MJ
A angústia no meu peito fica quase insuportável quando escuto o que a mulher falou. Meu filho era tudo pra mim, a razão da minha vida e a pessoa que trouxe sentido pra ela. Se algo acontecesse com ele...
Eu não saberia como seguir em frente.
— Como...como foi esse acidente?– pergunto já procurando minhas coisas para ir até o hospital.
— Eles já estavam voltando para cá quando um carro em alta velocidade atravessou o sinal vermelho e se chocou contra o ônibus, fazendo o motorista perder o controle. O motorista do carro fugiu sem prestar socorro.
— E pra onde meu filho foi levado?– pergunto e ela me diz o endereço do hospital– Tudo bem. Estou indo pra lá!
Antes de sair, ligo pra minha mãe pra que ela vá me encontrar no hospital e explico o que aconteceu com JJ. Me encaminho pra lá antes de ligar pra Dixon, porque sei que você vai ficar mais nervoso que eu e preciso saber mais sobre como nosso filho está antes de avisá-lo.
Sempre que Juan apresenta o mínimo sinal de doença ou se machuca, Dixon acaba se preocupando além do necessário com ele, seja lhe empurrando remédios pra gripe ou lhe proibindo de sair de casa até o machucado sarar, mesmo que tenha sido só um arranhãozinho. Entao, se bem conheço meu marido, ele vai enlouquecer quando souber do acidente, então acho melhor saber os detalhes antes pra poder tranquiliza-lo.
Chego ao hospital e, por sorte, minha mãe já estava lá. Ela disse que já tinha ligado pro meu pai e me passava força e segurança pra lidar com aquele momento difícil
— Oi, boa tarde! Notícias de Juan José Alvarez?– pergunto à mulher– Sou a mãe dele.
— Ah sim. Ele foi levado às pressas pra sala de exames para avaliar a gravidade dos ferimentos.– ela diz.
— Mas ele vai ficar bem, não vai?
— Temos que esperar o resultado dos exames, moça. Não há muito o que fazer, sinto muito.– ela fala dando de ombros tristemente e volto até minha mãe, dizendo a ela o que a mulher havia acabado de me dizer.
— Já avisou o Guillermo?– ela pergunta e nego.
— Vou fazer isso agora.– digo e pego o telefone, ligando para ele.
DIXON
Estava em reunião com os meninos e discutíamos sobre as novas filiais da gravadora que íamos abrir em breve na Colômbia, minha terra, e no Brasil quando recebo uma ligação de MJ.
— Calma aí, gente. Só um instante.– peço licença aos meninos e atendo– Oi, amor?
— Dix...– ela fala e pelo seu tom, já consigo perceber que há algo errado.
— MJ, tá tudo bem? O que foi que aconteceu?
— O JJ...sofreu um acidente.– ela diz.
— O QUE?– Grito e vejo Luka me mandando colocar no viva voz enquanto MJ explica o que disseram a ela e também o endereço do hospital pra onde levaram nosso filho.– Tá bem, me espera aí. Eu já tô chegando. Eu vou ter que ir pro hospital, o JJ sofreu um acidente
— É! A gente ouviu, mas você não vai sozinho.– Luka diz.– Vamos fazer assim: você vai pra lá com o Esteban e eu fico aqui tomando conta de tudo. Quando tiver tempo, vou pra lá também. Pode ser?
— Tá, tá bom! Só preciso ir logo pra lá!– digo e saio correndo com Esteban atrás de mim. Entramos e ele dá partida no carro. Enfim, chegamos ao hospital e encontro MJ lá, junto com os pais.– Alguma notícia dele?
— Não...– ela diz e me abraça, chorando no meu ombro– So quero que ele fique bem...
— Ele vai ficar, nosso filho é forte meu amor.– digo a ela que continua me abraçando e chorando. Começo a chorar também.
Ligo pra minha mãe e em pouco tempo, ela já está lá conosco também, assim assim como Jana e Luka, que conseguiu se despachar e, como prometido, foi pro hospital junto com a gente.
— Família de Juan José Sevilla Alvarez?– o médico pergunta depois do que parece uma eternidade.
— Nós!– digo me aproximando dele com MJ– Como ele está, Doutor?
— Fizemos alguns exames e constatamos que ele acabou quebrando o braço e...infelizmente, teve uma hemorragia interna. Conseguimos conter, mas ele perdeu muito sangue no processo. Precisamos repor. O Juan precisa de uma transfusão, mas o sangue dele é O negativo, que está em falta aqui...– o médico diz e MJ recomeça a chorar.
— Mas esse sangue não é universal?– pergunto.
— Só se é o portador que doa. Pra receber tem que ser do mesmo.– o médico diz– Vocês precisam de um doador compatível. Às vezes na própria família já se encontra. Precisamos desse doador o mais rápido possível.
— Qual o seu?– pergunto a MJ.
— A positivo.– ela diz.
— O meu é B positivo...– falo. Pergunto aos outros e nenhum deles tem o sangue compatível.
— Mas como é possível ele não ser compatível com ninguém? Nem com os pais...– o médico diz e olho pra MJ, que arregala os olhos. Na hora entendo o que se passava na mente dela.
— MJ, não. Tem que ter outro jeito.– digo a ela.
— Pode até ter, mas quanto tempo vai demorar, Dix? É a vida do nosso filho.– ela diz pra mim– Por mais que eu odeie admitir, precisamos dele...
— Vocês têm um doador compatível?
— Temos.– MJ diz.– Vamos entrar em contato com ele.
— Certo. Me retornem o mais rápido possível.– o médico diz e segue novamente pelo corredor, deixando-nos sozinhos.
— Quem é o doador?– meu sogro pergunta e MJ me olha. Apenas dou de ombros e passo as mãos pelo rosto. É como se estivesse vendo tudo o que eu tenho desmoronar e não possa fazer nada pra impedir, então só desisto de lutar. Eu sabia que esse dia chegaria, mas sempre esperei que não chegasse.
— O...Sebastian.– MJ responde.
— Mas o que o Sebastian tem a ver com isso? Vocês dois não terminaram há anos, querida?– dessa vez quem pergunta é Rosa, minha sogra.
— Na verdade...– me pronuncio e dessa vez meus amigos me olham, entendendo a situação– O Sebastian tem...tudo a ver com isso.
— Por que?– minha mãe pergunta.
— Porque o pai do Juan não sou eu. Ele é filho do Sebastian.– revelo de uma vez e vejo os rostos dos mais velhos assumirem feições de total incredulidade e surpresa.
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Pensando en tí| Mixon
RomanceMaria José tinha a vida perfeita. Vivia um namoro aparentemente feliz com Sebastian, fazia a faculdade que queria, tinha a melhor família do mundo e sabia que podia contar com Jana e Andi, suas melhores amigas, pra tudo. Entretanto, uma noite põe q...