Uma dança para o amor [CONCLUIDA]

CAPÍTULO 24

ASHLEY

Madame Prince nos fez dançar o triplo que da última vez, e duvido muito que depois disso, eu consiga sentir outra coisa além de dor. Sento-me no chão, tirando as sapatilhas com cuidado, exibindo uma careta a cada movimento. Costumava cuidar das dores antigamente, quase me acostumei com elas, ainda mais quando estava tão perto de conseguir o papel principal. Lucca havia me aconselhado a tomar mais cuidado, que por mais que quisesse o papel, não o conseguiria com pés machucados.

— Não aguenta o peso da glória, Williams?

Ergo os olhos para Briana, encontrando seu rosto extremamente fino, com nariz vindo direto da sala de cirurgia plástica. Seus olhos verdes a deixam enjoativa, os cabelos pretos continuam bem presos e hidratados, com certeza pelo salão mais caro da cidade.

— O que foi, Briana? Ainda escorrendo veneno pelo que perdeu?

Deixo que um sorriso cínico tome o rumo da nossa conversa. Nós nunca nos damos bem, foi quase um milagre não termos dito algumas conversas durantes esse meio tempo, mas acredito que a pobre falsa rainha esteve planejando o que fazer.

Continuo a olhar para sua cara feia, esperando pela próxima alfinetada, mas Henry chega por trás dela, olhando para a garota dos pés a cabeça, como quem pergunta o que está fazendo ali. Eu adoro isso. Como ele não esconde nem um pouco o quanto odeia sua presença tanto quanto eu.

— Seu periquito brilhante está esperando você — avisou Henry, ficando ao meu lado ainda de pé. — É melhor ajudá-lo do que irritar a estrela do show, não concorda?

Seu olhar recai sobre meu homem, com certo nojo. Nunca entendi como os ricos conseguem viver em indiferença com pessoas consideradas de baixa classe social. Éramos todos seres humanos no final das contas, então por que não tratar todos com o devido respeito? Por que para eles pareciam tão difícil?

A garota se virou, andando exageradamente sobre as sapatilhas novas. Aproveitei a oportunidade para olhar para Henry, bem a tempo de vê-lo estender minha garrafa de água para mim.

— Sente muita dor?

Balancei a cabeça, segurando a garrafa.

— Só está incomodando um pouco — respiro fundo. — A aula termina daqui vinte minutos, quer que te deixe em casa?

Não que eu gostasse da ideia de devolvê-lo para aquela família maluca, mas duvido que ele concordaria em passar um tempo na minha casa até que encontrasse um lugar para si. Apesar da briga com Alexander, talvez Henry ainda não estivesse totalmente pronto para cortar todos os laços.

— Vou para lá mais tarde resolver alguns assuntos, prefiro cuidar de você antes.

Meu corpo amolece com a declaração.

— Já disse que amo como você cuida de mim?

Ele sorriu.

— Nunca.

— Então saiba que eu amo que cuide tão bem de mim.

Outro sorriso, dessa vez, maior.

— Ótimo, Miller. É bom que continue assim, porque cuidar de você virou a missão da minha vida.

— Verdade?

Ele concorda.

— Não tenha dúvidas, loirinha. Eu faria e farei de tudo para que continue segura e bem.

Deixo a garrafa de lado, me levantando do chão a fim de olhar melhor para o homem lindo à minha frente.

Não me arrependo de como as coisas aconteceram entre nós. Não me arrependo de ter oferecido um acordo, de ter beijado sua boca sobre o capô do meu carro, de ter me sentido segura em seus braços e me sentido incrivelmente linda sob seus olhos.