007- um rolê.

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Esperei dar até as 21:00 e fui discretamente até a rua de cima mas não tinha nada lá, não acredito que eu tava fazendo isso.

Quando eu me virei de costas um carro vermelho apareceu, o vidro  se abaixou e lá estava o Antony com um sorriso malicioso.

-Não acredito que vc topou mesmo isso .- ele disse quando eu entrei no carro.

-Deveria recusar? Pq ainda dá tempo de voltar atrás.- eu respondi e ele trancou o carro.

-Vamos.- ele disse e seguimos viagem.

Eu não sabia nem pra onde eu tava indo, só sabia o quanto tava difícil ver o Antony dirigindo aquele carro sem poder agarrar ele.

-Deixa eu botar uma música aqui vai.- eu disse e liguei o rádio.

-Não.- ele respondeu curto e grosso.

Não liguei, conectei o meu celular no carro e coloquei ' Amor de fim de noite' do Orochi.

Ele deu um riso.

-Que foi?.- perguntei estranhando.

-Nada, a música é boa.- ele disse virando seu olhar rapidamente pra mim e voltando para a rua.

-A música é incrível, vc vai viciar.- eu disse e ele sorriu.

-Eu não vicio em nada.- ele disse passando a marcha.

-É o que vamos ver.- disse baixinho, só pra mim escutar.

-Ei pra onde você tá me levando mesmo?.- perguntei e ele olhou pra mim.

-Quando chegarmos lá você vai ver.

- Nossos corpos sempre na conexão, nossos corpos sabem da nossa intenção. Cê' chegou bagunçando a mente toda, eu não consigo mais pensar em outra.

Cantalorei baixinho e ele não disse nada, apenas me encarou e depois voltou seu olhar pra rua.

Não sei se aquele olhar teve um impacto negativo ou positivo, só sei eu parei de cantar.

-Chegamos.- Ele disse parando o carro e eu olhei pela janela.

Era simplismente um prédio muito alto, e lindo, ele tinha toda uma estrutura preta com vidros escuros e provavelmente tinha uns 30 andares.

Ele deu a chave do carro pro moço da recepção enquanto eu admirava o prédio.

-Você vai ficar aí ou...?.- ele disse parando do meu lado e eu peguei ele pela mão e entramos no prédio.

-Aqui é incrível mas você me trouxe pra quê?uma reunião de negócios?.- disse e ele apenas me puxou pra dentro do elevador.

Lá dentro tinha um espelho, me virei e comecei a ajeitar o cabelo e analisando o vestido, quando eu desviei o olhar para o Antony que estava olhando através do espelho pra mim.

-Por que você é assim?.- eu perguntei pra ele sem desviar o olhar do espelho.

-Assim como?.- ele soltou um sorriso.

- Tão quieto, você tem cara de bravo.- eu disse e ele se aproximou de mim e me segurou pela cintura se posicionando atrás de mim.

-Por que você é assim?.- ele perguntou nos olhando pelo espelho.

Ele disse baixo no meu ouvido e toda minha pele arrepiou.

-Assim como?.- perguntei de volta.

A porta do elevador se abriu, revelando um restaurante no topo do prédio.

Nos viramos rapidamente fingindo que nada tinha acontecido e entramos no restaurante.

Sentamos numa mesa pra dois, e eu admirava cada canto daquele lugar.

-Uau, aqui é incrível.- disse com a boca entre aberta.

-Eu sei, é lindo. Pode falar que esse foi o melhor restaurante que já te levaram.- ele disse convencido e eu apenas fiquei quieta.

Para o Antony "ficar queito" era normal, mas pra uma pessoa como eu, aquilo era muito estranho.

-Eita, o que aconteceu? Eu disse alguma coisa?.- ele perguntou preucupado e eu sorri.

-Não, vc não disse nada. É que eu... Não saí com muito caras na minha vida.- Eu disse tentando disfarçar o fato que só namorei uma vez, e nessa uma vez fui corna pra minha melhor amiga.

-Nem em Londres?.- ele perguntou curioso.

-Não exatamente, quando eu estou em Londres é á trabalho, não vou com o foco de ter alguém. Mas recebo muitos convites.- disse tomando um gole do vinho que ele tinha pedido pra gente.

-Porque não aceita?- Ele perguntou curioso.

-Porque nenhum daqueles caras despertava algo em mim que me fizesse sair com eles. - Disse e juro que vi um sorriso crescer no rosto do Antony.

O garçom chegou e eu aproveitei que ele tava distraído pra reparar o quão lindo ele tava. Ele vestia uma calça preta com um cinto da Gucci e uma camisa preta de botão lisa. Seu primeiro botão tava aberto, revelando uma corrente prateada que ele estava usando e um parte de suas tatuagens.

Quando me peguei mordendo os lábios inconscientemente e rapidamente me ajeitei na cadeira e recuperei a postura.

Ele pediu uma sobremesa pra cada um já que estávamos cheios depois de tanta comida.

O tempo praticamente passava com ele, foi diferente do Medina, acho que foi diferente de qualquer encontro que eu já tive.

Sei que não deveria comparar, mas a minha cabeça fazia isso inconscientemente, e até agora só estava tendo bons resultados.

A armadura do Antony caiu totalmente comigo, ele era engraçado e divertido, um lado que eu ainda não conhecia dele, meu novo lado favorito.

O tipo de cara que parece totalmente marrento perto das pessoas mas quando você conhece de verdade vê que ele pode ser incrível.

-Acho que a gente tem que ir agora, são praticamente 00:00.- Falei e ele assentiu.

A gente levantou da mesa, ele foi pagar a conta no balcão e eu fui perto do vidro para admirar a vista. Lá era muito alto, o que dava uma vista interna do Rio De Janeiro a noite.

Ele parou atrás de mim e me puxou pra perto dele pela minha cintura, fazendo meu corpo todo estremecer. Apoiei uma das minhas mãos no vidro e ele beijou meu pescoço devagar.

-Antony, vamos.- eu disse num tom quase inaudível, mas ele ouviu e se distanciou com cuidado.

Segurei ele pelas mãos e entramos no elevador.

Chegamos no térrio e fomos pegar o carro.

Coloquei 'Starboy' do The Weeknd. O caminho inteiro a gente passou em silêncio, eu não tava aguentando isso, eu simplesmente não poderia ficar com o Antony, se meu irmão soubesse ele mataria nós dois, mas eu não tava aguentando ver ele assim.

Quando chegamos em casa o Antony parou na esquina.

-Obrigada, hoje foi ... Incrível.- eu disse ele sorriu.

-O melhor dos poucos encontros que você já teve?.- ele perguntou.

-O melhor!.- disse rindo e tirei o cinto.

Um silêncio se instalou sobre nós, eu não tirava os olhos dele e ele não tirava os olhos de mim.

Eu dizer que aquele olhar me apavorava é pouco, era tão intenso.

Chega, foda se o meu irmão.

Eu beijei ele num movimento rápido e ele retribuiu.

Ele segurava meu pescoço com firmeza e eu segurava seu rosto, nossas línguas se encontravam e meu coração acelerou. Que beijo..

O Gol Certeiro -Antony Santos.Onde histórias criam vida. Descubra agora