Capítulo Cinco

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Domingo — 15:47

  Dei graças aos céus quando vi que o porsche preto de Camila ainda estava no estacionamento, o que significava que ela não tinha ido embora. Não passei mais do que dois minutos trancando e saindo do carro, até minha jaqueta acabou ficando no banco de trás pela minha pressa, minha única preocupação era encontrar ela antes que ela desistisse.

 O parque estava cheio de crianças correndo, todas com um cheiro fraco e sorrisos contagiantes, o espaço era grande o suficiente para que elas pudessem correr, se esconder ou fazer mais seja lá o que elas estavam fazendo. Não tinha visto um adolescente até agora, os poucos adultos estavam sentados em bancos enquanto observavam seus filhos, algumas famílias até faziam pequiniques, mas até agora nada da ômega cubana.

  Peguei meu celular com a mão livre, com o pensamento de mandar uma mensagem para ela, ou talvez ligar e perguntar onde ela estava mas minha mão estava escorregadia por causa do gelo ao redor do sorvete que eu segurava e estava atrasando o processo. Uma das crianças acabou se batendo em mim e mal pediu desculpas antes de correr de novo, eu nem sequer tive como olhar para o rosto do menino, até tentei seguir ele com o olhar, mas algo me chamou atenção. Haviam pelo menos sete crianças rodeando o que parecia ser um piquenique. Me rendi a curiosidade e me aproximei uns passos para olhar o que estava acontecendo.

  A primeira coisa que chamou minha atenção foi Camila. Ela estava linda, usava um short curto rasgado escuro junto ao bodysuit bege estampado, com vários logos como a vibes e um 94, tão linda que fazia meu coração doer. Como alguém consegue lidar com ela todos os dias e continuar bem? Camila era tão impactante.

  A segunda coisa que eu notei, no entanto, não me trouxe a mesma sensação de paz. Ao seu lado havia um pastor alemão enorme de pelo preto, tão majestoso quanto assustador e surreal. Era um cachorro. Meu Deus, um cachorro, eu nunca nem havia visto um pessoalmente e agora tinha um enorme do lado da garota que eu gostava, cercado de crianças. Todos os meus pelos se arrepiaram.

  Existiam, num máximo, três mil cachorros no mundo. Por algum motivo, eles não conseguiam se reproduzir facilmente como outros animais, geralmente profissionais tinham que trabalhar nas reproduções e mesmo assim era raro e caro. Além dos problemas de reprodução, eles dificilmente se adaptam graças aos alfas e seus instintos territoriais. Pelo que eu me lembre, tinham no máximo doze raças diferentes no meio desses três mil, por isso foi fácil reconhecer o pastor alemão, já que era junto ao husky e o pitbull uma das únicas raças de grande porte.

  Eu juro que ia acabar correndo se Camila não tivesse me visto também e agora não estivesse me olhando nos olhos. As crianças acabaram seguindo seu olhar e eu tinha um pequeno grupo me encarando, mas eu só conseguia processar que tinha um cachorro ali. Como se não pudesse piorar, o animal também me encarou e passou a andar na minha direção. Eu quero muito correr agora.

  Quando ele tocou o focinho na minha perna eu implorei mentalmente para que ele tivesse gostado de mim. As coisas não ficariam legais se fosse ao contrário. Cachorros tendiam a não gostar de pessoas, se os cheiros dos alfas e ômegas eram fortes para os betas eles eram duas vezes mais para os cachorros, até meu cheiro quase inexistente ele sentia. Ele podia decidir se eu era alguém boa ou não para ele, e se a resposta fosse não, ele me atacaria na hora.

— Thunder, pare com isso, você está assustando ela!  

  A voz séria de Camila fez o cachorro se afastar, me permitindo respirar de novo. O cachorro se afastou resmungando contrariado, voltando em direção às crianças, que ele parecia gostar, coisa que me surpreendeu. Talvez fossem os seus cheiros fracos?

— Sinto muito, Laur, ele é um pouco animado para conhecer pessoas. Você está bem?  — ela perguntou tocando no meu braço.

— Esse cachorro é seu?

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