Capítulo Treze

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Sexta-feira — 13:32

  Quando Camila colocou os pés dentro de casa eu só consegui pensar se havia organizado ela antes de ir para a escola, me lembrando que isso não estava sob meu controle já que só tinha passado em casa mais cedo para buscar Taylor e Christopher e levá-los à escola deles. Dentro de mim as coisas continuavam uma bagunça me lembrando vez ou outra do que aconteceu no refeitório, as imagens daquele beta sendo humilhado iam e vinham, mas Camila não havia soltado minha mão desde aquele abraço e isso me impedia de surtar de novo. Além disso, ela parecia melhor, tentei me convencer, mas não conseguia deixar de lado a preocupação que senti ao encontrá-la tão assustada.

   No carro eu quase bati três vezes no parachoque do carro de alguém porque eu fiquei nervosa com o modo que a ômega me olhava, só consegui dirigir normalmente quando pedi para ela olhar para alguma outra coisa. Isso a fez rir e então ela quase matou nós duas me puxando para um selinho rápido antes de ligar o som, colocando double take do dhruv, para tocar. Eu sorria enquanto Camz cantava alguns versos da música, a acompanhando sem tirar os olhos da pista.

No meio das multidões
Nas formas nas nuvens
Eu não vejo ninguém além de você
Nos meus sonhos cor-de-rosa
Seda amassada nos meus lençóis
Não vejo ninguém além de você

  Ela tinha deixado seu porsche na escola depois de mandar mensagem para Dinah para pegar a chave na sua mão e foi uma.. cena. A alfa brigou com Camila por filar aula e sair sozinha (mesmo que eu estivesse literalmente do seu lado segurando sua mão) e Camila disse que era por isso que ela estava ali para encobri-la. Elas discutiram por um tempo até que Dinah bufou, revirou os olhos e falou que era melhor mesmo que essa "pequena praga" caísse fora. Foi estranho ser completamente ignorada, porém achei melhor não me meter na "briga".

  Uma parte de mim, enorme, estava com um medo obsessivo pelo que aconteceu, o modo como Brad e Caleb riam foi tão.. frio. E então tinha Camila, me mandando mensagens, me abraçando como se precisasse disso, segurando a minha mão, me acalmando. Ela disse que nunca deixaria que ninguém me machucasse e eu.. eu acredito nisso. A ansiedade queria me bater por me jogar assim, mas eu confiava em Camila. 

— Eu sei que não deve ser nada como a sua casa, mas bem, se sinta nela. Pode ficar a vontade..  — me perdi nas palavras observando Camila passar na minha frente, entrando na sala. Era uma cena tão familiar que deixou meu coração quentinho.

— Você não quer mesmo dizer isso, doce. Eu posso ser bem folgada e abrir a sua geladeira.  —  respondeu piscando para mim.

— Se sinta à vontade,  – sorri — Mas a minha prateleira é só a terceira.

  Ela riu e fechei a porta, indo para perto dela assim que tirei os sapatos. A sala era o maior cômodo da casa, com uma TV grande que minha mãe fez toda a questão de comprar a fim de assistir os jogos nela, um PlayStation 4 de Christopher que ele deve ter deixado aí ontem já que normalmente fica em seu quarto, um enorme sofá L e um tapete felpudo. Camila observava com curiosidade as fotos colocadas numa única parede cinza, se virando para mim com um sorriso divertido em seguida.

— Aquela é você bebê vestida de vaquinha?  — perguntou apontando para a foto pendurada num quadro e eu senti minhas bochechas esquentarem.

— É, é Halloween, meus pais amam esse feriado. Eu tenho várias fotos fantasiadas quando era criança, acabei parando de me fantasiar com doze.  — balancei os ombros pegando a foto para que ela visse melhor.

— Você era um amor, linda.   — respondeu fazendo carinho na bochecha da minha versão infantil no quadro. Me fez querer compartilhar mais da minha infância com ela.

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