N.A.:É difícil não falar dessa história sem me alongar.
Primeiro porque ela foi o primeiro romance que escrevi, então tenho um carinho imenso só por esse fato.
Costumo dizer que ela foi como um presente o qual trabalhei com muito afeto. Há de perceber que a escrita possa parecer ingênua boa parte das vezes, talvez até crua demais, vacilante, mas o amor por escrever foi mais alto do que todo aquele perfeccionismo que persegue qualquer um que escreve.
Mesmo editando o manuscrito original, me presto a somente retirar os excessos e deixar o texto polido, sem mexer na trama original ou no decorrer dos fatos, deixando exatamente como o fiz.
Segundo que a mantive guardada comigo como um pequeno tesouro o qual alavancou que eu escrevesse outras coisas, e terceiro e não menos importante, talvez você que já leu outras coisas minhas se questione "eu acho que já vi isso antes..." E provavelmente, quando perceber, vai falar "ah, já sei!"
E, depois de me dedicar os últimos tempo a escrever sobre assuntos delicados e personagens tão complexos, essa história soa como um afago para deixar o coração de quem lê quentinho na medida do possível.
Afinal, é difícil não se deixar levar quando tudo acontece em plena ebulição juvenil no começo dos anos 2000.
No mais, espero que aproveite a leitura tanto quanto eu tenho em compartilhá-la.
Estou tentando não pensar que estou nervosa.
Na verdade, não sei o que tanto me apavora. Quer dizer, eu sei o verdadeiro motivo.
Já é ali na esquina. Meu estômago embrulha e sinto meus ombros rígidos, mas não sei se é por causa da tensão ou do peso que peguei antes do almoço. Papai vai ficar bem sem eu estar lá?
Tranco minha bicicleta com as outras no outro lado, e olho para o relógio. Mesmo saindo com antecedência, consegui chegar atrasada. Já são 14h35, e não tem mais ninguém na frente além do porteiro que está com uma cara de quem não está a fim de abrir o portão. Dou boa tarde e mostro a carteirinha.
— "Curso pré-vestibular, sala C..." Sabe que já passou do horário, não é, mocinha?
— Eu sei, me desculpe, mas é que eu vim do trabalho e foi o mais cedo que consegui sair... Não tem mais como eu entrar mesmo?
Ele me olha dos pés a cabeça. Talvez minha roupa surrada do trabalho tenha passado alguma credibilidade, já que ele abre o portão em seguida.
— Não se preocupa– ele responde afastando o portão de ferro – Só não deixar ninguém saber.
— Valeu, obrigada!
Ele agradece com um aceno e adentro no local. Alguns alunos uniformizados vagam pela área da merenda. Esse prédio é enorme. Três andares de escola é muita coisa... Olho de um lado para o outro atrás de alguma indicação de onde fica minha sala, mas continuo não me encontrando até que, na parede perto da xerox, vejo um mapa do local. A sala fica no final do segundo corredor, última sala. Caminho até lá.
É difícil não se sentir nervosa no primeiro dia de aula. Será que tem alguém que consegue ficar tranquilo chegando em um lugar novo no qual não conhece ninguém?
Quando abro a porta com o número gravado, me deparo com a sala, grande como um auditório, parcialmente escura. O rosto projetado no quadro de uma mulher conversando com um homem passa e, usando essa deixa, tento passar silenciosamente pelas cadeiras, mas sem muito sucesso.
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Retas paralelas se encontram no infinito?
RomanceEm um cursinho pré-vestibular, o acaso faz com que duas garotas se encontrem. Amanda é gentil, dedicada e otimista. Hǎi yún é antissocial, desinteressada e pessimista. Amanda é quente como um raio de sol. Hǎi yún é fria como um dia de chuva. O que p...