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Notas!
------------Quinta-Feira – 11:21
Eu acho que estou ficando obcecada por Camila. Desde que fui embora na sexta-feira até vê-la de novo no sábado, usando um cropped rosa bebê e uma calça larga (que a fez cair seguidas vezes na pista de patinação, e eu tive que lutar para parar de rir e ir levantar ela), não consegui parar de pensar nela, se estava bem, se tinha bebido água, se estava comendo direito, me senti uma mãe, mas não conseguia evitar. Foi só ela se despedir no fim da tarde, indo embora com um milkshake na mão e me deixando com marcas de batom em quase todo o rosto que o sentimento voltou com força. A menos que estivesse me matando de estudar, ou que ela estivesse comigo, um senso de proteção sobre ela me consumia, aliás, penso que quando ela está comigo ele se torna ainda pior, fico olhando para todos os lugares e pessoas, como se o mundo quisesse machucar ela, e eu fosse a única barreira contra isso. Completamente paranóica.
Vê-la nos intervalos também parecia diferente agora. Antes eu conseguia lidar bem com nossos grupos separados, nossas realidades paralelas, mas agora sentia uma dorzinha incômoda no peito sempre que a via à mesas de distância de mim, sorrindo para alfas insuportáveis que aproveitariam qualquer oportunidade para roubar ela de mim, falando alguma coisa que fazia todos ao seu redor calarem a boca para prestar atenção, fascinados e eu nem sequer poderia escutar. Achei que a escola seria complicada para ela e sua ômega interior – extremamente fofa – territorial, mas me enganei. Era insuportável para mim também.
Quando fui para casa na sexta passada, levando Chris comigo para buscar Taylor, pesquisei muito sobre o que poderia significar o que aconteceu quinta à noite, e isso incluiu fazer uma vídeo chamada com Keana e falar sobre isso. Achei algumas coisas de sites duvidosos que pareciam fanfics sobre conexões antes da mordida, mas sempre eram entre alfas e ômegas, e Keana achava que eram coisas falsas e romantizadas. Cheguei a procurar vídeos e, cansada e com várias redações para fazer para faculdades, acabei me obrigando a acreditar no que mais fazia sentido: a ômega interior dela deveria estar há meses usando supressores durante o heat.
Fazia um certo sentido, perguntei a Camila discretamente se a pessoa com quem ela passava os cios já tinha sido avisada, e ela riu dizendo que não costumava passar os cios com ninguém (o que me deixou ainda mais nervosa sobre ser a primeira, mas talvez ela quisesse dizer nas últimas vezes), o que completou a teoria do vídeo que encontrei no youtube. Talvez, só talvez, fazia muito tempo desde que alguém tenha tocado em Camila (só considerar isso congelou todo meu intestino e fez minha mandíbula apertar), e por isso, quando transamos a ômega dela me reivindicou, já que estava a muito tempo sendo contida, se Camila usava supressores no cio. Provavelmente era isso. Isso significa que tudo aquilo deve ter sido impulsivo, e que logo ela vai se recuperar da conexão, já que não foi real. Chegar a essa conclusão doeu mais do que eu consigo admitir.
Contei isso para Verônica e ela riu da minha cara. Louis disse que não tinha sentido porque, segundo ele, a tal conexão que tivemos quando a ômega interior dela me reconheceu como sua já estava me afetando, só isso explicava meu senso de proteção ter ficado ainda mais forte sobre ela (embora eu ache que ser paranóica também faça sentido nesse caso). Discutimos sobre isso por um tempo, ele nem sempre conseguia refutar meus argumentos, no entanto nem eu os dele. Decidimos que era melhor, para mim e para ela, agir de acordo com o momento, cuidando dela da melhor maneira possível. Faltavam três meses para o ano letivo acabar, se for impulsivo, como minha teoria diz, ela vai enjoar de mim. Se não for.. bom, eu estaria muito muito ferrada.
Faltam pouquíssimos dias até a grande prova, para o envio das redações, para a entrega do trabalho de literatura que Mani e eu estamos fazendo valendo uma carta de recomendação para a faculdade. Até dois meses atrás, isso era tudo o que eu pensava, só que então Camila veio até mim e meu mundo todo está de cabeça para baixo. Nunca a culparia por isso, eu a amo e ela me faz feliz. Só preciso de um pouco de tempo. Não posso tentar entender o que sua ômega interior quer de mim agora. Não quando estou tão ocupada. – Além disso tudo, meus pais estavam chateados comigo. Quando chegaram, sexta à noite, tivemos uma pequena discussão sobre mentiras e sobre como eu estava ficando desleixada com as minhas obrigações, já que Tay contou sem querer que havia sido Louis quem os levou para a escola, e eles decidiram que, até que eu decidisse parar de excluí-los da minha vida, eu ficaria sem mesada.
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Drapetomanía
FanficDrapetomanía: Uma urgência arrebatadora em correr para longe. Lauren estava apaixonada por Camila. Irrevogavelmente apaixonada e isso não era nada bom. Ela era só uma beta, a parte irrelevante das classes, não tinha instintos fortes ou um cheir...