onde as pessoas podiam passear, relaxar e aproveitar a natureza em meio à cidade.
— Cuidado Clara — Iris avisou a menina que corria olhando para os colegas que estavam para trás, Clara era uma menina muito feliz e alegre, adorava brinca mais era um pouco estabanada também, sempre se arranhava ou caia.
Oliver se aproximou devagar, um leve sorriso brotando em seus lábios enquanto Íris olhava para ele. Seus olhos encontraram os dela e ela sentiu seu coração acelerar. Ela não conseguia entender como alguém podia parecer tão calmo e seguro em uma situação tão difícil. Oliver tinha sido sua âncora, sua rocha, sua única esperança em meio a um mar de incertezas. E agora, enquanto ele se aproximava, ela se sentia mais segura e protegida do que nunca. O calor do sol da tarde brilhava em seu rosto e o vento balançava levemente seus cabelos. Ela sentiu uma suave brisa passar por seu corpo e se perguntou se Oliver sentiria o mesmo. Ele estava tão perto agora, que ela podia sentir seu perfume fresco e agradável. Ele parou na frente dela e seu sorriso se alargou, iluminando todo o seu rosto. E, por um momento, Íris esqueceu todas as suas preocupações e apenas se perdeu naquele sorriso sincero e caloroso.
— Arco Iris. Vim me despedir de você. — A voz de Oliver era tão doce e serena que deixou a jovem sem entender o que estava acontecendo?
— Você não pode ir embora assim.
— Estou cansado de brigar contra isso.
O sorriso de Oliver sumiu, seu rosto se transformou estava pálido ela não sentia mais o seu perfume apenas o cheiro de sangue e em suas roupas começaram a surgir manchas de sangue nos lugares que ele havia sido estaqueado.
— Você vai me deixar sozinha? — Íris olha para Oliver. — Por favor, não vá embora, tenho tanto para te falar.
— Diga agora.
— Não posso, só não desista e venha me encontrar.
Íris acordou com uma sensação de sufocamento, como se estivesse saindo de uma piscina. Ela abriu os olhos e observou a sala de estar de Oliver, reconhecendo imediatamente onde estava. Seu coração acelerou ao perceber que seu celular não estava com ela, e a ausência do dispositivo a deixou preocupada. A lembrança do que havia ouvido anteriormente, antes de dormir, a fez sentir como se tivesse perdido algo importante e urgente.
Enquanto tentava se levantar do sofá, a porta da sala de estar se abriu e Patrícia entrou, segurando uma xícara de café quente. Ela entregou a bebida para Íris sem dizer nada, o que a fez se perguntar se estava sendo observada ou se havia alguma coisa que não deveria saber.
Íris pegou a xícara de café e agradeceu silenciosamente a Patrícia, que permaneceu em pé ao lado dela, parecendo desconfortável. Enquanto tentava recordar o que havia acontecido na noite anterior, ela olhou para Patrícia, tentando ler seus pensamentos. Era difícil decifrar a expressão da mulher, que parecia estar escondendo algo.
— Posso? — Patrícia apontou para o sofá.
— Sim.
Ambas ficaram em silêncio, mas o peso da culpa e do arrependimento em Patrícia era tão tangível que parecia pairar sobre elas. Finalmente, depois de vários minutos, a voz da moça soou baixa e trêmula.
—Me desculpe, Íris —, ela sussurrou, quase em um lamento. O coração de Patrícia batia tão rápido que parecia que ia sair pela boca. A única coisa em sua mente era a imagem de Oliver morto.
—Isso foi com a família Servin —, continuou ela, com a voz cada vez mais baixa. —Oliver atacou todos e eu apaguei seus rastros, ajudei-o e expliquei como fazer tudo. O que usar para limpar, como desligar as câmeras. Um suspiro de culpa escapou dos lábios da moça. Quando perdi Luan, já estava na polícia —, continuou ela, com a voz carregada de tristeza. — Não conseguia acreditar que as pessoas podiam ser tão bárbaras. Mataram ele sem piedade, nem sabiam quem ele era. O homem da minha vida para eles era uma barata ou menos. Eu queria que eles morressem, queria que todos sentissem a dor que eu senti. Mas isso não traria Luan de volta. Apoiei Oliver em sua caçada, mas isso não nos ajudou a lidar com a perda. Oliver afundou todos os homicídios na gaveta e eu simplesmente me senti pior do que antes."
Iris colocou a mão no ombro de Patrícia, seus olhos transbordando de compaixão. A moça tinha lágrimas rolando pelo rosto.
— E por isso ele foi atrás de vocês — disse ela, sua voz suave e gentil. — Lamento.
— Está tudo bem — Era apenas isso que Íris tinha a dizer, não era verdade, ela havia atirado e matado um homem. Talvez fosse o instinto de sobrevivência dela. — Posso tomar um banho?
— Claro, vai lá. Preciso resolver algumas coisas.
Íris pegou suas coisas que estavam no quarto de Oliver, sua mala ao lado da dele. Todas as coisas dele ainda estavam lá, mas e ele? Haveria uma sensação pior do que essa? Ela entrou no banheiro o mais rápido que pôde, encarando aquela cena de pensar que Oliver não voltaria para casa, que a mala dele ficaria ali para sempre, daquela forma, sem se mexer.
Depois de sentir a água quente batendo em seu corpo, ela começou a relaxar. Pensava em como poderia ajustar essa situação com Oliver. Mal tinha conseguido conversar com Gabi, e não sabia o quanto ela entendia do que estava acontecendo. Será que ela sabia que Íris havia atirado em um homem?
Assim que terminou o banho, o reflexo no espelho parecia mostrar um fantasma. Íris sentia que não iria conseguir dormir com a sua consciência enquanto Oliver não acordasse.
Havia uma luz intensa que parecia cegar Oliver, provocando uma dor insuportável que o fazia sentir como se estivesse sendo esmagado por uma bigorna. O médico se aproximou dele e perguntou:
— Bem vindo de volta Oliver, como está se sentindo? — O médico então apontou uma luz em seus olhos para verificar sua reação. — Pelo visto está bem
— Olá, como está se sentindo?
— Minha cabeça está pesada — ele respondeu com dificuldade, sua língua parecia pesada e sua boca estava seca. — Onde está minha esposa? — Oliver queria saber de Íris, saber como ela estava, se tinha acontecido algo com ela.
— Vamos chamar, fique calmo.
O médico tranquilizou Oliver que depois de suas palavras voltou a dormir devido a sedação. Por mas que os dois segundos que ele voltou a consciência parecesse pouco para pessoas comuns para os médicos era um sinal positivo.
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Refém por Engano
RomanceUma professora infantil que se torna alvo de ameaças após ser confundida com a namorada de um Delegado da Polícia Federal. Juntos eles tem que se afastar de todas as pessoas que amam para segurança delas e deles mesmo. Sabendo que eles tem que come...