CAPÍTULO 29

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ASHLEY

Há mágica nos olhos de alguém apaixonado. Se nota isso quando o vê. Eles brilham, se iluminam de um jeito tão bonito que a única coisa que se consegue pensar é que isso parece o mais belo truque de mágica. Não há nada mais bonito do que isso. Amar. Ser amado de volta e enxergar o amor nos olhos da outra pessoa com quem quer dividir tudo. É assim que me sinto quando olho para Henry, o homem que está deitado do meu lado na cama e que encara a tv para mais uma sessão de filmes de Piratas do Caribe, até mesmo Jack está concentrado e parece gostar do filme. Acho que, depois de dançar tanto graças a Madame Prince, precisamos desse momento tranquilo.

Me sinto em paz, mais do que já senti em anos. Agora podia entender o que acontecia quando papai e mamãe estavam juntos, em como era estar nessa pequena bolha de paz e amor. Às vezes, duvido um pouco de estar mesmo na realidade e não no mundo dos sonhos, mas se realmente for só um sonho, prefiro continuar sonhando. Será que Henry tinha a completa certeza do meu amor por ele? Do quanto esperei para ter um homem como ele ao meu lado? De quantos sonhos tive, de quanto tempo encarei o teto e o céu me perguntando se algum dia eu teria o mesmo que os meus pais tem?

Eu era grata pelo tem que esperei. Pelas experiências que pensei que nunca viveria, por perceber que amor é muito mais do que físico, do que aquela combustão dos nossos corpos se envolvendo um no outro. Henry me traz abrigo, compreensão, amizade e cumplicidade. É o meu herói e o meu vilão. Meu dia e a minha noite. É tão cafona, mas é tão bom ter liberdade para ser assim.

— Você não está concentrada, sabia? — ele olha para mim, puxando o balde de pipoca um pouco acima da barriga.

— Sim — admito. — Acho olhar você mais interessante.

Henry revira os olhos, enfiando um punhado de pipoca na boca. Sei que está constrangido, eu o conheço.

— Amanhã vou olhar alguns apartamentos — anuncia, ainda de boca cheia. — Posso chegar tarde.

Ok. Não posso evitar me sentir um pouco solitária de repente. Nós dividimos a cama e a casa a algum tempo, então por que mudar isso? Gosto de como as coisas estão, de voltar para casa e não ter que me despedir dele.

— Não faz isso — ele pede, virando-se para mim. O balde de pipoca é deixado de lado, e Jack decide ir para o pé da cama e se deitar. — Olha, eu também gosto de estar com você todos os dias, de dormir com você e sempre acordar do seu lado.

— Então por que está indo embora? — murmuro. — Se você gosta, deveria ficar.

Meu namorado sorri, carinhosamente.

— Quero fazer as coisas do jeito certo, linda. Por mais que eu ame estar com você, eu também preciso saber como é ter o meu espaço antes de embarcar de vez. Eu nunca vivi sozinho de fato, vai ser algo novo para mim, para nós dois. E isso não quer dizer que vamos estar separados, nós podemos ainda dormir um com outro quando a saudade bater.

— E se bater todos os dias?

— Então vou ter que te pedir em casamento.

Retribuo o seu sorriso, lançando meu corpo sobre o dele. Deito a cabeça em seu peito, posso sentir as batidas calmas do seu coração, e do quão bom é a sensação de estar em casa.

— Nenhum lugar é longe o bastante para que eu volte para você se precisar de mim, entendeu? — sussurra, alisando minhas costas. — Nenhum lugar.

[...]

O dia parece longo e irritante sem o meu bailarino, que por acaso é meu namorado e minha bolsa ambulante que carrego para todos os lugares. Me sinto de péssimo humor sem ele, e até minha cabeleireira parece perceber isso. Achei mesmo que um dia no salão depois de um dia tão estressante de aula poderia realmente me ajudar, mas cabelo hidratado e bem cuidado não cura saudade.

Uma dança para o amor [CONCLUIDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora