Linhas Paralelas

Epílogo

"Um dia eu irei de voltar. Sim, eu voltarei. Até lá, não deverá haver arrependimentos, lágrimas ou ansiedades. Apenas siga em frente com todas as suas crenças e prove para mim que eu não estava errado." (Doctor Who)

OITO ANOS DEPOIS...

Ben Solo pousou o livro de ensinamentos Jedi na grande mesa de madeira localizada na cozinha. Todos sabiam que os Jedi estavam extintos, mas seus ensinamentos tinham algum sentido ancestral. Todos sabiam, também, que Rey e Ben Solo não viveriam para sempre, e que a galáxia um dia estaria desprotegida . Por último, mas não menos importante todos sabiam que o legado Skywalker sobreviveria através das crianças que brincavam despreocupadamente do lado de fora da casa iluminada pela luz constante do sol graças ao revestimento em madeira e vidro.

Todos sabiam que a missão mais importante era manter o equilíbrio, porque agora todos conheciam a única constante inevitável do universo: a força.

Rey não se questionava sobre as mesmas coisas que Ben Solo, a garota compreendia que os mistérios sobre a força e sobre o destino eram desconhecidos e que não encontraria todas as respostas nos próprios filhos. Ben Solo e Rey educavam os filhos conjuntamente, ela não era uma exilada no planeta obrigada a sempre permanecer, não sofria as mesmas penas e a mesma punição que Kylo Ren, mas em grande parte do tempo permanecia no planeta e pouco se juntava a Terceira Armada. Os amigos sempre os visitavam e seu maior projeto eram seus planos de engenharia, suas máquinas voadoras. Ela se dedicava a causa aprimorando as naves que eram usadas para manter a paz na galáxia. 

Tudo estava bem. O sol nascia todos os dias, as flores eram constantes em todas as épocas do ano e nunca havia a aridez desesperadora do deserto ou o queimor intragável da neve. Estavam longe dos extremos, viviam em equilíbrio e suas vidas eram tão comuns quanto não se podia esperar.

Ben Solo caminhou para o lado de fora, assistia os filhos correndo não muito longe e se aproximou sentando-se na grama enquanto as crianças cansadas pareciam finalmente se sentar ao lado do pai pousando as cabeças nos grandes ombros do homem. Ele podia sentir a presença de Rey na mesma porta que ele antes se recostava. Ainda assim, Ben não se moveu trazendo as crianças para perto e fechando os olhos em sua busca diária pelo desequilíbrio, pela violência, pela sede de poder dentro delas e nada conseguia encontrar mais uma vez.

Era óbvio para Rey, mas Ben precisava verificar muito de perto se o mal e o bem que habitava os corações de seus jovens e destemidos filhos não estava em desequilíbrio. Ben beijou o topo da cabeça das crianças e respirou aliviado enquanto Rey se aproximava do marido e pousava a mão em seus ombros sentando-se ao seu lado.

Kylo Ren sentiu-se em paz ainda que soubesse que não merecia a paz.  Por um instante sentiu a tentação da luz e a inevitabilidade da escuridão.

Estava exilado pelo resto de sua existência naquele planeta, um preço baixo a se pagar por todo o mal que havia feito. As matanças, os assassinatos, as torturas que um dia cometera eram como uma punição cotidiana, um lembrete de que o lado negro cobrava um preço alto. Sua alma podia estar em risco, contudo sua escolha diária seria naquele dia e para sempre as crianças e Rey.

Eram as linhas paralelas que destinadas a nunca se encontrar, ligadas pela oposição e que haviam finalmente se encontrado nas possibilidades infinitas do destino. Seu filho era a reencarnação de seu maior inimigo - daquele que o torturara, a mulher que ele um dia quis destruir era agora o amor de sua vida, o pai que havia odiado e tirado a vida era alvo de sua mais profunda admiração. O preço da redenção era alto, ainda estava para ser pago, Ben Solo sabia disso, contudo compreendia que o arrependimento não era tudo que restava.

Ambos, o Cavaleiro de Ren e a Jedi encararam o horizonte e souberam que havia a escuridão, a luz e o equilíbrio, contudo acima de tudo isso havia a força. Eles haviam salvado um ao outro. A força era a única capaz de explicar as linhas paralelas inter-cruzadas de seus destinos.

Afinal, eles haviam se encontrado e continuavam se encontrando cada vez mais, dia após dia, incansavelmente. Tudo estava bem.

***
Chegamos ao final! O que acharam? Falem comigo e obrigada por estarem aqui! Espero ouvir de vocês