Capítulo Vinte e Nove

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Notas:

Importante!!!!:
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Domingo – 20:16

  Engoli seco segurando as mochilas dos meus irmãos enquanto os via entrar dentro de casa, alheios a seriedade no rosto dos meus pais. Chris e Taylor não pareciam notar, discutindo alguma coisa sobre o jogo que jogariam no ps4 de Chris, e subindo as escadas correndo para chegar primeiro. Só eu coloquei suas mochilas no sofá, e respirei fundo pensando em como iniciar a conversa. Na minha mente, criei um milhão de cenários e falas prontas durante o caminho, só que agora já esqueci. Parece que pensar demais com antecedência nunca é útil para me ajudar em qualquer coisa.

— Pai?  – chamei, vendo-o me olhar de relance. Ambos pareciam concentrados em uma conversa no celular.  — Eu, uh, cheguei. Trouxe os meninos. Vocês tinham dito que iriam buscar a gente, mas acabou ficando tarde, e achei melhor começar a dirigir-

— Você não estava na casa dos seus avós.  — minha mãe me interrompeu, seus olhos verdes, quase castanhos, me olhando com desconfiança.  — Como pode ter pedido para que seus avós mentissem para mim, Lauren? Onde você estava? Toda a semana, em todas as ligações, você nunca aparecia, e toda vez inventavam desculpas esfarrapadas, acha que somos estúpidos? Onde você se meteu? Por que usou seus irmãos para uma mentira dessa? 

  A acusação em seu tom de voz me fez estremecer um pouco. Era bobo, quer dizer, eu definitivamente tinha mais com o que me preocupar do que a decepção que saia de sua boca. Camila importava mais. E eu precisava ter coragem por ela. Ainda assim, uma parte de mim ainda se sentia uma criança quanto eles me olhavam desse jeito. Como, com nove ou oito anos, quando me sentia lerda demais, e eles me encaravam como se fosse um problema que não sabiam resolver. 

   Não eram pais ruins, tentei me lembrar, eles nunca me bateram. Eles não costumam gritar comigo. Não falaram coisas passivo-agressivas, como meu peso ou aparência, para me deixar triste. Minha mãe havia colocado todas as minhas melhores notas na geladeira, atrás das de Liam, no primeiro ano de escola. Meu pai ainda me chama de princesa, mesmo que já tenha dezenove anos, e ainda me pergunta como é o meu dia, quando não está ocupado. Eles não são pais ruins. Então por quê, depois de ver os pais de Camila, pensar na minha relação com eles me faz me sentir tão triste?

— Me desculpa.  – pedi, olhando para baixo. Coragem, Lauren.  — Tenho.. tenho uma coisa para contar. Eu ia dizer semana passada, mas vocês pareciam ocupados, e, quando percebi que precisavam de um tempo, pareceu melhor pedir essa semana longe para todos do que ser sincera. Sinto muito. Deveria ter contado a verdade.

— Que verdade? — o alfa perguntou, se obrigando a ser paciente. 

  Ele não gostava muito de quando eu divagava, e isso me fez pensar em Camila, por algum motivo. Quando comecei a sair com ela, me odiei cada vez que me perdia no meio das minhas palavras, achando que poderia irritá-la. Só que ela gostava disso. Nas suas memórias, sua risada rouca estava presente em cada uma das minhas divagações estúpidas. Talvez eu não seja o problema.

— Estou apaixonada.  – ouvi meu coração bater no meu ouvido ao admitir.  — N-na verdade, acho que amar é a palavra certa, quer dizer, tenho certeza. É, uh, uma garota. Eu estive com ela essa semana.

   Vi os dois encararem um ao outro com confusão, um pouco tensos. Foi minha mãe quem falou em seguida.

— Halsey?

   Sem pensar antes, revirei os olhos com tanta força que achei que não voltariam ao normal. Foi bobo, uma pergunta inofensiva, mas me fez me sentir extremamente frustrada. Passei todo o ano explicando a ela que não namorava Halsey, que não estávamos apaixonadas só porque ela era a única beta que era minha amiga. Ela simplesmente não queria entender. E eu estava cansada disso.

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