Capítulo Seis

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Segunda-Feira — 10:15

  A noite depois de Camila passou de uma maneira extremamente lenta. Primeiro, porque estava com dor de cabeça, não era forte, mas insistente e me forçou a dormir cedo. Segundo, porque me senti ansiosa. Muito, pensando no que fiz de errado para que Camz me mandasse embora. Não ajudou nada não ter uma resposta quando mandei mensagem perguntando se ela tinha chegado bem.

  Fiquei tão ansiosa que quebrei uma regra que tinha feito a mim mesma há um tempo e pesquisei Camila nas redes sociais. Com a minha enorme queda por ela, era de se esperar que eu já a seguisse, mas na verdade não era bem assim. Se eu seguisse Camila, iria largar qualquer coisa que estivesse fazendo a cada nova postagem ou stories dela. Iria me sabotar vendo ela responder comentários de alfas bonitos flertando com ela, iria encher minha galeria de print de suas fotos como uma stalker, e no final, quando o ensino médio acabasse, ela ainda existiria para mim. Como poderia planejar um futuro com o fantasma dela fixado no meu feed a cada vez que entrasse no Instagram

  Ela tinha cerca de onze mil seguidores e seguia de volta umas trezentas pessoas. Haviam mais de quarenta postagens, todas pareciam serem feitas por fotógrafos profissionais, embora fossem casuais. Na sua bio não dizia muita coisa além de “Você é a linha tênue entre ter fé e esperar às cegas", frase que, ao jogar no google, descobri que era de um livro chamado Milk and Honey.

   Meus dedos imploravam para que eu tocasse em uma das fotos e descesse para ver cada postagem, mas não fiz isso. Apenas olhei o perfil dela superficialmente e saí da página, sem ver todas as fotos, porque tinha certeza que dependendo do que visse iria acabar chorando e piorando a crise ansiosa que eu já me encontrava, onde tudo que se repetia na minha cabeça era o modo como ela me mandou ir embora, ela estava chateada? Eu pressionei demais? Eu só estava tentando ajudar, mas talvez tenha passado algum limite.

   De manhã ainda estava com dor de cabeça, me questionando se valia a pena ir para a escola, mas acabando por ir porque de qualquer forma teria que acordar cedo e levar Tay e Chris na deles de carro. Quando cheguei no estacionamento, o porsche preto de Camila não estava lá, me deixando ainda mais preocupada. Eu procurei ela com os olhos pelos corredores durante os intervalos entre as aulas, mas nada. Agora, encarando a mesa dela no refeitório eu tive a certeza que Camila faltou.

— Você vem?  — ouvi Mani me perguntar enquanto apontava em direção a mesa onde Lou e Vero estavam.

  Concordei com a cabeça, e, pelo canto evitando as três mesas do meio, acompanhei Normani pensativa. Se Camila tivesse faltado, alguma coisa deveria ter acontecido com ela, não podia ser sobre mim, até porque, quem raios eu acho que sou para achar que a ômega faltaria por mim? Essa ideia nem passou pela minha cabeça. Será que ela estava bem? 

   Olhei em direção a mesa dela de novo, agora notando que Dinah-Jane também não estava lá. No entanto, ela não tinha faltado, era até fácil encontrar ela aqui. A alfa loira havia reivindicado uma mesa só para ela no canto do refeitório, no canto oposto a onde nossa mesa estava. Todos estavam curiosos do motivo, tanto dela ter se isolado quanto da ausência de Camila, mas ninguém era tão idiota para perguntar.

— Souberam que ela quebrou o rosto de Keaton terça?  — Lou perguntou assim que nos sentamos.

— Fofoca é a função da Verônica.  — Mani implicou e ele empurrou ela de leve.

— Por isso mesmo fui eu que contei ao pequeno Lou.  — ela colocou os cabelos soltos atrás dos ombros.  — O corredor alfa só fala de como o Keaton apanhou como um saco de pancadas. Odeio ter perdido esse show.

  A menção da briga me fez arrepiar. Lembrei do rosto machucado de Keaton, daquela multidão apoiando toda a bagunça, a sensação de pânico. Quis me bater por ficar remoendo essas coisas, mas com a dor de cabeça, mal conseguia pensar coerente para me recriminar, então só encostei as costas na parede e Louis me encarou com empatia.

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