065.- Cardigan.

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Fazem 13 horas, 13 fucking horas   que tudo acabou, um amor que cresceu em meses foi embora em menos de 5 minutos, pelo menos para ele, porque para mim, nada foi em vão, nenhum dos meus sentimentos, nenhuma das lágrimas , nenhum dos beijos, nenhuma das noites que eu passei com ele. Passei o dia inteiro no quarto, afundada em livros, não queria parar de ler nem por um momento porque sabia que quando eu parasse para reparar na minha realidade eu choraria, e eu detesto me ver chorar. Ao mesmo tempo não conseguia parar de pensar em como seria diferente se o Neymar estivesse aqui, sem dúvidas mataria o Antony, passaria a tarde toda comigo aqui, não que a Bruna não fizesse isso, é que desde a hora que acordei não sai do quarto, e ela deve estar trabalhando.

Estava na minha cama, perdida em meus pensamentos , com um livro chamado estilhaça-me que eu estava lendo, quando o Lúcia entrou no meu quarto.

-Senhorita Alice, você tem visita.. è o Antony.- Pulei da cama , sem pensar por um segundo, passei pela Lúcia e desci as escadas na pressa. Ainda tinha esperança que ele viraria pra mim e dissesse que era tudo uma brincadeira, que ele me amava, que tudo aquilo foi coisa da minha cabeça.

No final da escada avistei o Antony sentado no sofá, olhando para o chão, com um pequeno frasco na sua mão. Meu coração acelerou, senti minhas mãos suarem, e eu engoli em seco, e bati na porta da sala, fazendo com que ele notasse minha presença.

O jeito.. o jeito que ele olhou pra mim, fez com que seus olhos brilhassem, mas não por muito tempo, ele desviou o olhar de mim e se levantou. Eu não parei de olhar pra ele, esperando que ele dissesse algo.

-Me desculpe por ontem a noite Alice, talvez eu não tenha feito aquilo do jeito certo..- Ele murmurou sem olhar nos meus olhos, e eu engoli em seco, sem entender o que estava acontecendo.- C-Como assim?.- perguntei.

-Não me entenda mal amor, mas eu vou direto ao ponto para não te machucar mais..-Ele disse finalmente olhando em meus olhos, pelo seu tom de voz e seu olhar o mostrava vulnerável, como se ele estivesse sendo totalmente sincero e verdadeiro comigo naquele momento, mas não pude deixar de sentir uma lágrima descer pelos meus olhos.

-Eu preciso deixar você ir Ana, sei que está acontecendo muita coisa com você, sei, mas não podemos mais ficar juntos.- Suplicou, olhando nos meus olhos.- Não é por mim, é por você, sempre foi por você, tudo que eu fiz, jamais pense ao contrário.- Ele disse com um toque de dor em seus olhos, seus dedos tocaram minha bucheca, eu estava tão perplexa com o que eu estava ouvindo que mal sentia seu toque,eu não podia engolir essa história.

-Por mim, Antony? É por mim que você me ligou ontem a noite e terminou tudo comigo em questão de segundos?.- Não falei com o intuito de acusá-lo, mas queria que ele pensasse pelo menos em como me senti.

- Sim, um dia você vai entender.- Suas palavras me quebraram por inteira, sabia que o amor que eu sentia por ele não seria algo que acabaria com um "É por você", a sua atitude não se apagaria da minha mente com um "Sempre será você". Não é porque ele disse que me ama que eu perdoaria e diria "ah, você terminou comigo sem me dar alguma explicação mas como você me ama, eu vou relevar isso e viver feliz".

-Não vem com esse papo, "um dia você vai entender ".- fiz aspas com meus dedos.- Até ontem você me amava , e hoje você vai terminar tudo sem me dar uma explicação descente? Você pensou em como eu iria lidar com isso?- Perguntei me aproximando do mesmo por pior impulso e a única coisa que ele fez foi ficar quieto.

Ele não estava dizendo absolutamente nada, como uma criança que comete um erro absurdo e quando é encurralada fica quieta porque não tem como negar, e é orgulhosa demais para pedir desculpas, eu estava falando com uma criança naquele momento.

Sua postura tava rígida e vulnerável ao mesmo tempo, seus olhos me mostravam arrependimento, diferente de suas palavras.

- Por quê..- balbuciei, sacudindo levemente a cabeça de um lado para o outro, engolindo todas as minhas lágrimas, e limpando as teimosas que se derramavam sobre minhas buchecas.

Ele só passou por mim, sem pressa e eu me virei automaticamente.

-Você está indo embora assim?- Por mais que eu quisesse gritar, e colocar tudo para fora, toda a minha raiva e tristeza, sabia que me arrependeria disso depois, sentia que ele não me ouviria.

-Esse líquido aí encima.- Ele apontou para o frasco encima da mesa que ele segurava quando chegou.- Beba ele. É tudo que eu te peço,  Ana Alice Santos.- ouvir meu nome inteiro da sua boca antes de dava borboletas, agora me deixa chateada, como alguém poderia ser tão frio?

-Porque eu deveria? Porque eu beberia isso, Antony Santos?, Ou melhor, porque eu seguiria  uma ordem de alguém que literalmente terminou comigo por uma ligação, e agora está aqui, fazendo o favor de fazer isso pessoalmente, de me dizer coisas lindas que na sua cabeça vai me confortar e depois sair daqui como se nada tivesse acontecido?.- minhas palavras eram raivosas, mas sabia que meus olhos o imploravam para ele  voltar, e me beijar, com força, falar que nada daquilo era real.

-Não é uma ordem, eu estou te implorando Ana..

Fiquei quieta, mas não porque eu quis, mas porque eu realmente não sabia o que dizer

- Não olha assim pra mim, não duvide dos meus sentimentos quando eu passar por essa porta, juro que te amo, como jamais amei alguma outra mulher, abriria mão de um mundo por você. Desde que aquele elevador se abriu, você nunca mais saiu da minha cabeça,e eu me odeio por estar te quebrando assim, espero que algum dia você me perdoe.

Foi isso, ele foi embora.

Fiquei paralisada, analisando aquela porta que até ontem era a que eu cruzava quase todas as madrugadas para entrar em um carro vermelho, em que seu portador havia quebrado meu coração no meio, mas que na época, estava o conquistando aos poucos. A adrenalina, o brilho que aparecia nos olhos profundos do Antony quando eu entrava no carro e ele me olhava de cima a baixo.


FIM.

O Gol Certeiro -Antony Santos.Onde histórias criam vida. Descubra agora