Ano Sabático

26 - Onde anda você?

Jamie

Estava dormindo, me sentia exausto, parecia que toda a energia foi sugada do meu corpo. Mas um forte dor me puxava do meu sono. Eu não conseguia identificar o que era. Será que era ressaca? Parecia que minha cabeça ia explodir. Eu gemi e tentei me mexer, quando movi meu braço uma dor lancinante me atravessou. Abri os olhos assustado, o que aconteceu? Levantei o braço e vi minha mão envolvida em uma toalha toda manchada de sangue. No momento que eu tentei lembrar do que houve com minha mão a lembrança veio. Claire! Não, não podia ser verdade. Pulei da cama e quase tropecei no meu pai, que cochilava sentado na poltrona. Cambaleei e me apoiei na parede com minha mão machucada, o que me fez soltar um palavrão. Meu pai acordou e se levantou, vindo para o meu lado.

- Filho, precisamos ir ao hospital para ver sua mão, talvez esteja quebrada.

- Da, eu não quero saber se quebrou ou não, eu preciso ir para o Brasil para procurar por Claire.

- Calma, filho, por favor. Eu já pedi para Ned procurar informações sobre o que aconteceu. Precisamos ir ao hospital, vem, vamos trocar de roupa. Sua mãe está dormindo no outro quarto, eu vou chamá-la.

Aproveitei que ele foi chamar minha mãe, desci correndo até meu escritório e liguei meu computador. Primeiro abri o Google e comecei a procurar pelo acidente, colocando várias combinações de busca. Apareceram notícias mais antigas, nada tão recente. Continuei tentando colocar palavras em português e por fim encontrei uma notícia, que dizia que um avião que levava funcionários de uma ONG indigenista estava desaparecido após passar por forte tempestade. Até onde eu consegui descobrir, ainda não tinha nenhuma notícia. Por um lado, era desesperador não ter notícias, por outro eu tinha esperanças de que ela tivesse sobrevivido. Pelo menos eu não tinha certeza da morte de Claire e isso estava me mantendo vivo.

Comecei a buscar passagens aéreas para o Brasil. Meus pais apareceram na porta e minha mãe veio até mim.

- Filho, vamos ao hospital, por favor.

- Não. Eu preciso encontrar uma passagem para voar imediatamente para o Brasil. Da, vou precisar de dinheiro, você pode me fazer um empréstimo?

- Claro que sim, filho, não se preocupe com isso. Mas não é melhor aguardarmos notícias aqui mesmo? Queremos ficar ao seu lado nesse momento.

- Claire não está morta, eu sinto isso. Eu vou para lá e vou ajudar a procurá-la. Ela pode estar ferida, perdida naquela floresta imensa... Ah, meu Deus, algo me dizia que ela não devia ter ido nessa viagem.

Comecei a chorar novamente e meus pais me abraçaram. O dia estava amanhecendo e eu sentia muitas dores, meu corpo todo doía, minha mão latejava como se alguém batesse nela com um martelo.

- Jamie, Ned já está cuidando de tudo, depois pensamos nas passagens. Mas primeiro precisamos ver essa sua mão. Agora vem, você precisa se trocar para irmos ao hospital, não seja tão teimoso.

Subimos para nos arrumar. Eu queria tomar um banho, mas quando tentei tirar a toalha da mão senti uma dor tão forte que me debrucei para vomitar. Meu pai me ajudou a vestir uma camisa e um casaco, calçou meus tênis e saímos.

No hospital fizeram um raio x e foi constatado que eu tinha quebrado a mão, uma fratura conhecida como fratura do boxer, machucado articulações dos dedos, além de alguns cortes. O médico disse que, pelo tipo da lesão, seria possível fazer a redução da fratura e imobilização. Por pouco escapei de ter que fazer uma cirurgia.

Cerca de três horas depois saímos do hospital, minha mão imobilizada até o antebraço. O médico me receitou alguns remédios para dor, que me deixaram bastante sonolento. Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, sentia que precisava descansar e depois pensaria no que fazer.