CAPÍTULO 22

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HENRY

Meus pés pisam duramente no chão pouco limpo de minha casa. Victória está no sofá, encarando a mim como quem nunca tivesse aberto a boca sobre Ashley. Prometi que faria essa casa queimar por aquela mulher, e se em algum momento pensei não ser capaz, a raiva em meu peito mostra o contrário.

Dou dois passos em sua direção, ainda não perto o suficiente quanto gostaria para arrancar sua língua. Victória nem ao menos demonstra remorso pelo que causou. Seu filho é o mais importante. O dinheiro é o mais importante.

- Onde ele está?

A pergunta soa como uma ordem brutal. O chão tremeria se eu fosse capaz de fazê-lo. A mulher de olhos opacos pisca, não é preciso que ela responda quando Alexander entra na sala apenas com uma bermuda gasta.

- Parece que o cãozinho veio rápido - debochou, abrindo um sorriso ladino. - Veio finalmente me dizer como vamos arrancar dinheiro daquela garota?

Guio meus passos na direção do homem que um dia desejei que me tratasse como um irmão. A família que desejei desde a partida da minha mãe ainda me assola, mas nem mesmo agora consigo ir contra o meu desejo e meu próximo ato. Faço aquilo que há anos venho guardando dentro de mim. Ergo o punho o levando de encontro a face de Alexander, certo de que depois disso não haverá volta.

E eu não me importo.

Quando ele leva seus olhos até os meus, brilhantes pela fúria, disparo outro soco, forte o suficiente para fazê-lo perder o equilíbrio. Victória se levanta do sofá, olhos esbugalhados na direção do filho.

- Alexander!

Seus dedos sobem até o local dolorido, é quase mortal a forma como ele sorri para mim.

- Finalmente abrindo as asinhas, irmão?

- Eu não sou seu irmão, Alexander. Eu nunca fui.

Sua risada é um sopro, ela envolve o silêncio e o medo vestido nos olhos da mulher que um dia quase chamei de mãe. Victória nos observa aflita, não sabendo bem o que fazer para evitar confusão. Nós dois sabemos que ela se importa mais com seu filho de merda, e que faria de tudo para protegê-lo, mas era uma grande e lamentável história de um amor não correspondido. Alexander seria o primeiro a jogá-la para os lobos em sinal claro de dinheiro e drogas em suas mãos.

- Qual é seu maldito problema, hein? - murmura, balançando a cabeça para os lados. - Pensei que quisesse salvar a mamãe, proteger a família como o nosso pai pediu!

Cômico.

Um pai não pediria ao filho para sustentar a casa, quando ele nem mesmo conseguia se sustentar sozinho. Um pai não pediria para que sacrificasse toda sua vida por dois grandes filhos da puta. Um pai de verdade nunca, jamais me privaria de viver o que eu bem quisesse.

Minha felicidade estaria acima dos seus desejos.

Mas tudo isso deixou de ser importante quando ela se foi. Minha mãe era a única coisa boa desta casa, a única por quem eu sei que um dia restaurou a alma entristecida do meu pai. Mas o problema de ser curado por outra pessoa, é que, quando ela se vai, você percebe que ainda continua doente.

- Para o inferno ele e seus pedidos de merda - minha resposta escapa com uma firmeza surpreendente. Dou outro passo mais perto, me esforçando em manter contato com seus olhos. - Avisei a sua mãe e vou avisar a você agora. Ameaçar Ashley vai lhe custar caro, e eu mesmo vou garantir isso.

- Tem certeza? - debocha. - Passou anos sendo saco de pancadas, irmãozinho. O que é que você pode fazer? Chamar a polícia?

- Não preciso da polícia quando tenho Santhiago.

Uma dança para o amor [CONCLUIDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora