Linhas Paralelas

Sculptor

"Eu a amava não pela forma que ela dançava com os meus anjos,mas sim pela forma que o som do nome dela podia silenciar meus demônios."

(Christopher Poindexter)

Kylo Ren havia explicado rapidamente a situação para Rey enquanto caminhavam rumo a torre que dividiam. Eles tinham a manhã toda livre já que os aprendizes se dedicavam ao treinamento físico, logo podiam tentar lidar com a ameaça que a chegada de Luke Skywalker representava. Kylo Ren havia despertado e durante a meditação sentiu a presença do antigo mestre, percebeu que em no máximo um dia o jedi estaria no planeta de Clom. Aquela percepção o preocupou e também o alarmou suficientemente para ir atrás de Rey para que pudessem elaborar um plano de recepção. Agora subiam as escadas da torre rumo ao segundo andar, no qual o amplo quarto que dividiam se localizava.

-Não temos de nos preocupar com Luke, devemos recebe-lo como um convidado... - Rey disse as palavras levemente alarmadas enquanto atravessavam a porta para o quarto - Ele é irmão da General Leia e ela é um membro da Federação, não podemos simplesmente ataca-lo.

Kylo Ren segurou então o pulso de Rey impedindo que ela começasse a caminhar pelo aposento. A garota de Jakku ficou surpresa com o toque firme do homem, muito dificilmente ele a segurava daquele modo, porém ela parou e encarou os olhos do Cavaleiro esperando que ele dissesse alguma coisa a respeito de Luke, porém sabia que Ren já havia concordado com o plano de recepção amigável ainda que cautelosa e queria de fato discutir outra questão.

-Rey - Começou Kylo com sua voz severa e a fitando de volta - Desde o momento em que nos tocamos pela primeira vez eu abandonei qualquer traço de violência, ódio ou abuso em relação a você...eu nunca fui abusivo de nenhuma forma durante isso que temos juntos.

-Eu sei disso Kylo - Garantiu Rey com a expressão mais suave agora.

-Mas eu juro que se assistir novamente Poe Dameron tocar no meu filho, ou seja, tocar na sua barriga irei esquarteja-lo e jogar a cabeça dele nos seus pés - A fala do homem ecoavam absolutamente firmes como em uma promessa e Rey arregalou os olhos com as palavras ameaçadoras contra Poe.

-Poe é um amigo, ele não é nada além disso - Rey rebateu com veemência - Ele apenas está sendo gentil comigo.

-Aparentemente ele pode fazer com você todas as coisas que eu não posso mais! - Kylo Ren agora falava alto, libertara o pulso de Rey e estava visivelmente zangado caminhando pelo cômodo mantendo os olhos em Rey  - O que mais tem feito com Dameron?

-Ele é um amigo, sabe disso! - Respondeu Rey agora também muito irritada e agora ofendida.

-Eu nunca posso toca-la Rey, eu não posso me aproximar de você ou do meu filho! - Kylo tinha a voz cheia de uma clara amargura e agora se aproximava da mulher - O que resta para que ele se torne o pai adotivo dessa criança?

-Você não é substituível - Assegurou Rey ainda incapaz de gritar com os olhos cheios de lágrimas e então se aproximou do homem - Não vá por esse caminho Ben.

-Não? - Questionou ele ainda com raiva, agora uma curta distancia os separava - Já estão dormindo juntos?

Rey imediatamente esbofeteou Kylo Ren. O gesto fora tão firme, tão rápido e tão forte que o Cavaleiro não viu chegando, bem como Rey não percebeu que seria essa sua resposta imediata a fala do homem; porém sentia-se com raiva. A raiva dentro dela não era aquela ocasionada pela criança e sim a indignação que pertencia a garota de Jakku que era incapaz de aceitar a injustiça daquelas palavras. Kylo Ren permaneceu com o face esquerda virada e tinha os olhos fechados e respirava profunda e lentamente na tentativa de controlar o ódio que crescia dentro dele. A escuridão tentando tomar o controle; Kylo Ren percebeu imediatamente que o ciúme também era um caminho para a escuridão e nos últimos dois meses guardara todos aqueles sentimentos dentro dele esperando uma oportunidade para serem libertados.