Capítulo Nove

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Boa leitura! (E beba água)
Quarta-Feira — 22:35

  Depois de perder seis rodadas para mim e Camila, Halsey decidiu que ela estava trapaceando e acabou com o jogo. Não foi ruim, na verdade acabamos rindo dela e Rosalía a consolou com alguns beijos na bochecha, o que deixou ela vermelha e nos fez rir mais ainda. Camz tentou pedir desculpas, mas nós três sabíamos que se continuássemos jogando ela continuaria ganhando, então eu disse que ela não precisava se desculpar e que eu estava feliz por estar na equipe dela.

  Agora, estávamos de volta às mesas e esperando a pizza que havíamos pedido. Eu não tive a chance de comer no domingo graças ao meu mal-estar, então estava ansiosa, mas não tanto depois da mistura de sabores que acabaram se formando. A pizza poderia ter até quatro sabores, então cada uma de nós escolheu um. Eu fui pelo meu tradicional favorito; frango com catupiry, e até Halsey escolher portuguesa estava tudo bem. As coisas ficaram um pouco estranhas quando Rosalía escolheu mexicana, que vinha com mais pimenta do que queijo, e Camila escolheu pizza de abacaxi.

  Pelo menos não era banana.

— ...Eu te detestei enquanto você estava tatuando aquela tartaruga, a vontade de te matar foi muito real,  — a beta latina riu. — Na minha cabeça ficava tipo "que dor dos infernos, ela está demorando de propósito!"

  Rimos enquanto as duas contavam, com direito a comentários, a história completa de como se conheceram. Camila estava novamente com a mão entrelaçada a minha em cima da minha coxa, mas dessa vez seu corpo estava completamente colado no meu, já que ao invés de cadeiras, um sofá rodeava a mesa, e sua cabeça estava apoiada no meu ombro enquanto eu acariciava sua mão com o polegar.

  Minha mente estava completamente dívida entre: "Pare de criar expectativas com coisas que não estão claras, quer quebrar a cara de novo, sua idiota?" E "Amizade é o caralho, olha como ela está agarrada em mim!" Mas eu tentava sobreviver ignorando esses pensamentos.

— Mas a parte que você escolheu costuma doer mesmo, amor, eu tinha te avisado antes, mas você e sua teimosia achou que eu estava te desafiando.

— É difícil não achar isso quando você tinha aquele sorrisinho irritante, Ashley!

— E quais são os pontos que doem menos? Eu tenho vontade de fazer uma ano que vem.  — Camila disse me surpreendendo um pouco.

  Halsey pareceu animada e tirou o celular do bolso, mexendo em algumas coisas antes de nos mostrar o que parecia ser um mapa de dor.

— Aqui, os que estão pintados de verde são onde doem menos, mas eu acredito que as vezes até depende da pessoa, quando você é acostumado a fazer pode até achar a dor da agulha excitante.  — riu e olhou para a namorada. — Ou pelo menos foi o que você me disse naquele dia sobre as minhas. O que você gostaria de tatuar, Camille?

— Ainda estou pensando, mas algo envolvendo a cultura dos meus pais, como uma caveira mexicana ou alguma frase em espanhol, ainda tenho tempo para pensar e me preparar para encarar a dor, mas vou pesquisar esse mapa antes de decidir.

— A minha doeu mediana segundo esse mapa, mas para mim foi uma dor absurda. Eu até diria que não vou repetir a experiência, mas isso vai ser difícil sendo amiga de uma tatuadora profissional!  — exclamei fazendo Camila desencostar do meu ombro para me encarar curiosa e surpresa.

— Você tem uma tatuagem, Lolo? Onde?

  Balancei os ombros um pouco envergonhada, nem sei por quê, e me separei dela um pouco para que pudesse virar e prender com as mãos meu cabelo num rabo-de-cavalo alto para que ela pudesse ver o desenho em forma de libélula na minha nuca. Me surpreendi quando senti seus dedos gelados acariciarem o local de leve, me causando arrepios que eu sei que ela notou.

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