Minha mãe então o cântico emocionada na igreja ao nosso lado, balançando as mãos em louvor. Eu e meu irmão observamos o que está acontecendo bem em nossa frente.
A mulher do banco à nossa frente vez ou outra olha pra cá. Vejo-a de vez em quando no terço que acontece aqui na igreja. Ela olha pra cá, cochicha alguma coisa pra pessoa ao seu lado e vira. André que notou isso primeiro, me olhando de relance como se perguntasse se também estou vendo isso.
Pensei que era impressão, mas é para nós mesmos. Ignoro até o final da missa, e quando estamos saindo de lá, ela faz isso mais uma vez, nos olhando dos pés a cabeça e depois tentando disfarçar.
Minha mãe também percebe, mas não fala nada na hora, só comentando quando chegamos em casa. Meu pai não está se sentindo tão bem, então ficou deitado no sofá vendo televisão.
— Tomou seu remédio, meu filho? – minha mãe fala assim que entra, e ele confirma que sim – Ah, nem te conto! A Raimunda, aquela do terço, que vende pelas revistas? Ela ficou nos secando a missa toda! Quase que viro e pergunto pra ela qual era o problema.
— Talvez se incomodou com a beleza de vocês – ele diz rindo – porque ela queria ser assim também.
André está mais calado que o normal. Faz o almoço enquanto ajudo a arrumar a casa, comemos, passamos um tempo juntos, durmo à tarde. Na hora que acordo, vejo que minha mãe saiu com meu pai. Bem estão na casa do tio.
Já a porta do quarto do meu irmão está aberta. Ele está lá, sentado, com as mãos apoiando o queixo, pensativo. Não é como se ele tivesse com raiva, ou triste, mas é como se ele não estivesse aqui.
— André, o que tu tem? – pergunto batendo na porta, me apoiando de lado na parede. Ele se assusta. Estava distraído mesmo.
— Ah, não é nada não, relaxa.
— Nada mesmo?
As pessoas próximas de nós costumam falar que admiram o fato de nos darmos tão bem. Normalmente, irmãos brigam muito, mas poucas vezes discutimos. Quando isso acontece, é por pura implicância.
Ele não é só meu irmão. Ele é meu melhor amigo. Conhecemos tão bem um ao outro que dizemos coisas um ao outro só de olhar, e justamente por isso que sei que ele está incomodado com alguma coisa e não sabe como dizer.
Ele nega de novo, mas é ainda menos convincente. Talvez ele queira mesmo ficar sozinho.
— Tudo bem, qualquer coisa... – aponto pra cozinha, e dou as costas para ele.
— Amanda – ele fala antes que eu dê meu segundo passo – desculpe, eu quero conversar sim.
Dou meia volta e entro no quarto, encostando a porta e me sentando do seu lado, apoiando a mão na sua perna.
— O que aconteceu?
Ele engole em seco, olhando pra frente, as pernas balançando contra o chão, os lábios cerrados.
Meu coração começa a acelerar daí, mas... Se ele quer conversar comigo, seja lá o que for, eu vou ouvi-lo porque sei que ele faria o mesmo por mim.
Ele está nervoso, e pelo que bem o conheço, deve ter pensado em falar várias vezes e não sabe como até agora. Por isso está mais tenso que o normal.
Mas, ainda assim, seguro sua mão e junto a minha, como um sinal para ele continua, que estarei aqui.
— Amanda – ele pressiona os lábios, e aproxima minhas mãos a ele, encarando a esmo antes de olhar pra mim – eu quero te perguntar uma coisa.
Minhas mãos começam a tremer, e ele percebe.
— Eu quero que seja sincero comigo, por favor – sua voz é suplicante, e ele segura com mais firmeza minhas mãos.
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Retas paralelas se encontram no infinito?
RomanceEm um cursinho pré-vestibular, o acaso faz com que duas garotas se encontrem. Amanda é gentil, dedicada e otimista. Hǎi yún é antissocial, desinteressada e pessimista. Amanda é quente como um raio de sol. Hǎi yún é fria como um dia de chuva. O que p...