Capítulo Dois

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Nota: se mantenha hidratado!

Quinta-feira — 15:07

   Foi muito difícil agir normalmente desde o momento que me dei conta que havia aceitado sair com Camila, principalmente enquanto Normani me encarava preocupada e eu nem sabia o que dizer, ou quando eu precisei me forçar a parar de pensar nisso porque tinha que buscar Tay e Chris na escola sem bater o carro. Eu só pude surtar de verdade quando estava no meu próprio quarto, segura.

  Passei a noite pensando em distrações para agir naturalmente hoje e não sair correndo na primeira oportunidade. Tudo acabaria rápido, Camila perceberia que eu sou extremamente desinteressante, o bastante para ela preferir nem comentar com seus amigos alfas assustadores e eu poderia voltar para a minha capa de invisibilidade amanhã.

  Tinha decidido não contar nada envolvendo Camila para Louis, Verônica ou Normani. Pelo menos não até que tudo voltasse ao normal. 

   Não que eu não confiasse neles, mas seria melhor falar quando tudo já fosse banal, como em alguma reuniãozinha de amigos daqui há uns meses, bêbada dizendo: "ei gente, lembram da Cabello? Sim, aquela ômega perfeita que eu e metade da escola tínhamos um crush ano passado. Então, eu e ela já saímos para tomar sorvete! Algo envolvendo chantagem, crises de pânico e livros. Sério que eu nunca contei? Poxa, devo ter esquecido." 

   Foi difícil me convencer a não pular da janela e voltar para a casa durante as aulas. Foi difícil não ficar perdida em pensamentos para não levantar suspeitas de Mani e Verô. Mais difícil ainda não olhar para o rosto de Camila nem ao menos uma vez com medo de desistir se o fizesse. Só que nada parecia tão complicado quanto agora que eu estava em frente a sorveteria e não conseguia de jeito nenhum soltar o volante do carro e sair.

   Vamos lá, Lauren, estamos aqui há quase trinta minutos, você está fora da escola, é seguro.

   Engoli seco levantando o olhar para a pequena sorveteria um tanto vazia. De fora parecia confortável e bonita, apenas um pouco pequena em comparação às do centro, além de ficar em uma rua não muito movimentada, o que explicava a falta de clientes. Conseguia ver o carro de Camila estacionado aqui fora e a via conversar animadamente com a jovem atendente, que não parecia ser da nossa escola. 

   Ela estava tão bonita. Camila usava um cropped rosa com mangas longas, parecido com um moletom, ele tinha alguns botões pretos e uma pequena parte branca após a rosa, mas mangas após a branca ainda tinha uma parte amarela. E ela estava usando uma calça escura com bolsos. Pelo menos minha paixão por ela era compreensível, sinceramente, essa garota é linda de morrer.

   Me obriguei a soltar o volante, e com muito esforço consegui. É um progresso, certo. Agora só falta sair do carro.

   Dei mais uma olhada em direção a grande janela que me permitia ver Camila e quase me engasguei quando ela me notou também. Seus olhos castanhos me encaravam num misto de expectativa e suavidade, eram hipnotizantes. Droga, eu não ia conseguir!

   Antes que pudesse pôr a mão na marcha e dar a ré, a vi caminhar em minha direção até que estivesse em frente a minha janela e dar leves batidas para que eu a abaixasse. Desci o vidro e logo seu cheiro forte invadiu todo o meu carro me deixando anestesiada.

— Há quanto tempo está aí parada? — perguntou curiosa.

— Uns vinte minutos —  admiti. —  Sinto muito, eu sei que deveria ter entrado quando você chegou há uns cinco, mas eu não..

— Não, tudo bem, pelo menos você não saiu correndo. Você sabe, ainda bem na verdade, isso já estava me fazendo pensar se eu sou tão insuportável assim — disse rindo.

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